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Metalúrgicas da CUT aprovam propostas a serem apresentas no 9º Congresso da categoria

Conferência encerrada nesta segunda (13) definiu ações para capacitar e ampliar participação feminina em espaços de decisão.

Publicado: 13 Abril, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Roberto Parizotti
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Conferência reuniu 122 metalúrgicas de todo o país

A 3ª Conferência Nacional das Mulheres Metalúrgicas da CUT terminou na manhã desta segunda-feira (13) com a plenária de aprovação das propostas de resoluções a serem apresentadas no 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT, que começa nesta terça-feira (14) e termina na sexta (17), em Guarulhos (SP). Entre as principais propostas aprovadas pelas 122 participantes estão a retomada do curso de capacitação de mulheres metalúrgicas, garantir a participação das mulheres nas mesas de negociação e incentivar as federações que nas campanhas salariais as pautas de reivindicações tenham cláusulas que garantam no mínimo 30% de mulheres na contratação, sem limitação de idade máxima.

A Conferência e o Congresso são organizados pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), assim como duas outras atividades: os Seminários Internacionais "Ação Global em Defesa do Trabalho Decente na Indústria" e "Impactos do Racismo no Mundo do trabalho", que acontecem, respectivamente, na tarde desta segunda-feira (13) e na manhã do dia 14.

Crédito: Roberto Parizotti
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Presidentas das CUTs Estaduais compartilham suas experiências e desafios

O primeiro painel da Conferência de Mulheres, que começou neste domingo (12), contou com a participação das presidentes das CUTs estaduais de Minas Gerais, Paraná, Ceará e Goiás, que contaram suas trajetórias no meio sindical e discutiram a participação feminina em espaços de decisão.

A presidente da CUT Goiás, Maria Euzébia de Lima, criticou a mídia brasileira pelos sucessivos ataques à presidente Dilma Rousseff.  “Mentiras são ditas diariamente por uma mídia golpista, por uma direita golpista que não aceita, até hoje, o resultado das urnas e a democracia brasileira. A presidenta Dilma e é uma referência para todas nós”, disse a sindicalista, que é pedagoga e especialista em educação brasileira pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Já Regina Perpétua Cruz, presidente da CUT Paraná, é a primeira mulher a dirigir um sindicato de trabalhadores vigilantes e lembrou de sua trajetória e do preconceito que enfrenta até hoje. “Os homens do meu sindicato falaram que eu não iria ficar um mês na direção. Infelizmente, a cultura brasileira é machista e no movimento sindical é ainda maior. Comecei a participar do coletivo de mulheres da CUT, que garantiu a paridade dentro da direção da nossa Central, para aprender e ter propriedade nos meus argumentos”, contou a trabalhadora, que está em seu primeiro mandato como presidente da CUT Paraná. 

Joana D’arc Barbosa Almeida também destacou o trabalho do coletivo de mulheres da Central que, segundo ela, foi uma importante ferramenta para chegar à presidência da CUT Ceará. “Não cheguei à presidência de um dia para o outro. Foi um processo que começou com os debates dentro do coletivo. As mulheres precisam utilizar mais este espaço, que auxilia o fortalecimento das mulheres no meio sindical e político”, afirmou. “Hoje, sinto-me privilegiada, não por estar na presidência de uma CUT, mas sim por fazer parte do movimento sindical”, disse, emocionada.

Em sua intervenção, a professora Beatriz Cerqueira contou a experiência de ser a primeira mulher a ocupar a presidência da CUT Minas Geral e elogiou o envolvimento político das metalúrgicas. “O movimento sindical exige mais da mulher e não apenas como dirigente, mas também como mãe e esposa. Precisamos trabalhar dobrado para mostrar que somos capazes de ocupar os espaços de decisão e poder. Temos que colocar na mesa que queremos a presidência, a secretaria geral e em outras secretarias que não seja apenas na política de mulheres. Esta Conferência é importante na luta para construir a paridade no movimento sindical e político. Vocês, metalúrgicas, são exemplos para todas as trabalhadoras, porque são politizadas e determinadas”, finalizou.

