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Metalúrgicos em greve da BSH invadem ministério

Publicado: 27 Abril, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Representação da Fazenda em São Paulo é tomada por manifestantes em protesto contra fechamento de fábrica

Metalúrgicos em greve da BSH Continental invadiram ontem o prédio do Ministério da Fazenda em São Paulo para protestar contra o fechamento da fábrica de fogões da empresa no bairro da Mooca, zona leste da capital paulista, que deverá resultar em 1.600 demissões. Cerca de 800 trabalhadores foram em passeata da sede da empresa até o ministério, no centro da cidade, e invadiram o saguão do prédio, depois de impedirem o fechamento das portas de aço.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e Região, Eleno Bezerra, que comandou a manifestação, solicitou uma audiência com a superintendência e foi recebido por Antonio Carlos da Silva, substituto da gerência regional da administração do Ministério da Fazenda em São Paulo. O Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) foi chamado para retirar os trabalhadores, mas a intervenção de Silva impediu um possível confronto.

Não é a primeira vez que metalúrgicos da Força Sindical invadem o prédio, e nem sempre o desfecho é tão tranqüilo.

Numa delas, em 1996, o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, levou um soco no nariz e teve de se submeter a várias cirurgias corretivas. Na época, os trabalhadores protestavam contra o fechamento da Metalúrgica Sofunge, que levou à demissão aproximadamente 2 mil pessoas. Houve confronto com a PM e um dos soldados atingiu Paulinho.

'A tropa de choque foi lá e queria tirar a gente na porrada, mas não recuamos', afirmou Bezerra, depois de ter deixado o prédio da Fazenda. Ele contou que o objetivo da manifestação foi chamar a atenção para o problema da importação de produtos chineses, que está 'quebrando' a indústria nacional.

'Um dos motivos do fechamento da unidade da Continental em São Paulo é a concorrência desleal dos produtos chineses, que entram indiscriminadamente no País', afirmou o sindicalista. 'Um número crescente de empresas está importando produtos da China, que são carimbados com marca própria e vendidos como se tivessem sido fabricados no Brasil.'

Os manifestantes não saíram de mãos totalmente vazias. O representante do Ministério da Fazenda em São Paulo intermediou contato telefônico entre o presidente do sindicato e a equipe do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Ficou acertado que Bezerra será recebido pelo ministro na próxima quinta-feira, em Brasília.

Os sindicalistas já definiram que a próxima manifestação pública será em frente ao Consulado da Alemanha, em data a ser definida. A BSH Continental pertence ao grupo alemão Bosch/Siemens.

Os trabalhadores estão em greve desde terça-feira, depois que a empresa anunciou o fechamento da fábrica da Mooca e a transferência da produção de fogões para a unidade de Hortolândia, no interior do Estado.

Segundo a BSH, a decisão foi tomada por causa das condições físicas existentes hoje no prédio da Mooca, que impõem limitações de crescimento e também de logística. Na unidade de Hortolândia, a BSH fabrica refrigeradores. O objetivo da empresa é potencializar os negócios por meio da sinergia das fábricas, ganhando competitividade no segmento.

A paralisação afeta os negócios da empresa, já que o processo de transferência da produção para o interior levará cerca de seis meses, com previsão de início em outubro deste ano e conclusão em abril de 2008. A produção da fábrica da Mooca é de 5 mil fogões por dia.

Apesar da mobilização dos trabalhadores, o impasse entre a BSH e o sindicato continua. A empresa ofereceu indenização de 80% do salário por ano trabalhado (limitada a um teto de R$ 8 mil) e seis meses de convênio médico e de cesta básica.

Os trabalhadores reivindicam dois salários nominais por ano trabalhado, sem teto, e um ano de cesta básica e de convênio médico. Querem ainda curso de requalificação profissional e garantia de emprego para os portadores de doenças profissionais ou lesões por acidentes de trabalho ocorridos na empresa.

'A empresa tem uma responsabilidade social, não pode simplesmente fechar as portas, dispensar mais de 1.600 trabalhadores e deixar tantas famílias desamparadas', afirmou o presidente do sindicato.

Fonte: O Estado de S.Paulo