MENU

Petrobras: punir os responsáveis, mas defender patrimônio dos brasileiros

Participantes de ato em defesa da estatal são unânimes no apoio às investigações, julgamento e punição a culpados por corrupção, mas afirmam que é preciso preservar a presença da sanha privatista.

Publicado: 25 Fevereiro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Roberto Parizzoti
Metalúrgicos de Niterói Metalúrgicos de Niterói
Metalúrgicos de Niterói  defederam a manutenção dos empregos no setor naval

"Somos 200 milhões de petroleiros." A frase estampada na faixa aberta por militantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) retrata o espírito que animou o ato em defesa da Petrobras realizado na noite de ontem (24) na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro. Com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, auditório lotado e cerca de mil manifestantes na rua, em frente ao prédio da ABI, o ato, organizado pela FUP e pela CUT, contou com expressiva presença de representantes de sindicatos, movimentos sociais e entidades de classe, além de estudantes, artistas e jornalistas.

Acompanhado pela executiva da CUT, o presidente da central, Vágner Freitas, também convocou as forças democráticas para o ato marcado para o dia 13 de março: "Essa campanha para vender a Petrobras a preço de banana para o capitalismo internacional não é um ato isolado dessa direita golpista brasileira. Esse é um enfrentamento de classes, é a luta de classes", disse.

Crédito: Roberto Parizzoti
Protesto Protesto
Petroleiros também estiveram presentes na manifestação em defesa da estatal 

Freitas também elencou outros pontos da agenda política da CUT, como a reforma política e a criação de um novo marco regulatório para a mídia: "Se queremos acabar com a corrupção, vamos fazer a reforma política no Brasil através de um plebiscito, porque esse Congresso que está aí não tem condições de conduzi-la, pois muitos deputados foram eleitos com o dinheiro daqueles que os escravizam. Vamos acabar com o financiamento empresarial de campanha já e construir a possibilidade de que todos possam se eleger, e não sempre a mesma meia-dúzia".

O presidente da CUT também criticou o papel das grandes empresas de mídia: "Para o Brasil ser passado a limpo, temos de fazer urgente uma reforma democrática da mídia brasileira. A mídia no Brasil não é um espaço de debate de ideias e transmissão de informação. Desde a época de Getúlio Vargas, o que a mídia conservadora faz é oposição aos projetos dos trabalhadores. Mentiras são ditas diariamente por uma mídia golpista, por uma direita golpista que não aceita o resultado das urnas".

O secretário geral e de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Joao Cayres, também esteve presento no ato e criticou a imprensa brasileira.  "As denúncias devem ser investigadas e os culpados devem ser punidos. Mas não podemos aceitar que a grande mída continue massacrando a empresa que é do povo brasileiro", disse. 

O secretário geral da IndustriALL, Jyrki Raina, e a presidenta Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Têxtil, Couro e Calçado (CNTV-CUT), Cida Trajano, também participaram do ato no Rio de Janeiro. 

Crédito: Divulgação
Jyrki Raina, João Cayres e Cida Trajano também participaram do ato Jyrki Raina, João Cayres e Cida Trajano também participaram do ato
Jyrki Raina, João Cayres e Cida Trajano no ato que aconteceu no Rio de Janeiro

Os metalúrgicos de Niterói também estiveram no ato com faixas e uniformizados em defesa da manutenção dos empregos no setor naval, coordenados pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e secretário de Administração e Finanças da CNM/CUT, Edson Rocha. "Lutamos para recuperar a indústria naval e nossos empregos depois de anos com os estaleiros em completo abandono por falta de obras. Não podemos retroceder nas conquistas. Este ato mostraa a união dos trabalhadores em defesa do emprego e da empresa", afirmou Edson, que também é coordenador do setor naval da Confederação.  

Lula
Recebido aos gritos de "guerreiro do povo brasileiro", o ex-presidente Lula também fez uma comparação entre o atual momento político brasileiro e as campanhas de desestabilização contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, João Goulart e ele próprio (em 2005, na época das denúncias sobre o mensalão): “Querem punir a Petrobras e criminalizar a política. Essa empresa é motivo de orgulho para mim e para todos os brasileiros. A gente não pode jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas em uma família de 86 mil trabalhadores”.

"O que estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte da sociedade brasileira. Como vimos na campanha eleitoral, para eles é ofensivo as pessoas receberem Bolsa-Família, é ofensivo as pessoas participarem do Pro-Uni. A elite não se conforma com a ascensão social dos pobres que está acontecendo neste país", completou o ex-presidente.

Lula defendeu a reforma política: "Qual a regra da democracia? Querem mudar, vamos mudar. Podemos começar transformando o financiamento privado de campanha em crime inafiançável", disse.

Crédito: Roberto Parizzoti
Lula Lula
Lula aproveitou para defender a reforma política no Brasil 

Lula disse que a presidenta Dilma Rousseff tem que "levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições e vou governar. A Dilma não pode e não deve ficar dando trela, senão o país fica paralisado". Outro recado foi dirigido à militância: "Em vez de ficarmos chorando, vamos lutar para dar continuidade ao processo de revolução social neste país. Estamos começando uma luta. Eu quero paz e democracia, mas, se eles não querem, nós sabemos brigar também".

Democracia sob risco
Todos os discursos convergiram para a necessidade de se separar o joio do trigo. Investigação e, se for o caso, condenação e punição sim. Enfraquecimento de uma empresa que é orgulho nacional e foi construída graças à luta do povo brasileiro não. Por isso, o ato da ABI é encarado como o pontapé inicial de uma ampla mobilização em defesa da Petrobras que terá seu ápice em 13 de março, dia nacional de luta convocado pelas centrais sindicais e movimentos sociais.

"Espero que esse ato signifique que as forças democráticas saiam da letargia e defendam a ordem jurídica", disse à RBA o advogado Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no ato da ABI. Damous exigiu que "seja obedecido o devido processo legal" nas investigações sobre a Petrobras: "O que está acontecendo no Brasil hoje é uma articulação – que só tem paralelo em 1964 – da grande mídia, de setores oposicionistas conservadores de direita, do Judiciário e do Ministério Público, numa afronta sem precedentes à ordem jurídica, com prisões ilegais, manutenção de prisões sem necessidade e a irresponsabilidade de pretender quebrar a Petrobras".

(Fonte:  Maurício Thuswohl, para a Rede Brasil Atual, com informações da assessoria de imprensa da CNM/CUT)

CUT