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No ABC, metalúrgicos cruzam os braços na Volkswagen contra demissão de 800

Greve por tempo indeterminado começou nesta terça-feira (6). Dispensas foram anunciadas por carta enviada à casa dos trabalhadores. Mercedes-Benz também demitiu 244.

Publicado: 06 Janeiro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Edmilson Magalhães
No ABC, metalúrgicos cruzam os braços na Volkswagen em protesto contra demissão de 800No ABC, metalúrgicos cruzam os braços na Volkswagen em protesto contra demissão de 800
Assembleia aprovou greve por tempo indeterminado

Os metalúrgicos na Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP) entraram em greve nesta terça-feira (6) protestando contra as 800 demissões de trabalhadores anunciadas pela montadora. A paralisação foi decidida em assembleia na porta da fábrica pela manhã e teve a adesão imediata dos sete mil metalúrgicos do primeiro turno.

A decisão abrange os 13 mil trabalhadores dos três turnos na fábrica, mas o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também realiza assembleias à tarde e à noite para referendar a proposta aprovada pela manhã. A greve é por tempo indeterminado.

Os trabalhadores souberam de sua demissão por meio de carta que falava para não retornarem aos seus postos de trabalho após o fim das férias coletivas, que aconteceu hoje.

A correspondência começou a ser enviada pela empresa dia 30 de dezembro e já chegou a 800 funcionários. Além deles, existe ameaça de demissão para outros 1.300 trabalhadores, já que a Volks anunciou publicamente sua avaliação de que existem 2.100 excedentes na fábrica do ABC.

“Não podemos aceitar esta demissão em massa”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, durante a assembleia pela manhã. Para ele, mesmo os trabalhadores tendo rejeitado a proposta negociada em dezembro passado, ainda está em vigência o acordo aprovado em 2012.

“Pelo acordo não poderia ocorrer demissões na fábrica desta forma unilateral como aconteceu”, criticou.

Segundo Wagner, em junho de 2014, representantes da montadora procuraram o Sindicato para relatar que não tinham como manter o acordo. Assim as negociações de uma nova proposta foram iniciadas.

“Após a rejeição desta proposta pelos trabalhadores em assembleia, a empresa rompeu o acordo e teve essa iniciativa de se livrar daquilo que ela computa como custo, mas que para nós são pais e mães de família”, disse.

“Precisamos reequilibrar as relações entre capital e trabalho e isso só será feito de forma coletiva e solidária”, completou o secretário-geral do Sindicato.

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, também afirmou durante a assembleia desta manhã que a demissão de um trabalhador não pode ser a saída para enfrentar os problemas desta ou de outra empresa.

“Precisamos de um mecanismo que seja uma vacina permanente para estas situações”, defendeu.

Rafael lembrou que há tempos a categoria metalúrgica e as entidades de trabalhadores de outros setores da indústria ligadas à CUT conversam com as demais centrais sindicais para viabilizar um sistema de proteção ao emprego junto ao governo federal.

“Esta proteção já existe em alguns países, que conseguiram com isso diminuir o impacto da crise europeia sobre suas economias, como é o caso da própria Alemanha, que abriga a matriz da Volks”, avaliou.

“Essa política de proteção ao emprego evita que o trabalhador pague o preço pelas oscilações que são frequentes no mercado. Se já existisse poderia ter sido utilizada no caso desta planta da Volks”, disse.

No final da assembleia, os metalúrgicos voltaram para o interior da fábrica, mas sem produzir um único carro. Em torno de mil trabalhadores da Ala 17 (Engenharia) foram dispensados para retornarem às suas casas, onde devem permanecer até as próximas orientações do Sindicato.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, acompanhou a assembleia e reforçou a necessidade de se estabelecer uma política industrial que assegure contrapartidas trabalhistas. “Precisamos implantar urgentemente um programa de proteção ao emprego com medidas que deem segurança aos trabalhadores em períodos de redução da produção. É inadmissível que o trabalhador seja o único a pagar a conta quando as empresas veem seus lucros diminuírem”, assinalou Cayres.

Crédito: Adonis Guerra
Trabalhadores na Mercedes expressão solidariedade a demitidosTrabalhadores na Mercedes expressão solidariedade a demitidos
Trabalhadores na Mercedes expressam solidariedade a 244 demitidos pela empresa

Mercedes Benz
Na véspera do anúncio da Volkswagen, outra montadora de São Bernardo do Campo, a Mercedes-Benz, também confirmou a dispensa de 244 metalúrgicos, o que, de acordo com o Sindicato, fere acordo coletivo assinado entre a entidade e a empresa.

“A demissão destes companheiros descumpre a cláusula do acordo que garante a renovação do lay off até 30 de abril deste ano”, lembrou o coordenador geral do Comitê Sindical dos Trabalhadores na Mercedes, Angelo Maximo de Oliveira Pinho, o Max.

Em assembleia realizada na manhã de segunda-feira (5), 4.000 metalúrgicos manifestaram solidariedade aos demitidos e apoio para que o Sindicato negocie com a empresa a reversão das demissões e o cumprimento do acordo.

(Fonte: Assessoria de imprensa do SMABC)

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