Crédito: Roberto Parizotti
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Mesa de abertura reafirmou importância da presença da mulher nos espaços de decisão

Abertura
A mesa de abertura da Conferência teve a participação da secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, da vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, da secretária nacional de Mulheres da CUT, Rosane Silva, do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres e da secretária de Mulher da CNM/CUT, Marli Melo.

A secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, lembrou  do Projeto de Lei 4330. “Com a aprovação do PL 4330, a prática da terceirização passa a ser legitimada e incentivada, e as mulheres são as mais atingidas por essas formas de contratação, em especial as mulheres negras. Precisamos garantir que os 12 milhões de terceirizados avancem em direitos e garantias e que os demais 43 milhões de trabalhadores que têm contratação direta não sofram os prejuízos da terceirização ilimitada”, afirmou a dirigente. 

Para completar, a vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, fez uma análise da conjuntura atual na indústria e desafiou as dirigentes a construírem uma estratégia de luta que inclua todas as trabalhadoras. “Estamos passando por dificuldades na indústria e em todos os setores. E para piorar, o PL 4330 está sendo aprovado. Vocês, metalúrgicas, precisam de um plano de lutas para enfrentar este momento delicado na história do trabalhador. Esse enfrentamento deve ser baseado na unidade, no consenso, na consciência de que temos desafios de ordem maior que precisam ser enfrentados em conjunto", pontuou a dirigente.

Já a secretária nacional de Mulheres da CUT, Rosane Silva, parabenizou as metalúrgicas pelo crescimento da participação das mulheres no 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT. “Estou muito feliz com a quantidade de mulheres que vão participar do Congresso da categoria. Vocês cumpriram a cota dos 30% de participação feminina e o próximo passo é a paridade, tanto na participação de fóruns de deliberação como também nas direções”, disse. “Não queremos tirar o espaço de nenhum homem, mas sim dividir os espaços de decisão. A luta pela igualdade de gênero não pode ser só da mulher, mas de toda sociedade”, completou.

Em sua intervenção, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, enalteceu as conquistas das metalúrgicas nos últimos anos e a participação das mulheres nas direções dos sindicatos e federações. “As mulheres metalúrgicas estão preparadas para a paridade na CUT. Vocês têm voz própria e não precisam de nenhum homem para lutar por seus direitos e melhores condições de trabalho. Nunca na história deste país, as metalúrgicas estiveram tão preparadas e ocupando cargos de decisão. Em um ambiente predominantemente masculino, vocês, companheiras, são exemplos pela determinação, capacidade e força”, elogiou.

Para finalizar a primeira mesa, a secretária de Mulher da CNM/CUT, Marli Melo, criticou os ataques que estão sendo desferidos contra a presidenta Dilma Rousseff e a democracia. “Não se trata apenas de um debate político. Nós, da CNM e da CUT, temos lado e vamos defender a presidenta Dilma Rousseff contra os ataques infundados contra ela e a democracia em nosso país. Nós a defendemos, mas também vamos para a luta e colocar na mesa nossa pauta de reivindicações”, disse.

Perfil da dirigente metalúrgica
Ainda no primeiro dia de discussões, a técnica da Subseção do Dieese na CNM/CUT, Cristiane Ganaka, apresentou um breve perfil das dirigentes metalúrgicas da CUT.

O estudo destaca a porcentagem de ocupação dos cargos nas direções sindicais. Atualmente, 65,6% ocupam cargos na diretoria executiva, geral ou tesouraria e 41,1% delas estão na sua primeira gestão. Apesar da participação, 54,4% das dirigentes metalúrgicas encontram dificuldades para atuar no sindicato e 33,3% relacionam esta dificuldade por conta do acúmulo de funções.

O estudo ainda mostra que 62,2% das dirigentes são negras e 37,8% não-negras. As dirigentes são maioria no setor eletroeletrônico (41,2%), automotivo (38,8%) e siderúrgico (16,5%). Foram entrevistadas cerca de 90 dirigentes nos sindicatos e federações.

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de imprensa da CNM/CUT)