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Metalúrgicos na Alemanha e Brasil apresentam desafios sociais e na indústria de seus países

Em Frankfurt, trabalhadores dão início à 4ª Conferência de Expressões da Globalização, que tem o objetivo de debater alternativas para fortalecer o movimento sindical e a indústria de seus países.

Publicado: 22 Junho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: CNM/CUT
Conferência reúne 80 metalúrgicos do Brasil e Alemanha, em FrankfurtConferência reúne 80 metalúrgicos do Brasil e Alemanha, em Frankfurt
Conferência reúne 80 metalúrgicos do Brasil e Alemanha, em Frankfurt

Frankfurt - Começou nesta quarta-feira (21) a 4ª Conferência Expressões da Globalização que tem como tema “Juntos Pensando o Futuro”.  O evento, que acontece em Frankfurt, reúne 80 trabalhadores da Alemanha e do Brasil com o objetivo de trocar experiências e debater em conjunto alternativas para o fortalecimento do movimento sindical e da indústria nos dois países.

A Conferência é uma realização da Fundação Hans Böckler (FHB), organizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em parceria com o Instituto Integrar e o IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha).

Para debater a situação política, econômica e industrial dos dois países foram convidados Wolfgang Lemb, representante da Comissão de Economia, Tecnologia e Trabalho do IG Metall, e Valter Sanches, secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT e membro do Conselho de Administração da Daimler.

Lemb abriu a discussão abordando a terceirização. Assim como no Brasil, este problema também é recorrente na Alemanha. Segundo ele, só através da luta do Sindicato foi possível conquistar legalmente direitos mínimos de trabalho para os terceirizados. “Com o intuito de limitar a contratação de terceiros, recentemente foi aprovada uma lei estabelecendo que os contratos deles podem ter até 18 meses. Depois desse período eles devem ser efetivados; caso contrário, a empresa terá uma punição severa do Estado. Além disso, eles não podem ser utilizados para enfraquecer as greves nas empresas”, explicou.

Crédito: CNM/CUT
LembLemb
Lemb apresentou os problemas sociais da Alemanha


Durante sua intervenção, o dirigente alemão falou do desafio de receber os refugiados na Europa e, principalmente, em seu país que só em 2015 recebeu mais de 1 milhão de pessoas. De acordo com ele, o tema é preocupante já que só 2015 foram contabilizados 1.031 ataques contra os refugiados, 283 manifestações contra a aceitação deles na Alemanha e 126 incêndios criminosos em abrigos que recebem estas pessoas.

“Temos a compreensão de que precisamos oferecer uma terra para essas pessoas. O IG Metall tem como um dos objetivos integrar estas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho, mas nos defrontamos com uma onda conservadora da sociedade alemã. Por exemplo, os empregadores querem utilizar a mão de obra dos refugiados, mas diminuindo o salário mínimo deles. Nossa responsabilidade enqunato Sindicato é que a contratação seja formal para esta nova mão de obra, garantindo o direito à livre circulação, além de cursos de formação de língua e cultura alemã”, assinalou.

No Brasil
A poucos dias da votação no Senado para a conclusão do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Sanches fez uma análise do atual momento político no Brasil e criticou o governo interino golpista. “Além de tomar a presidência do Brasil através de um golpe, este governo golpista implantou uma série de medidas que levam ao retrocesso dos direitos dos trabalhadores e de toda a sociedade. Tudo que avançamos nos últimos 13 anos está sendo destruído por conservadores que não admitem as conquistas importantes de inclusão social dos governos de Lula e Dilma”, afirmou. 

Crédito: CNM/CUT
Sanches fez uma análise sobre a atual situação política brasileiraSanches fez uma análise sobre a atual situação política brasileira
Sanches fez uma análise sobre a atual situação política brasileira

Além disso, o sindicalista brasileiro também agradeceu a solidariedade internacional contra a consolidação do golpe no Brasil. “Todos os fóruns sindicais que participamos são contra o golpe no Brasil. Os trabalhadores no mundo estão compreendendo a atual situação da política no país, já que conquistamos o protagonismo na política externa”, afirmou.

Em relação à questão econômica, Sanches enfatizou as conquistas trabalhistas por meio dos governos do Partido dos Trabalhadores. “O país teve seu crescimento econômico e social a partir do governo de Lula e depois o da presidenta Dilma. Ao longo desses 13 anos conquistamos mais de 42% de aumento real nos salários dos metalúrgicos, mais de 12 milhões de brasileiros entraram nas universidades e 40 milhões de pessoas saíram da pobreza. A inclusão de pessoas refletiu diretamente no crescimento da economia brasileira”, explicou.

Parceria
Na abertura do evento, o representante da Fundação Hans Böckler, Martin Behrens, destacou o atual momento da União Europeia. Nesta quinta-feira (23), os britânicos irão votar pela saída ou permanência da Grã-Bretanha no bloco de 28 nações.  “Este voto afetará as relações de trabalho em toda a União Europeia. Os poucos direitos de cogestão na Grã Bretanha serão mantidos após a saída do país da UE?”, indagou. “Sem a cogestão uma economia social de mercado não é possível e os trabalhadores serão prejudicados”, avaliou. 

Já Wolfgang Lemb ressaltou a importância do governo Lula para o crescimento econômico e político do Brasil. “Foi um governo que deixou o Brasil em destaque no cenário mundial. Admiramos Lula por ter realizado um política que incluiu milhões de brasileiros. E hoje, nos preocupamos com a democracia brasileira, que corre risco com o atual governo interino”, contou.

Falando em nome da delegação brasileira,  Valter Sanches enalteceu a parceria entre as entidades sindicais para a formação de trabalhadores. “Esta parceria possibilita que intercâmbios como estes aconteçam, além de fortalecer as relações sindicais entre Brasil e Alemanha para enfrentar a atual conjuntura. Esta Conferência, por exemplo, acontece por conta do financiamento da Fundação Hans Böckler, que investe em programas educacionais para trabalhadores e em pesquisas para subsidiar a atividade sindical”, afirmou.

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)