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Pesquisa mostra que 90% dos brasileiros são contra mudanças na Previdência Social

Estudo encomendado pela CUT ao Instituto Vox Brasil revela que, em todas as regiões do país, maioria também rejeita retirada de direitos trabalhistas e sociais.

Publicado: 04 Janeiro, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As mudanças nas regras da Previdência Social que, segundo a mídia, serão propostas pelo governo, são rejeitadas pela grande maioria da população brasileira de todas as faixas de renda, etárias e níveis de escolaridade de todas regiões do País, segundo pesquisa Vox do Brasil encomendada pela CUT.

A rejeição aos cortes nos programas sociais atingiu índices ainda maiores, especialmente na Região Nordeste, onde 90,5% dos pesquisados são contra. Os índices contrários aos cortes são maiores nas faixas de renda e escolaridade mais baixas.

A pesquisa mostrou, também, que os trabalhadores estão atentos e apoiam as medidas que podem estimular a geração de emprego, como o aumento da oferta de crédito para fortalecer o mercado consumidor, programas para estimular as empresas a manterem os empregos e para ajudar as pequenas e médias empresas.

Crédito: CUT
Pauta da CUT tem apoio popular, indica pesquisaPauta da CUT tem apoio popular, indica pesquisa
Pauta da CUT tem apoio popular, indica pesquisa

A CUT decidiu testar nas ruas a agenda que propõe para o Brasil voltar a crescer gerando mais emprego e renda. E pelos resultados da pesquisa, constatou que a pauta da Central está afinada com o que pensam e querem os trabalhadores. A maioria absoluta da classe trabalhadora brasileira aprova as medidas para promover o desenvolvimento, debatidas no12º CONCUT, realizado em outubro de 2015, e rejeitam o ajuste fiscal e medidas de retirada de direitos conquistados.

Essa é a primeira pesquisa de opinião feita por uma central sindical brasileira para saber o que os trabalhadores pensam sobre as medidas que estão sendo debatidas na área econômica do governo. "Só os empresários faziam pesquisa.  Agora, isso acabou. Também precisamos de um instrumento como esse - pesquisa de opinião - para saber se nossas propostas são aprovadas e também para definir estratégias de luta para defender os direitos da classe trabalhadora" diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Sobre os resultados desta primeira pesquisa, Vagner avalia que a mais importante conclusão é que a maioria dos brasileiros aprovam as propostas da CUT para o Brasil sair da crise, voltar a crescer, gerar emprego e melhorar a renda. Isso, diz ele, "é um sinal de que a prioridade do governo deve ser a substituição imediata da política econômica que só tem gerado recessão e desemprego por uma que priorize os interesses da classe trabalhadora".

O  Vox Brasil pesquisou, entre os dias 11 e 14 de dezembro, 2.000 pessoas com mais de 16 anos, nas áreas urbanas e rurais de 153  municípios de todos os Estados e do Distrito Federal.

Confira os dados por temas pesquisados:

• Previdência Social

A pesquisa aponta que 88% dos pesquisados avaliaram que o governo não deveria dificultar as regras para aposentadorias. Do total, 87,3% são homens, e 87,7% mulheres. Apenas 9% (9,7% homens e 8,2% mulheres) concordam com a medida que está sendo analisada pela equipe econômica e 4% não souberam ou não responderam (3% homens e 4% mulheres).

Dos 88% contrários a mudanças nas regras da  Previdência Social, 87,6% são jovens e 88,3% adultos; o percentual dos que têm ensino fundamental e médio foi igual (87,7%).  Já entre os que têm nível superior, foi de 88,3%. Quanto à faixa de renda, são contra a medida 87,8% dos que ganham até 2 salários mínimos (SM), o mesmo percentual (87,8%) dos que ganham entre 2 e 5 SM e 86,4% dos que ganham mais de 5 SM. No recorte regional, 89,2% dos nordestinos são contra mudanças. Nas Regiões Centro-Oeste/Norte, os contrários somam 85%; no Sudeste, 87,1%, e no Sul, 88,4%.

• Cortes nos programas sociais

Quanto aos programas sociais, 75% dos entrevistados responderam que o governo não deve cortar recursos. Foi praticamente igual o percentual entre homens (75,2%) e mulheres (75,5%). Outros 21% disseram que o governo deve fazer cortes. Novamente, os percentuais entre homens (21,6%) e mulheres (20,9%) foram quase iguais. Apenas 3% não souberam ou não responderam.

