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Metalúrgicos de Niterói (RJ) vão à Alerj pedir retomada do segmento naval

Publicado: 10 Abril, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Willian Chaves
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Audiência públkica aconteceu na manhã desta segunda-feira

Os Metalúrgicos do Rio de Janeiro participaram de audiência pública, na manhã desta segunda-feira (10), promovida pelas Comissões de Economia, Indústria e Comércio e de Trabalho da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em pauta, a “Retomada dos Empregos e do Conteúdo Local na Indústria Naval, Offshore e Petróleo. Cerca de 10 ações foram definidas para os próximos meses como agenda de trabalho entre sindicalistas, empresários e deputados estaduais.

O setor naval chegou a empregar 82 mil trabalhadores diretos e mais de 780 mil indiretos até o segundo semestre de 2014. Atualmente, o número se reduz a pouco mais de 30 mil vagas ocupadas. O Rio de Janeiro foi o Estado que mais perdeu postos de trabalho, aproximadamente 25 mil. Niterói, Angra dos Reis e a capital estão entre os municípios mais prejudicados. A audiência foi presidida pelo deputado Waldeck Carneiro (PT) e teve a participação do deputado Paulo Ramos (PSOL).

Esses números levaram os trabalhadores a pedirem o apoio dos deputados. Um grupo de trabalho formado pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), o Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, o Sindicato Nacional da Indústria e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), além dos Sindicatos do Rio de Janeiro e Angra dos Reis tomou a iniciativa de montar uma agenda positiva para tentar alavancar o setor novamente no Estado.

O secretário de Administração e Finanças da CNM/CUT e presidente do Sindicato de Niterói, Edson Rocha, ressaltou a situação de decadência social que vive os metalúrgicos da região. “Muitos trabalhadores não puderam vir até à Alerj por que não têm, sequer, o dinheiro da passagem. Temos que expulsar os maus empresários do Brasil. O que fizeram com os metalúrgicos de Niterói é um crime”, disse Rocha lembrando as demissões do Estaleiro Eisa Petro Um que colocou na rua três mil trabalhadores sem quitar as verbas trabalhistas.

O secretário geral e vice-presidente do Sindicato, Luiz Claudio Bittencourt, também relembrou o fato. “Em Niterói fomos assaltados. Roubaram nossos empregos. Estamos vendo companheiros morrerem. Mas não vamos desistir de lutar”, garantiu Bittencourt.

A prefeitura de Niterói também foi alvo de cobranças por não ter enviado um representante para a audiência. “Me deixa muito triste ver que a prefeitura de Niterói não enviou nenhum representante. Uma cidade onde 80% dos empregos foram extintos”, reclamou Edson.

As críticas a Pedro Parente na condução da Petrobras foram contundentes durante todo o debate. Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval, alertou que o presidente da estatal mente quando afirma que construir embarcações no Brasil é mais caro que no exterior. “O presidente usa de mentiras. Qualquer país deve ter o conteúdo local para não depender do mercado estrangeiro. Eu não sei de onde a Petrobras tirou que fazer navios no Brasil custa 40% mais caro que na Ásia. A diferença dos nossos preços para os asiáticos está entre 3% e 4%. Mas, aqui geramos empregos e pagamos impostos”, afirmou.

O combate ao “waiver” que a Petrobras tenta praticar também foi ponto central dos debates. Com a iniciativa, a estatal fica desobrigada de aplicar investimentos em conteúdo local e liberada para construir embarcações fora do país. “O “waiver” pode significar o fim da indústria naval”, completou Ariovaldo Rocha.

O deputado Waldeck Carneiro (PT) criticou a retirada dos investimentos. “Precisamos combater a retirada de qualquer direito e investimentos. Vamos trazer esse debate para o plenário da Casa e discutir com todos os deputados o waiver. O momento exige mobilização”, afirmou o deputado.

Os prefeitos de Angra dos Reis, Fernando Jordão (PMDB) e de Rio Claro, José Osmar de Almeida, ambos da Costa Verder, também se colocaram à disposição para lutar ao lado dos trabalhadores. “Eu vou para as ruas com os trabalhadores. Está faltando no país não só o Conteúdo Nacional, falta também mais Conversa Nacional pra resolver as coisas. Vamos levar as nossas demandas ao presidente Michel Temer”, finalizou Jordão.

As propostas aprovadas são:

- As Comissões da Alerj ficam responsáveis pela interlocução dos trabalhadores e empresários com a bancada de deputados federais do Rio;

- A Alerj irá solicitar, em caráter oficial, um audiência urgente com o presidente da Petrobras, Pedro Parente;

- O deputado Waldeck Carneiro vai solicitar uma reunião com o Desembargador Fernando Antônio Zorzenon da Silva, presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para tratar dos passivos trabalhistas devidos pelas empresas aos trabalhadores demitidos;

- Serão realizadas, até o fim do mês de maio, três audiências públicas no interior do Estado para tratar do assunto, sendo os locais: um município do Conleste (a definir), Angra dos Reis (Costa Verde) e um município do Norte Fluminense;

- Discussão no plenário da Alerj sobre saídas para o setor naval como a cambotagem e fim do waiver;

- Reativação da CPI da Petrobras na Alerj com foco no Conteúdo Local;

- Mobilização para o dia 18/04, às 09h, em frente ao prédio da ANP no centro do Rio (dia em que a agência irá decidir sobre o pedido de waiver pela Petrobras).

(Fonte: William Chaves, assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói)