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Metalúrgicos da CUT repudiam ação do governo Temer contra política de conteúdo local

Petrobras quer impedir participação de empresas brasileiras em licitação. Em nota oficial, Confederação reafirma posição em defesa de empregos e indústria nacional.

Publicado: 10 Fevereiro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Nota Oficial:

Metalúrgicos da CUT repudiam ação do governo Temer contra política de conteúdo local em licitações da Petrobras

 
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A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT repudia com veemência a postura da direção da Petrobras, de dar as costas para o trabalhador brasileiro e para a indústria nacional, ao insistir em entregar a construção de plataformas e navios ao capital estrangeiro.

A defesa do emprego e de políticas de Estado que assegurem uma indústria forte sempre foram duas reivindicações desta Confederação e de seus Sindicatos e Federações.

Por isso, apoiamos – como interessados no processo – a ação movida pelo Sindicato da Indústria Naval (Sinaval) na Justiça do Rio de Janeiro, que, em caráter liminar, suspendeu a licitação da Petrobras para a construção de plataformas (FPSOs) para os campos de Libra e Sépia, do Pré-Sal.

A licitação impede que empresas brasileiras concorram, numa clara tentativa de barrar o conteúdo nacional, desmontar o segmento e acabar com os empregos na cadeia produtiva da indústria naval.

Assim, questionamos também as declarações do presidente da Petrobras, Pedro Parente, de que a liminar está causando prejuízos à empresa. Para nós, quem está causando prejuízos à economia e ao desenvolvimento brasileiro é essa política da estatal e do governo de preterir a indústria nacional.

Vamos insistir e continuar lutando em defesa dos trabalhadores e suas famílias, porque já foi provado que medidas como a exigência do conteúdo local – adotadas pelos governos Lula e Dilma – revigoraram vários segmentos industriais.

Foi durante o período entre 2003 e 2014 que a indústria naval brasileira renasceu e ganhou enorme vigor, gerando milhares de postos de trabalho e promovendo o desenvolvimento regional.

Mas, infelizmente, não é isso o que pensam os golpistas que tomaram o governo no Brasil. A atual política da Petrobras é o exemplo mais claro de que Temer e seu grupo querem entregar para o capital internacional não apenas o patrimônio, mas também os empregos dos brasileiros.

O resultado tem sido desastroso para o crescimento industrial nacional e para as diversas regiões do país onde o segmento naval se desenvolveu e onde há trabalhadores altamente qualificados.

De acordo com o Sinaval, o número total de empregos na cadeia produtiva do segmento saltou de pouco mais de 10 mil em 2002, para 90 mil em 2014. E desde o golpe, está em franca redução, causando desemprego e destroçando economias locais e estaduais onde a indústria naval é preponderante, como em Niterói e Angra dos Reis (RJ), em Rio Grande (RS) e nos estados de Pernambuco, Espírito Santo e Amazonas.

Segundo relatos dos Sindicatos de Metalúrgicos, a situação está beirando o caos: em Niterói, hoje restam pouco mais de 2 mil trabalhadores (no auge da produção, havia 20 mil empregos diretos e indiretos); em Angra, dos 24 mil trabalhadores diretos e indiretos, hoje há apenas 3 mil; em Rio Grande, restam 2.500 trabalhadores de um total de quase 24 mil; em Pernambuco, de 12 mil restaram 3.500 metalúrgicos. Em bases onde o segmento naval é menor, como Espírito Santo e Amazonas, a redução foi de 30% no total de empregos.

Ainda de acordo com as entidades, o impacto das demissões acaba afetando seriamente outros setores das economias locais e regionais, como comércio, gerando mais desemprego e queda na arrecadação e na qualidade dos serviços públicos.

Isso tudo mostra que o desmonte da política de exigência de conteúdo nacional vai na contramão da história, antiga e recente, dos principais países, que sempre protegeram os seus setores produtivos, como forma de garantir produção, inovação, domínio tecnológico, desenvolvimento industrial e empregos de qualidade.

É preciso por fim a essa política suicida e destruidora que está em curso e que não se restringe apenas à Petrobras e à sua cadeia de fornecedores. Certamente essa mesma política será usada também em segmentos como o automotivo, químico e farmacêutico, nuclear, indústria de defesa, construção civil e outros.

Portanto, a CNM/CUT repudia essa tentativa golpista de destruição da indústria nacional, que tem o seu mais recente lance no ataque ao BNDES, aos Fundos de Pensão e aos Bancos Públicos importantes financiadores da política nacional de desenvolvimento.

Paulo Cayres
Presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

• Leia também a nota oficial do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói (clique aqui)

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)