A maioria dos contrários aos cortes nos programas sociais é formada por pessoas com baixa escolaridade (81,3% têm ensino médio), ganha pouco (85,1% até 2 SM) e vive no Nordeste (90,5%).

• Aumento da oferta de crédito

O aumento da oferta de crédito para fortalecer o mercado consumidor, uma das propostas da CUT pesquisadas pelo Vox Brasil, foi aprovado pela maioria dos/as trabalhadoras/as. Para 65% dos entrevistados, a medida ajudaria o país; 14% acham que não; 12% acham que nem ajuda nem prejudica e 10% não souberam ou não responderam.

Dos 65% que aprovam a proposta, 66,1% são homens e 63,7% mulheres; 61,6% são jovens e 66,5% adultos. A média de aprovação foi de 65% em todas as faixas de renda e escolaridade. O Nordeste foi a Região onde os trabalhadores mais apoiaram a medida (75,5%), seguido pelo Sudeste (63,5%), Sul (57%) e Centro Oeste/Norte (57%).

• Programa para dificultar demissões e incentivar empresários a manter empregos

A preocupação com o desemprego ficou comprovada em vários momentos da pesquisa. Quando perguntados sobre a proposta de o governo dificultar demissões e dar incentivo para os empresários manterem os empregos, 80% dos trabalhadores responderam que a medida ajudaria o país, 7% que prejudicaria e 8% que nem ajudaria nem prejudicaria. Apenas 5% não souberam ou não responderam.

Desses 80% que aprovam a medida, 80,7% são do sexo masculino e 79% feminino;  78,1% são jovens e 81,8% adultos, de todos os níveis de escolaridade (79,8% do ensino fundamental, 81,5% ensino médio e 75,9% superior) e faixas de renda (80,8% ganham até 2 SM, 80,8% de 2 a 5 SM e 75,5% mais de 5 SM. A medida tem aceitação em todas as regiões do país: 83,3% no Nordeste, 79,3% Centro Oeste/Norte, 78,9% Sudeste e 76,2% Sul.

• Programa para ajudar pequenas e médias empresas

Além da criação de programas de incentivo para as empresas, os trabalhadores defendem a redução de impostos. Para 86% dos entrevistados, ajudaria o país a criação de um programa para incentivar as pequenas e médias empresas. A aprovação atinge ambos os sexos (87,1% homens e 85,7% mulheres), em todas as faixas de renda (85,6% entre os que ganham até 2 SM, 84,9% de 2 a 5 SM e 91,1% mais de 5 SM), etárias (85,1% dos jovens e 89,4% dos adultos) e níveis de escolaridade (83,8% ensino fundamental, 88% ensino médio e 90,8% superior). Os maiores índices de aprovação foram registrados nas Regiões Nordeste (89,6%), Centro Oeste/Norte (89,3%). No Sudeste o índice de aprovação foi de 84,1% e no Sul de 83,4%.

• Propostas para reduzir impostos sobre salários

Questionados sobre redução de impostos sobre salários e aumento de impostos sobre os lucros e ganhos das empresas, os trabalhadores defenderam as opções que, para eles, ajudam a garantir ou aumentar os postos de trabalho: 82% responderam que diminuir impostos sobre salários ajudaria o país. Para 7% prejudicaria. Outros 7% acham que nem ajudaria nem prejudicaria e 5% não souberam ou não responderam.

Dos 82% favoráveis à redução de impostos sobre salários, 83,3% são homens e 80,4% mulheres; 80% são jovens e 84,4% adultos. A medida é aprovada em todas as faixas de renda (81,3% dos que ganham até 2 SM; 82% dos que ganham entre 2 e 5 SM e 82,4% dos que ganham mais de 5 SM) e níveis de escolaridade (79,6% ensino fundamental, 85,1% ensino médio e 81,6% superior). Mais uma vez, a maior aprovação é no Nordeste, 85,3%. No Centro-Oeste/Norte, 79,3%, no Sudeste, 82,3% e no Sul, 76,2%.

A pergunta sobre aumento de impostos sobre os lucros e ganhos das empresas dividiu os entrevistados. Para 49% (49,9% homens e 47,4% mulheres; 47,6% jovens e 49,2% adultos) a medida ajudaria o país. Para 31% (30,9% homens e 36,3 mulheres, sendo 30,2% jovens e 31,9% adultos), a medida prejudicaria. Outros 12% responderam que não ajudaria nem prejudicaria e 9% não souberam ou não responderam.

