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Metalúrgicos negros são maioria em três regiões brasileiras

Mas, no total nacional, mão de obra negra soma só 27,8%. É o que mostra estudo divulgado pela Subseção do Dieese da CNM/CUT, como uma das ações que marcam o Dia da Consciência Negra.

Publicado: 20 Novembro, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

À exceção das regiões Sul e Sudeste, a presença do trabalhador e trabalhadora negra no ramo metalúrgico é maior do que a dos não-negros no restante do Brasil. É o que revela estudo sobre a presença da mão de obra negra na categoria, da Subseção do Dieese da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), elaborado como uma das formas de marcar o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quinta-feira (20) em todo o país.

“Estudos como este são fundamentais para subsidiar nossas ações e lutas em favor da igualdade, independente de raça ou gênero, e também para aprofundar as políticas afirmativas voltadas a saldar a imensa dívida social que o Brasil tem com a sua população negra”, afirmou Christiane dos Santos, secretária da Igualdade Racial da CNM/CUT.

De acordo com o levantamento, a região com maior presença de negros e negras na categoria é a Norte, com 80,5%, seguida do Nordeste, com 63,5%. Na outra extremidade, há o Sul, com apenas 8,2%. O Sudeste tem 27,3%. No entanto, como estas duas últimas regiões concentram a maior parte da categoria (87,8%), em relação ao total de metalúrgicos e metalúrgicas no país, a mão de obra negra é minoria e equivale a 27,8% (os detalhes estão na Tabela 1 abaixo).

 
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O estudo, que tomou por base a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE) de 2013, mostra que, em relação a 2011, a presença do negro e da negra na categoria cresceu 1,1% no país (eles totalizavam 26,7%). Este percentual representa pouco mais de 679 mil metalúrgicos (as), distribuídos em todos os setores que compõem o ramo metalúrgico.

Quando é feito o recorte de acordo com a divisão setorial do ramo metalúrgico feita pela CNM/CUT, a presença da mão de obra negra é maior em dois segmentos: outros materiais de transporte (com 52,4%) e naval (52,3%), que são os que têm a maior rotatividade, os salários mais baixos e as piores condições de trabalho. Na outra ponta, o setor aeroespacial é o que menos emprega trabalhadores negros (9,8%).

No que se refere à remuneração, a exemplo do que ocorre com a classe trabalhadora como um todo, na categoria os negros e as negras também recebem salários inferiores aos dos não-negros. Na média, eles recebem 72,3% da remuneração paga aos não-negros. No caso das mulheres negras, o abismo é muito maior: o salário pago a elas é, na média, menos da metade da remuneração do metalúrgico não-negro, equivalendo a 49,9% (Gráfico 1 abaixo).

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No levantamento, a Subseção do Dieese apurou a diferença salarial entre negros e não-negros em 100 ocupações do ramo metalúrgico e constatou que em apenas três delas os primeiros têm remuneração maior: operador eletromecânico e encanador (salários 6,9% maiores do que os não-negros) e rebarbador de metal (4,9% a maios no salário). Uma (soldador elétrico) tem o mesmo salário, mas nas 96 restantes, o salário do negro metalúrgico é menor.

O estudo completo, que também fez o cruzamento entre escolaridade e remuneração de negros e não negros, pode ser acessado aqui. Christiane dos Santos informou que este levantamento será apresentado no 2º Módulo do Curso de Formação Sindical “Combate ao Racismo para a Construção da Igualdade Racial”, que a Secretaria da Igualdade Racial da CNM/CUT promoverá entre os próximos dias 25 e 28, em Cajamar (SP). O curso é voltado para dirigentes das federações e sindicatos estaduais de metalúrgicos da CUT e que também conta com a participação de sindicalistas dos ramos têxtil e químico.

“No primeiro módulo, em maio, foram apresentadas a história e cultura da África e da população afro-brasileira e feita a troca de experiências entre os participantes. Neste, a partir do estudo e do aprofundamento dos debates, vamos discutir ações de enfrentamento ao preconceito e criar o Coletivo Nacional de Igualdade Racial dos Metalúrgicos da CUT, que será o responsável por orientar como essas ações serão disseminadas em todo o país”, destacou Christiane.

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)