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No México, solidariedade internacional é reforçada em módulo de programa de formação

Projeto une trabalhadores da Argentina, Brasil e México, para debater ações frente às multinacionais. Nesta etapa, solidariedade aos mexicanos e contra o golpe no Brasil foram destaques.

Publicado: 23 Junho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Solidariedade aos professores Solidariedade aos professores
Plenário se solidariza com professores e protesta contra mortes em Oaxaca no último domingo

Teve início nesta quarta-feira (22), na cidade do México, o segundo módulo do projeto "Ação Frente às Multinacionais na América Latina" que permite, além da formação dos trabalhadores, a troca de experiências entre dirigentes sindicais do Brasil, México e Argentina dos quatro ramos que integram o projeto: químico, metalúrgico, vestuário e construção. Cerca de 50 pessoas fazem parte do grupo, que também vai discutir nesta etapa o comportamento sociolaboral das empresas multinacionais e as ações sindicais para combater a precarização do trabalho e o aumento da desigualdade.

O projeto é gerido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Instituto Observatório Social (IOS) com o apoio do centro de formação DGB Bildungswerk (DGB BW), ligado à central sindical alemã DGB. Neste módulo, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) está representada por quatro trabalhadores.

Na abertura da atividade, representantes dos ramos falaram sobre a importância da formação como estratégia para a consolidação da luta da classe trabalhadora, assim como para atrair novos militantes, criar lideranças e resgatar a consciência política dos trabalhadores. E reforçaram a importância da solidariedade.

Héctor de la Cueva, coordenador do Centro de Investigación Laboral y Asesoría Sindical (Cilas), fez um panorama sobre a realidade do México, país que aprofunda cada vez mais as políticas neoliberais.

De acordo com o especialista, em 30 anos de neoliberalismo no México, 20 têm sido no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), envolvendo Canadá, México e Estados Unidos e tendo o Chile como associado, numa atmosfera de livre comércio. Mas o Nafta não cumpriu com suas promessas econômicas. "Antes do tratado a diferença do salário do trabalhador mexicano em ralação ao americano, era de um para 10. Hoje é de um para 15", disse.

O cenário descrito por Héctor é de desaceleração na economia mexicana. A queda nas receitas do petróleo, o aumento do custo do serviço da dívida e o aumento da taxa cada vez mais iminente por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos para o México trazem um cenário complicado para o país.

Crédito: Divulgação
Sindicalistas participaram de FórumSindicalistas participaram de Fórum
Sindicalistas dos três países participaram de Fórum contra Neoliberalismo


Visita ao Sindicato dos Eletricitários
Após a explanação sobre a realidade política e econômica do país, o grupo fez uma visita ao Sindicato dos Eletricitários do México (SME), símbolo de resistência contra a privatização. A delegação levou sua solidariedade aos 44 mil demitidos em outubro de 2009 com a privatização do setor. Após as demissões, o movimento de resistência continua vivo, atuante e mobilizado para restabelecer os direitos violados, pois as demissões deixaram também as famílias dos trabalhadores sem amparo social, num total aproximado de 200 mil pessoas.

O grupo participou também do Fórum Latino-Americana contra o Neoliberalismo, levando seu apoio aos trabalhadores mexicanos que vêm enfrentando duros golpes, como o da reforma da educação, e que têm sido duramente reprimidos pela polícia, como no último domingo (19) em Oaxaca, que deixou um saldo de oito professores mortos e dezenas de feridos. O plenário todo manifestou apoio irrestrito à luta da Coordinadora Nacional de Trabajadores de la Educación (CNTE) contra a reforma e seu repúdio à violência policial contra trabalhadores, pais e alunos.

Héctor de la Cueva falou em nome do grupo formado por brasileiros, mexicanos e argentinos. "Estamos neste fórum porque sabemos que nos últimos tempos, tanto no Brasil como na Argentina e em outros países da América do Sul, está havendo avanços importantes contra o neoliberalismo e contra a dominação dos Estados Unidos. Sabemos que a direita neoliberal no poder implica em retrocessos contra os direitos dos trabalhadores e contra a liberdade democrática”, afirmou.

"Tanto o Brasil como a Argentina vêm enfrentando há tempos os ataques neoliberais. Por isso estamos realizando nesta semana um encontro de formação entre os três países para discutirmos as lutas e resistências ao neoliberalismo e a liberdade democrática", completou.

Durante o Fórum, Claudio da Silva Gomes, dirigente da CUT Nacional e presidente da Conticom (Confederação dos Trabalhadores na Construção) relatou as dificuldades que o Brasil vem enfrentando com o avanço do neoliberalismo. "Assim como o México, o país sofreu um processo de desestatização das empresas de energia elétrica na década de 1990, sendo hoje quase todo ele privatizado", explicou. "Isso provocou a redução de empregos, perda salarial e de benefícios, precarização e terceirização intensiva do serviço".  Claudio reforçou a solidariedade do Brasil aos trabalhadores mexicanos.

Cida Trajano, também dirigente da CUT Nacional e presidente da Confederação Nacional do Vestuário (CNTRV) falou da luta dos trabalhadores brasileiros em defesa da democracia, relembrando o golpe militar de 1964 no Brasil: "Naquele momento, o golpe acabou dando motivos para os trabalhadores se organizarem. Criamos a Central Única dos Trabalhadores, representando diversas categorias, e o Partido dos Trabalhadores para que se pudesse ter o respaldo no Congresso Nacional e, com a possibilidade de um governo que realmente fosse do povo", disse. "E assim conseguimos, em 2002, eleger o maior líder sindical do Brasil, o companheiro Lula e, em seguida, a presidenta Dilma. Foram 13 anos de governo que deram possibilidades para trabalhadores e trabalhadoras de inclusão social, políticas públicas e direitos humanos".

De acordo com ela, depois de tantas conquistas, o Brasil tem seus direitos adquiridos ameaçados por um golpe da direita. "Mas a CUT tem sido protagonista na resistência contra esse golpe que tenta retirar os direitos dos trabalhadores. Deixo claro que a CUT não luta somente pelos direitos dos trabalhadores do Brasil, mas sim pelos trabalhadores do mundo inteiro. Então, somos todos Brasil; somos todos Argentina; somos todos México", finalizou a dirigente.

(Fonte: Sheila Fernandes – Observatório Social)