Quanto às faixas de renda, houve uma divisão na avaliação de que a medida pode prejudicar ou ajudar o país - a proposta tem mais aceitação entre os que ganham menos. Para 51,1% dos que ganham até 2 SM a medida ajudaria - 25,4% responderam que prejudicaria. Nas faixas de 2 a 5 SM (47,1% acreditam que ajudaria e 33,5% que prejudicaria), entre os que ganham mais de 5 SM, os percentuais foram 46,5% ajudaria e 34,9% prejudicaria.

• Ajuste fiscal

Já o ajuste fiscal divide os pesquisados. Para 42% o ajuste atinge igualmente todos os segmentos da sociedade. Outros 47% acreditam que atinge mais os trabalhadores. Os índices são parecidos quando se analisam os dados por faixa etária e renda. Para 44,1% dos homens e 40,8% das mulheres atinge toda a sociedade. Para 47,2% dos homens e 46,9% das mulheres atinge mais a classe trabalhadora.

• A moradia e o Minha Casa, Minha Vida

Sob qualquer aspecto que se aborde a questão da moradia, a resposta dos/as trabalhadores é a mesma: é preciso investir mais. Para 83% do universo pesquisado, fazer uma ampla reforma urbana, destinando áreas de prédios mal aproveitados para moradia popular ajudaria o Brasil. Só 5% discordaram, 8% acham que nem ajuda nem prejudicaria e 4% não souberam ou não responderam.

Concordam que ajudaria o país, 82,7% dos homens e 83% das mulheres; 83,6% são jovens e 83% adultos, de todas as faixas de renda (86,3% até 2 SM, 82,3% de 2 a 5 SM e 77,2% mais de 5 SM) e de escolaridade (83,7% ensino fundamental, 83,5% ensino médio e 78,8% ensino superior). O maior índice de aprovação vem do Nordeste (89,7%), seguido do Centro-Oeste/Norte, com 88,1%, Sudeste, com 79,4% e Sul, com 73,6%.

Quanto ao aumento do investimento no programa do governo Federal Minha Casa, Minha Vida, para 82% dos trabalhadores a medida ajudaria o país. Outros 7% disseram que prejudicaria 8% que nem prejudica nem ajuda e 3% não souberam ou não responderam. 

Entre a maioria que aprova, 81,5% são homens e 82,3% mulheres; 84,7% são jovens e 80,4% adultos; com ensino fundamental 86%, médio, 81%, e superior, 71,2%. A medida também é aprovada em todas as faixas de renda (87,8% dos que ganham até 2 SM, 80,9% de 2 a 5 SM e 71,9% mais de 5 SM). No Nordeste, a medida foi aprovada por 91,4% dos entrevistados. No Centro Oeste/Norte por 85,9%, no Sudeste por 78,5% e no Sul por 68,6%.

• Reforma agrária

A reforma agrária é outro assunto que tem ampla aprovação dos trabalhadores do campo e da cidade. Diante da pergunta "fazer uma ampla reforma agrária, com distribuição de terras para agricultores de baixa renda, ajudaria o país ou prejudicaria o país", 76% responderam que ajudaria e apenas 9% discordaram, 11% responderam que não ajudaria nem prejudicaria e 5% não souberam ou não responderam.  

• Outros temas

Uma bandeira histórica da CUT, a cobrança de impostos sobre heranças e grandes fortunas, ajudaria o país para 48% dos entrevistados. Outros 25% acreditam que prejudicaria, 18% acham nem ajudaria nem prejudicaria e 9% não souberam ou não responderam. Os percentuais de aprovação entre homens e mulheres, jovens e adultos, inclusive por faixa de renda tiveram percentuais parecidos.

Outra bandeira da CUT, a educação, está entre as grandes preocupações da sociedade brasileira. Diante da pergunta se o aumento do financiamento da educação, ampliando os recursos do Prouni e do FIES, ajudaria o país, 85% responderam sim, apenas 4% discordaram, 6% disseram que nem ajudaria nem atrapalharia e 5% não souberam ou não responderam.   

As respostas mostraram também que a taxa Selic é uma preocupação nacional: 83% dos trabalhadores acreditam que a redução da taxa de juros ajudaria o país, só 6% pensam o contrário, 7% respondeu que não prejudicaria nem ajudaria e 4% não souberam ou não responderam. Os percentuais de aprovação à redução da Selic atingem mais de 80% em todas as faixas etárias, de renda e nível de escolaridade. Entre as regiões do país, só no Sul o percentual (76,5%) ficou abaixo de 80%. No Nordeste, 87,1% dos entrevistados apoiam a redução, no Centro-Oeste/Norte 83,4% e no Sudeste 83,4%.

(Fonte: Marize Muniz - CUT Nacional)

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