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Metalúrgicas do ES acirram disputa por grandes projetos

Publicado: 15 Setembro, 2005 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As pequenas e médias empresas metalúrgicas do Espírito Santo vão acirrar a disputa pela rico filão constituído pelas encomendas de equipamentos para as grandes empresas dos setor minero-siderúrgico, como a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a Samarco e a Vale do Rio Doce, instaladas no Estado. Hoje, a indústria capixaba fica com, no máximo, 10% dessas encomendas e a meta é subir para 30% em três anos e para 50% em cinco anos. Para atingir esses objetivos foi montado, pelo governo estadual, um programa que começa pela atração de escritórios de empresas de tecnologia que são, em geral, responsáveis pelas encomendas dos equipamentos.

Além do atendimento à demanda local, o objetivo do programa é capacitar a indústria capixaba a disputar o mercado geral de encomendas para o setor minero-siderúrgico, avaliado pelos formuladores do programa em US$ 30 bilhões para os próximos anos, sendo US$ 20 bilhões em siderurgia e US$ 10 bilhões em mineração. Um levantamento feito, com a colaboração da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), identificou 26 empresas capixabas habilitadas a participarem imediatamente do projeto.

Segundo as projeções feitas pela empresa mineira Finance Consultoria e Gestão de Empresas, o programa vai gerar mil empregos na indústria capixaba já em 2006, mais 2,5 mil em 2007 e 3,5 mil em 2008, totalizando 8 mil empregos em três anos. O primeiro passo já está concretizado: as multinacionais Voest-Alpine (Áustria), Paul Wurth (Luxemburgo) e Ferrostaal (Alemanha), do consórcio que está construindo o alto-forno nº 3 da CST, já abriram escritórios no Estado. Outras duas, a Outokumpu, da Finlândia, e a francesa Alstom estão em negociando.

Essas empresas são todas grandes fabricantes de bens de capital sob encomenda, mas, em geral, fazem aqui o papel de gerenciadoras das obras. Elas contratam no mercado local aquilo que é possível e importam, geralmente das matrizes, aqueles equipamentos mais sofisticados ou que precisam ser importados por força de contratos de financiamento. Todas elas estão hoje instaladas em Belo Horizonte, de onde atendem a indústria mineira e de outros Estados.

Segundo José Miranda, diretor da Finance, o fornecimento de equipamentos minero-siderúrgicos pela indústria mineira era incipiente há sete anos, quando o Estado iniciou um programa semelhante. Hoje, de acordo com Miranda, ela fornece de 80% a 100% dos componentes, dependendo do equipamento. O Espírito Santo quer, além de fabricar, fazer do porto de Vitória a porta de entrada dos equipamentos importados.

Para isso, foi criado um incentivo fiscal que, de acordo com o consultor, consiste em postergar o pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 17% na importação do componente e compensação na venda do equipamento final, onde a alíquota do ICMS é, no máximo, 12%, caso a venda seja para outro Estado, ou de 8,8% para clientes do Espírito Santos. 'Temos logística, temos demanda e queremos nos transformar em um pólo de engenharia e de compras de produtos minero-siderúrgicos', disse o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Julio Bueno.

O diretor-executivo da Voast-Alpine no Brasil, Norbert Petermaier disse que 'os incentivos fiscais não são tantos' e que a empresa está indo para o Espírito Santo atraída 'pelos projetos que estão lá', tendo como ponto de partida o contrato com a CST. 'Não vejo nada parecido com guerra fiscal', ponderou.

Além da expansão da CST, estão em andamento no Estado, em diversas fases de contratação ou execução, outros grandes empreendimento no setor, como a construção de uma nova unidade de pelotização da Samarco (US$ 500 milhões) e várias obras da Vale do Rio Doce que só neste ano irão consumir R$ 1 bilhão.

O gerente de marketing e processos na área de altos-fornos da Paul Wurth no Brasil, Mário Cunha, disse que a expectativa das empresas é de que essas obras irão se multiplicar, permitindo a criação de um pólo industrial. A Outokumpu está de olho nessa mesma perspectiva e também nos incentivos fiscais oferecidos.

Fonte: Valor