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Mercado interno continua fundamental para o Brasil, diz pesquisador da Unicamp

André Biancarelli participou de painel da 3ª Conferência Expressões da Globalização, ao lado do professor Emir Sader. Evento reúne metalúrgicos (as) do Brasil e da Alemanha.

Publicado: 12 Novembro, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 
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O mundo não vai ajudar muito o Brasil do ponto de vista econômico, porque a maioria dos países ainda vive sob os impactos da crise financeira de 2008. Por isso, o mercado consumidor interno continuará sendo fundamental para o desenvolvimento nacional. A avaliação foi feita na tarde desta quarta-feira (12) pelo pesquisador e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), André Biancarelli, no primeiro painel da 3ª Conferência Expressões da Globalização, que acontece em Guarulhos (SP) e reúne cerca de 200 metalúrgicos (as) brasileiros e alemães.

A Conferência, que tem como tema “Trabalhadores (as) frente à Crise Econômica, Política e Social - cinco anos depois", é uma realização da Fundação Hans Böckler (FHB), organizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em parceria com o Instituto Integrar e o IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha). O evento prossegue até sexta-feira (14).

André Biancarelli afirmou que a economia americana é cada vez mais consumidora e menos produtora e que, nesse cenário, países como a China continuarão ganhando mais espaço no cenário internacional. “Além disso, a Europa estagnada prejudica o mundo todo. A própria Alemanha está deixando de exportar carros de luxo e máquinas e equipamentos de ponta (principalmente para a China) e, com isso, vê sua economia encolher também”, analisou.

Crédito: Roberto Parizotti
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Metalúrgicos e metalúrgicas da Alemanha e do Brasil participam da Conferência

O diretor do Centro de Estudos dividiu o painel com o cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Emir Sader, que fez uma análise política da conjuntura brasileira, lembrando que pela primeira vez uma crise internacional dessa proporção não levou o Brasil à recessão, como em outras ocasiões, por conta do projeto de governo em curso, diferente do que está sendo vivenciado na Europa e nos Estados Unidos. Ele disse ainda que no segundo turno da eleição presidencial deste ano a polarização entre esss dois projetos foi clara.

Crédito: Roberto Parizotti
Emir SaderEmir Sader
Emir Sader

“O principal assessor da candidatura de oposição (o economista Armínio Fraga) dizia que o salário mínimo estava muito alto, que um ‘certo nível’ de desemprego era saudável e que passaria a limpo o papel dos bancos públicos. Ou seja, usaria a receita antiga, de virar as costas para os programas sociais e os trabalhadores. Mas esse projeto, mais uma vez, foi derrotado nas urnas”, disse Emir Sader.

O cientista político recordou ainda que essa foi a quarta eleição seguida que o Partido dos Trabalhadores derrota o mesmo partido (PSDB). Para ele, em que pese os ataques desferidos pela oposição – particularmente pelos meios de comunicação – o resultado eleitoral é uma vitória fundamental do projeto que defende que a “centralidade da economia é do Estado e não do mercado” e que, por meio dele, a classe trabalhadora não vem pagando o preço da crise internacional.

“Estamos sentindo hoje alguns efeitos dessa crise. Estamos sobrevivendo sem as demandas da Europa, dos Estados Unidos e do Japão, mas elas fazem falta para a nossa economia”, reconheceu o professor. Emir Sader já havia participado ontem (11) da reunião da direção plena da CNM/CUT (leia aqui).


Estagnação secular

Crédito:
André BiancarelliAndré  Biancarelli
André Biancarelli

André Biancarelli apresentou uma série de indicadores que sinalizam crescimento mais moderado das economias nos próximos anos e revelou que, no pós-crise, essa pode ser uma tendência que os especialistas estão denominando de “estagnação secular”, estabelecendo um novo padrão de “mudanças civilizatórias”.

Para o Brasil, o pesquisador da Unicamp avalia que a evolução do valor das commodities é crucial para continuar alimentando o seu mercado externo. “O crescimento menor das economias de outros países afeta o Brasil por esse aspecto”, constatou, reafirmando a necessidade de o país focar-se mais no mercado interno.

O painel teve como moderadora a secretária da Mulher da CNM/CUT, Marli Melo.


Confira aqui a programação completa da 3ª Conferência e aqui como foi o painel de abertura.

(Fonte: Solange do Espírito Santo – Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)