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Metalúrgicos protestam por manutenção de empregos no setor naval

Manifestações em todo país chamam atenção para demissões em decorrência da queda de atividade provocada pelas denúncias da Operação Lava Jato.

Publicado: 04 Março, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Metalúrgicos protestam por manutenção de empregos no setor naval Metalúrgicos protestam por manutenção de empregos no setor naval
Edson Rocha (microfone) ressaltou que investigações não podem afetar os empregos 

Metalúrgicos da indústria naval de todo o Brasil realizam protesto nesta quarta-feira (4) em várias regiões do país onde há escritórios-sede da Petrobras. As manifestações chamam atenção para as demissões no setor, em decorrência da queda de atividades provocada pelas ações da Operação Lava Jato. No Rio de Janeiro, trabalhadores de Niterói, Angra dos Reis e do município do Rio organizaram uma caminhada até o Edifício Sede da Petrobras, que fica na Avenida Chile, centro da capital.

Os metalúrgicos temem a volta do que chamam de “anos sombrios da indústria naval”, referindo-se à década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando centenas de empresas fecharam as portas e o setor possuía apenas 2 mil trabalhadores. Com a política de incentivo à produção nacional, a partir da década passada, o setor chegou a empregar 82 mil trabalhadores diretos.

“Da forma com que estão sendo conduzidas, as investigações da Lava Jato estão punindo os trabalhadores em vez de punir quem de fato praticou algum ato de corrupção. Os metalúrgicos de todo Brasil já estão sofrendo com demissões e com a incerteza de manutenção dos empregos nos próximos anos”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Carlos Rocha, também secretário de Administração e Finanças da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT).

Em Niterói, cerca de 250 trabalhadores já perderam seus empregos apenas no Estaleiro Enaval, outros 600 na construtora UTC, 100 pela J. Costa. A prosseguir a paralisia das atividades, os sindicatos temem que outros milhares de cortes venham a ocorrer.

O sul do Brasil também contabiliza demissões. Em Rio Grande (RS), o número de trabalhadores já caiu de 18 mil, em 2013, para 7 mil. Em Charqueadas (RS), as dispensas já atingiram cerca de mil trabalhadores sem o pagamento das rescisões. Em Itajaí (SC), já foram 600 demitidos pela Amal. Nos últimos dias, o estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, anunciou a dispensa de 350 pessoas. No município do Rio de Janeiro, a estimativa ultrapassa 3 mil cortes. Na Bahia, outros 1.500 metalúrgicos estão ameaçados de perder o emprego por conta da paralisação das atividades no estaleiro Enseada Indústria Naval.

Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Metalúrgicos temem volta dos “anos sombrios da indústria naval”, referindo-se à década de 1990, no governo FHCMetalúrgicos temem volta dos “anos sombrios da indústria naval”, referindo-se à década de 1990, no governo FHC
Metalúrgicos temem volta dos “anos sombrios da indústria naval”, referindo-se à década de 1990

“A Operação Lava Jato não pode ser utilizada como pretexto para demissões. A Polícia Federal deve investigar e a Justiça, punir exemplarmente os envolvidos em qualquer esquema de desvio de conduta, tanto na Petrobras quanto em qualquer instituição privada. Mas isso não pode, de maneira alguma, acarretar na punição dos trabalhadores”, diz Rocha.

Acordo de leniência
A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Corregedoria Geral da União (CGU) têm defendido que sejam construídos acordos de leniência com as empresas investigadas pela Lava Jato. De acordo com o advogado-geral, ministro Luiz Adams, a iniciativa ajuda no combate à corrupção e ao mesmo tempo tem por objetivo preservar a atividade econômica e os 500 mil empregos mantidos na cadeia produtiva afetada pelas investigações e em outras áreas em que atuam as empresas envolvidas.

Os acordos de leniência permitem que empresas colaborem com as investigações e se comprometam com o ressarcimento de valores e desvios que vierem a ser constatados. Em contrapartida, as empresas não perdem, por exemplo, o direito a pagamentos e operações de crédito destinados a manter em atividade obras ou serviços contratados.

Para Adams, é uma forma de proteger as empresas, os empregos e a economia, sem no entanto deixar de perseguir a punição de pessoas que cometeram irregularidades. “Estamos falando de emprego, estamos falando de investidores, de sistema financeiro, estamos falando de todo um conjunto de entidades e empresas que estão afetadas por esse tipo de situação”, disse.

(Fonte: Rede Brasil Atual)