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Metalúrgicos avaliam cogestão como instrumento de defesa dos trabalhadores

Assunto foi abordado em painel da 3ª Conferência Expressões da Globalização, que reuniu representantes de trabalhadores nos conselhos administrativos de multinacionais alemãs.

Publicado: 13 Novembro, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 
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A cogestão como instrumento de intervenção para a defesa dos interesses dos trabalhadores foi o tema do terceiro painel desta quinta-feira (13) da 3ª Conferência Expressões da Globalização. O encontro, que reúne cerca de 200 metalúrgicos (as) do Brasil e da Alemanha, vai até amanhã (14), em Guarulhos (SP).

A Conferência,  que tem como tema “Trabalhadores (as) frente à Crise Econômica, Política e Social - cinco anos depois", é uma realização da Fundação Hans Böckler (FHB), organizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em parceria com o Instituto Integrar e o IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha).

Para debater o assunto, estiveram presentes o diretor da CNM/CUT e membro do Conselho Administrativo da Daimler, Valter Sanches, o diretor da FHB, Martin Behrens, e o representante alemão da Comissão de Fábrica da Vallourec, Karl-Heinz Schmidt. A secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane dos Santos, foi a mediadora do painel.

Na Alemanha, as empresas são submetidas à Lei de Cogestão, que prevê a participação dos trabalhadores em seus conselhos administrativos. A cogestão é, na avaliação dos sindicalistas, um meio de representação e defesa dos interesses da base.

“A cogestão é importante, mas não substitui a solidariedade entre trabalhadores de diversos países e a ação sindical no chão de fábrica. É um espaço importante para nós, trabalhadores. Tive a oportunidade, por exemplo, de negociar com a direção mundial da Daimler projetos para a fábrica de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Com muita conversa e apoio dos trabalhadores alemães, a empresa decidiu que não fecharia a planta do Brasil”, disse Sanches, único sindicalista brasileiro que faz parte do Conselho Administrativo da Daimler, na Alemanha (aliás, ele é o único representante não-alemão nesse Conselho). Ele também integra a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Crédito: Roberto Parizotti
A partir da esq., Sanches, A partir da esq., Sanches,
A partir da esq., Valter Sanches, Martin Behrens, Karl-Heinz e Christiane dos Santos

A participação destes representantes nos conselhos administrativos das multinacionais é remunerada por um bônus anual. Todos os representantes dos trabalhadores repassam o valor que recebem para a Fundação Hans-Böckler, que promove formação sindical e atividades de interesse dos trabalhadores, como esta Conferência.

Além de valorizar e incentivar a participação do trabalhador, a cogestão também traz resultados economicamente positivos para as empresas. Segundo uma pesquisa da Fundação, com mais de mil empresas, em quase 100% dos casos as corporações acabam lucrando mais. “A partir dos Conselhos e da comissão de fábrica, os trabalhadores se organizaram melhor, produziram mais e não perderam qualidade de vida. Qual empresa não iria querer lucrar e ter trabalhadores felizes no ambiente de trabalho?”, indagou Martin Behrens.

Já Karl-Heinz Schmidt, da Comissão de Fábrica e do Conselho Administrativo da Vallourec, finalizou a apresentação reafirmando a importância do diálogo entre os trabalhadores em multinacionais em diversas partes do mundo. Isso porque, de acordo com ele, a empresa não repassa informações de outras plantas instaladas em outros países. “Através de muita luta, conseguimos informações da planta nos EUA, que está querendo retirar a representação sindical de dentro da fábrica. Nós, da comissão europeia, não concordamos com esta prática antissindical e vamos lutar por uma Comissão de Fábrica na planta norte-americana”, afirmou. “E, hoje, queremos trocar mais experiências e estreitar os laços com os brasileiros que trabalham na Vallourec”, completou, enfatizando a importância de eventos como essa Conferência e das redes sindicais de trabalhadores em multinacionais. 


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(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)