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'Não deixar aprovar o PL 4330 é questão de honra da classe trabalhadora', diz Lula

Solenidade de abertura do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT reuniu as principais lideranças dos trabalhadores e foi marcada pelo repúdio ao projeto que libera terceirização.

Publicado: 15 Abril, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Roberto Parizotti
Lula falou para plateia de mais de 600 pessoasLula falou para plateia de mais de 600 pessoas
Lula falou para plateia de mais de 600 pessoas

O repúdio ao PL 4330 deu o tom da solenidade de abertura do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT, em Guarulhos (SP), na noite desta terça-feira (14). Cerca de 600 pessoas participaram do evento que teve, entre os oradores, as mais expressivas lideranças dos trabalhadores. E, mais uma vez, o ex-presidente da República e presidente de honra da CNM/CUT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi a estrela do evento.

Ele criticou veementemente o PL 4330 e as consequências do projeto que está em tramitação na Câmara dos Deputados. “Não deixar aprovarem a lei é uma questão de honra para a classe trabalhadora brasileira. Não queremos que as empresas passem a usar mão de obra escrava. A aprovação do projeto seria negar tudo o que vocês conquistaram em anos e anos de luta", afirmou.

Crédito: Roberto Parizotti
LulaLula
Lula defendeu luta contra PL 4330

Lula também defendeu a presidenta Dilma Rousseff contra os ataques da mídia e da direita conservadora do Brasil. "Dilma faz parte de um projeto. Nós fazemos parte de um projeto. Se esse projeto não der certo para Dilma, não dará certo para nós. A elite está incomodada com a ascensão social dos mais pobres. Mas nós só subimos um degrau ainda. É pouco e queremos mais. Ficarei feliz no dia em que este país não tiver mais empregadas domésticas, quando todos tenham mais direitos”, destacou, mandando um recado para a presidenta. "Companheira Dilma, eu queria te dizer uma coisa: se tem gente que vai pra rua pra te defender e te ajudar a sair dessa enrascada, é essa gente aqui, ó”, disse, apontando para a plateia com cerca de 700 pessoas. 

Importância dos trabalhadores
Ao lado de Lula, participaram como oradores da mesa de abertura do Congresso o presidente e a secretária de Formação da CNM/CUT, Paulo Cayres e Michele Ciciliato, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, o assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jose Lopes Feijóo, e o ator e ativista, Danny Glover. Ainda no palco, havia outras lideranças sindicais de categorias como químicos, bancários, petroleiros, e a direção executiva da CNM/CUT.

Crédito: Roberto Parizotti
Paulo Cayres destacou importância da categoriaPaulo Cayres destacou importância da categoria
Paulo Cayres destacou importância da categoria

Paulo Cayres foi enfático ao lembrar dos embates que os metalúrgicos terão nos próximos anos. "A defesa do emprego será uma das principais bandeiras do movimento sindical em todos os aspectos: na luta direta no chão da fábrica, nas negociações coletivas, junto aos governos e ao poder legislativo. Este Congresso Nacional que quer acabar com os direitos dos trabalhadores não nos representa. Os parlamentares fazem parte do projeto da direita, que não quer os negros nas universidades, que não quer a mulher nos espaços de poder. A democracia que nos representa é aquela que começou com o governo do presidente Lula e continua com a presidenta Dilma", enfatizou. 

Cayres também fez uma homenagem ao Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, que trouxe 51% de mulheres na sua delegação para o 9º Congresso. “Isso mostra a política acertada de gênero que a Confederação tem feito nestes últimos anos. Não queremos só a cota de 30% da participação de mulheres. Nós defendemos a paridade de gênero”, disse.

Já o presidente da CUT, Vagner Freitas, ressaltou que o papel da Central e dos sindicatos filiados é fazer o enfrentamento com os conservadores que tentam tirar os direitos da classe trabalhadora. “Eles não querem regulamentar a terceirização e melhorar a vida dos trabalhadores terceirizados e sim precarizar as condições de trabalho, aumentar os lucros, assassinar nossa dignidade, quebrar nosso mercado de trabalho. O dia 15 de abril é um dia muito importante por conta da nossa paralisação nacional. Agora é hora de lutar em dobro”, assinalou, referindo-se às manifestações marcadas para esta quarta-feira.

Engajado na defesa dos direitos humanos e na igualdade racial, Danny Glover lembrou de sua participação no Seminário Internacional “Impactos do Racismo no Mundo do Trabalho”, realizado na manhã da terça-feira (leia aqui), e elogiou as conquistas dos últimos anos no Brasil. “A luta pela igualdade racial é um tema muito importante para mim e fiquei honrado em participar deste Seminário. A ONU declarou que esta é a década da igualdade racial. Acredito que todos nós, seja do movimento sindical ou social, temos que estar sempre presentes para podermos curar as cicatrizes dos nosso povo afrodescendente. O Brasil é o maior país na luta contra a pobreza e desigualdades. E nos últimos 12 anos, se tornou um exemplo para a humanidade”, elogiou.

Já a secretária Michele Ida Ciciliato destacou a importância dos metalúrgicos no processo de redemocratização no país. “Eu, como mulher metalúrgica, sou parte de apenas 19% na categoria, mas isso não diminui a força e luta feminina dentro da Confederação. É com muito orgulho que todos e todas aqui fazem parte desta categoria. Uma categoria, que sob o comando do presidente Lula, transformou a história do Brasil e deu novos rumos na democracia, tirando o nosso país das mazelas sociais”, disse, emocionada.

O prefeito de Guarulhos destacou a história e representação da Central Única dos Trabalhadores em toda a sociedade brasileira. “Se aprendemos a criar cada vez mais condições de igualdade para a sociedade foi dentro da CUT. A CUT é a maior universidade formadora de representantes e profissionais deste país porque tem história para contar. É impossível a gente falar dos avanços da sociedade sem falar da história CUT”, avaliou Almeida.

José Lopes Feijóo, que representou a presidenta Dilma Rousseff no evento, também criticou o PL 4330: “Será a destruição total da classe trabalhadora o 4330. Este projeto é o AI 5 (Ato Institucional nº 5) da classe trabalhadora. No governo, eu tenho a tarefa de levar a voz de vocês, e estou na trincheira para que este projeto não passe”, declarou o assessor, que é ex-metalúrgico.

Adi dos Santos Lima falou da representatividade da CUT nas principais situações de adversidade para o trabalhador. “É muito orgulho ser sindicalista da CUT em uma conjuntura como esta. O que estariam fazendo com a classe trabalhadora no Brasil se não existisse a CUT? É muito orgulho para nós trabalhadores e trabalhadoras termos instrumentos como o Partidos dos Trabalhadores e a Central Única dos Trabalhadores para nos ajudar no retrocesso que estão querendo nos impor.  O PL 4330 é só parte do mal que a direita quer fazer com a classe trabalhadora”, criticou o sindicalista.

Espetáculo teatral
A solenidade começou com um espetáculo teatral que resgatou a luta dos trabalhadores desde a ditadura militar e conclamou para a defesa das suas lideranças diante dos ataques que vêm sofrendo dos setores retrógrados da sociedade. 

Crédito: Roberto Parizotti
Solenidade começou com apresentação de um espetáculo teatralSolenidade começou com apresentação de um espetáculo teatral
Solenidade começou com apresentação de um espetáculo teatral

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)