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Passeata e ato em defesa do emprego reúne mais de 20 mil em São Bernardo (SP)

Metalúrgicos na Volks, Ford, Mercedes-Benz e Karmann Ghia tomaram a Via Anchieta em duas grandes passeatas que se unificaram em ato contra demissões.

Publicado: 12 Janeiro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Adonis Guerra
Mais de 20 mil trabalhadores participaram da caminhada Mais de 20 mil trabalhadores participaram da caminhada
Mais de 20 mil metalúrgicos participaram do ato contra as demissões

Não teve produção nesta segunda-feira (12) em três montadoras e uma fábrica de autopeças de São Bernardo do Campo (SP), porque os metalúrgicos na Volkswagen, Mercedes-Benz, Ford e Karmann Ghia não cruzaram os portões das fábricas para ir à luta cedo: os trabalhadores em cada uma das empresas saíram em passeata até a Via Anchieta e uniram-se numa grande manifestação em defesa do emprego em frente ao Cenforpe (Centro de Formação dos Profissionais de Educação).

O ato reuniu mais de 20 mil metalúrgicos e metalúrgicas, além de dezenas de lideranças sindicais e de movimentos populares, que condenaram a postura da Volkswagen e da Mercedes-Benz em demitir, respectivamente, 800 e 244 trabalhadores no início da semana passada. Já a Ford comunicou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que teria 300 trabalhadores “excedentes” e os sindicalistas querem evitar que a empresa aja como as demais e não negocie antecipadamente.

Por isso, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, destacou na assembleia que antecedeu a passeata na Ford: “Aqui, hoje não vai ter produção, porque nossa manifestação será o antídoto contra qualquer tentativa de demissão. Ao mesmo tempo, vamos mostrar nossa união e solidariedade à luta dos companheiros na Volks e Mercedes”.

Crédito: CNM/CUT
Paulo Cayres Paulo Cayres
Paulo Cayres enfatizou união dos trabalhadores (as) em solidariedade aos demitidos 


Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, resumiu o principal motivo da manifestação: "Nossa luta agora é para reverter as demissões. Nada nos importa mais do que os empregos dos 800 pais e mães de família na Volks e dos 244 pais e mães de família na Mercedes”.

Os 13 mil metalúrgicos na Volks estão em greve desde o último dia 6, quando souberam, no retorno ao trabalho depois de férias coletivas, que a empresa enviou nos últimos dias de 2014 telegramas a 800 funcionários comunicando sua demissão. Na Mercedes-Benz, também na semana passada houve protestos e uma greve de 24 horas no dia 7. Já os trabalhadores na Ford retornariam nesta segunda-feira (12) das férias coletivas. “A retomada da produção vai esperar mais um dia, porque hoje vamos lutar em defesa de um dos valores mais preciosos do trabalhador: o seu emprego”, reforçou Paulo Cayres.

Na passeata, o vice-presidente do Sindicato do ABC, Aroaldo de Oliveira, lembrou aos manifestantes que economistas já alertaram que cada um emprego em montadoras representa outros 21 na cadeia automotiva.

Crédito: Divulgação
AA
Representantes do UAW também participaram da manifestação

Entidades sindicais de todo o Brasil e também de outros países têm enviado manifestações de apoio à luta. Entre eles, Dennis Williams, presidente do United Auto Workers (UAW), sindicato nacional dos metalúrgicos em montadoras nos Estados Unidos, que se solidarizou com os trabalhadores na Volks e na Mercedes e enviou representantes ao ato do ABC.

Pauta dos trabalhadores
Durante as passeatas e depois no ato unificado, as lideranças sindicais metalúrgicas reafirmaram que querem rever as demissões e estabelecer novos parâmetros de negociação com as montadoras. Ao mesmo tempo, expuseram a pauta de três itens que querem negociar com o governo federal. A pauta, que foi aprovada por unanimidade pelos trabalhadores no ato público que encerrou a manifestação, tem três itens.

Crédito: CNM/CUT
Metalúrgicos aprovam continuação da greve na VolksMetalúrgicos aprovam continuação da greve na Volks
Metalúrgicos aprovaram por unanimidade pauta de reivindicações para manutenção do emprego

O primeiro ponto é a criação do Sistema de Proteção ao Emprego, proposta que já havia sido apresentada ao governo em 2014 (confira aqui) e que garante os direitos de trabalhadores durante períodos de crise em empresas, com redução da jornada sem redução de salário. Pela proposta, o salário é custeado por um fundo criado na esfera federal. “Assim, por 12 meses, os trabalhadores ficam empregados em momentos de dificuldade”, assinalou Rafael Marques. 

O segundo item da pauta é a Renovação da Frota de Caminhões para modernizar o setor e melhorar as condições do meio ambiente, ao mesmo tempo que geraria milhares de empregos. De acordo com Teonílio Monteiro, o Barba, metalúrgico do ABC recém-eleito deputado estadual pelo PT, a proposta é que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) libere R$ 80 bilhões para o financiamento de caminhões.

O terceiro ponto é uma política de aceleração do crédito, que tem sido dificultado pelo sistema financeiro, mas que é considerado fundamental para a retomada do crescimento econômico. Segundo Rafael Marques, o estoque de crédito no Brasil equivale a 58% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto na Argentina corresponde a 72%, na Alemanha a 98% e nos EUA a 112%. “Como dizem que no Brasil não há como conceder mais crédito?”, indagou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Os metalúrgicos também aprovaram uma pauta a ser encaminhada ao governo do Estado de São Paulo, cujos principais pontos são: uma política de combate à guerra fiscal entre os Estados, a criação de uma Câmara de Política Industrial, mecanismos de combate a demissões em massa, programa de adensamento da cadeia automotiva, o Inovar-Auto para o Estado, entre outros.

Confira aqui as declarações das principais lideranças presentes à manifestação:

" A palavra de ordem é 'demitiu parou’. E eu estou à disposição para assumir qualquer tarefa para intermediar e lutar para que a Volks mantenha os 800 empregos" - Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo

"Somos todos metalúrgicos do ABC" - Carmem Foro, presidenta interina da CUT

"Queremos um programa de renovação da frota de caminhões para estimular o setor, ampliar a segurança e reduzir a poluição" - Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

"Essa luta dos Metalúrgicos do ABC é heróica" - Luiz Carlos Prates, o Mancha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP)

"A Volks tem os 'homens de preto' e nós temos os homens e mulheres de luta!” - Valdir Freire Dias, o Chalita, vice-presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Volks

"Os trabalhadores do campo estão solitários com a luta dos Metalúrgicos do ABC. Estamos juntos para defender emprego e renda do povo brasileiro" – Romário Rossetto, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores e da Via Campesina, que veio do Rio Grande do Sul para participar do grande ato.

"A Volks não pode fazer isso (demitir) depois de anos de incentivos fiscais recebidos do governo federal" - Erick Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos (SP).

"Mais uma vez os metalúrgicos do ABC fazem história e pautam a classe trabalhadora neste grande ato contra as demissões" – Júlio Turra, dirigente da CUT Nacional

"Não há nada mais importante na vida de um homem e de uma mulher que o emprego", Edinho Silva, deputado estadual (PT/SP)

"A luta precisa ser de todos os trabalhadores e trabalhadoras. Um emprego a menos no ramo metalúrgico tem impacto direto nos outros ramos da indústria. Trabalhadores unidos, o emprego é garantido!" -  Lu Varjão, presidenta da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ/CUT)

(Fonte: Solange do Espírito Santo e Shayane Servilha – Assessoria de Imprensa da CNM/CUT, com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC)

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