MENU

Ocupação na Karmann-Ghia: CNM/CUT doa 3 toneladas de alimentos aos trabalhadores

Alimentos foram produzidos por famílias do Movimento dos Pequenos Agricultores e reforçam solidariedade aos metalúrgicos na empresa. Ação teve apoio da FEM e do Sindicato.

Publicado: 23 Junho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Edu Guimarães
Doação foi iniciativa da CNM/CUTDoação foi iniciativa da CNM/CUT
Doação foi iniciativa da CNM/CUT

No 41º dia de ocupação da fábrica, os trabalhadores na Karmann-Ghia, em São Bernardo do Campo (SP), receberam, na manhã desta quinta-feira (23), três toneladas de alimentos produzidos por famílias do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). A doação dos alimentos foi uma iniciativa da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em parceria com a Federação Estadual da categoria (FEM-CUT/SP).

Os metalúrgicos que permanecem dia e noite na fábrica lutam por seus salários e direitos. O movimento teve início em 13 de maio, quando a Justiça emitiu parecer confirmando que a atual diretoria não havia, de fato, cumprido com as obrigações com os antigos donos da empresa, gerando uma indefinição sobre quem são os reais proprietários da autopeças, que já vinha passando por problemas há tempos. 

Desde então, 364 metalúrgicos estão sem saber o que acontecerá e sem receber salários. Por isso, resolveram ocupar a fábrica e começam a discutir alternativas para assumir a empresa em esquema cooperativado. Eles se revezam em três turnos para que a empresa esteja ocupada 24 horas por dia. 

“A doação feita pela Confederação representa muito para nós. Ela contribui para que nossa luta se fortaleça cada vez mais e é também carregada de um outro simbolismo forte: a unidade entre os trabalhadores do campo e da cidade”, destacou Valter Saturnino Pereira, coordenador do Comitê Sindical na Karmann-Ghia. “Saber que a solidariedade é crescente e que chegou também ao pessoal ‘da roça’ alimenta também a nossa disposição de continuar lutando”, completou.

Crédito: Edu Guimarães
JosiJosi
Josi (de vermelho, entre Pula Pula e Paulo Cayres) destaca momento histórico para o MPA


Josineide Costa Sousa, do MPA, disse que hoje foi um momento histórico para os trabalhadores: “Fazer chegar o alimento que produzimos para os metalúrgicos – em especial numa situação de resistência como esta – é a consolidação da aliança camponesa-operária que sempre defendemos e lutamos para fortalecer”.

As três toneladas de alimentos – entre eles, café, arroz, fubá, farinha de mandioca, mel e açúcar mascavo – são oriundas do trabalho de 50 famílias de pequenos agricultores de seis cidades do Espírito Santo, sendo que a maioria delas é composta por mulheres. “Estamos cumprindo o objetivo de trazer alimentos saudáveis para trabalhadores da cidade”, disse Josi, ao lembrar que a produção das famílias que integram o MPA em todo o Brasil é livre de agrotóxico. “Agradecemos à CNM/CUT por viabilizar essa reciprocidade. Agradecemos também à Federação e ao Sindicato do ABC pelo apoio à iniciativa”, completou Josi.

Solidariedade
“A solidariedade é o principal ingrediente que sustenta as lutas da classe trabalhadora. Trazer estas três toneladas de alimentos saudáveis é uma prova de que os metalúrgicos na Karmann-Ghia têm o apoio de trabalhadores de todo o Brasil, da cidade e do campo. É uma demonstração de que estamos atuando para que nem eles e nem suas famílias fiquem desamparados e que vamos estar juntos na luta para que o trabalho e os direitos de cada um desses 364 metalúrgicos sejam resgatados”, afirmou Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT, reiterando também a importância da aliança operário-camponesa.

“Nossa luta a gente sabe quando começa, mas não sabe quando acaba. E a solidariedade, num gesto como este, alimenta o estômago e também a luta”, disse José de Moura, o Pula-Pula, secretário de Políticas Sociais da FEM-CUT/SP. Ele lembrou que os metalúrgicos na empresa estão há meses passando por dificuldade, por conta do não pagamento dos salários.

Crédito: CNM/CUT
AlimentosAlimentos
Alimentos doados foram produzidos por 50 famílias do MPA no Espírito Santo

“Além das dificuldades que os 364 trabalhadores estão vivendo, há outros 200 sem receber: são aqueles que no ano passado tinham aceitado acordo para demissão com pagamento de todas as verbas rescisórias em 20 parcelas. Alguns chegaram a receber até seis parcelas, mas grande parte só recebeu uma”, contou o dirigente da FEM.
Paulo Cayres informou que a CNM/CUT e o MPA continuarão mantendo a parceria e as ações solidárias em conjunto. “É esse o espírito que sempre nos moveu. Hoje, estamos na Karmann-Ghia, mas estaremos presentes tanto nas fábricas quanto no campo para defender os interesses e os direitos da classe trabalhadora”, reforçou o presidente da Confederação.

Metalúrgicos que trabalham em outras empresas no ABC e entidades de várias categorias também têm contribuído com a luta dos 364 trabalhadores e suas famílias.

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)