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Philips avalia aquisições e repensa portfólio no Brasil

Empresa vai ampliar linha de produtos para cuidados pessoais

Publicado: 26 Janeiro, 2010 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Philips está disposta a elevar sua participação de mercado por meio de aquisições no Brasil. Especialmente em áreas como a de cuidados pessoais, em que a empresa ainda tem uma presença tímida, mas cuja importância é fundamental dentro da sua nova estratégia global de se concentrar em produtos voltados à saúde e bem-estar. Em entrevista ao Valor, o presidente da Philips no Brasil, Marcos Bicudo, afirmou que as aquisições são necessárias para acelerar a participação da marca no mercado local.

"O plano da Philips é que os países emergentes, que responderam por 30% das vendas em 2009, signifiquem 50% até 2015", diz Bicudo. "Com isso, o Brasil terá um incremento significativo dos investimentos este ano, que serão voltados desde marketing até potenciais aquisições", afirma.

Segundo Bicudo, em 2007 e 2008, a filial brasileira já investiu US$ 300 milhões na compra de duas empresas da área médica - a Dixtal e a VMI (fabricantes de equipamentos como mamógrafos, tomógrafos e aparelhos de ressonância magnética). "Agora, vamos avaliar oportunidades nos três setores - iluminação, saúde e eletroeletrônicos", diz ele.

Especialmente em eletroeletrônicos, a Philips pretende dar uma nova cara ao seu portfólio. "O mercado de personal care, no qual já atuamos com produtos como barbeadores e depiladores elétricos, vai exigir maior atenção", diz ele. Como exemplo, Bicudo cita a Philips americana, que atua em higiene oral, segmento em que a empresa ainda não tem nenhum produto no Brasil. "Queremos preencher o espaço de saúde e bem-estar", diz ele.

Mas isso não significa deixar áudio e vídeo em segundo plano. Pelo contrário: a empresa, que deve lançar este ano, antes da Copa do Mundo da África, a sua primeira leva de televisores LCD produzidos no país, está otimista com as vendas. "Teremos um ano atípico, com pico de consumo antecipado para o segundo trimestre, por conta da Copa, o que deve fazer crescer as vendas de TVs de LCD no país em 40% este ano", afirma Bicudo, garantindo que o salto da Philips no segmento será maior que isso. "Vamos aumentar nossa participação de mercado também por conta da migração do consumo para TVs de LCD". Em setembro do ano passado, a empresa deixou de produzir TVs de tubo do país.

A multinacional holandesa divulgou ontem os resultados do quarto trimestre e do ano de 2009. As vendas globais caíram 11% nas mesmas bases, chegando a 23,2 bilhões de euros no ano passado. As quedas foram verificadas nos três setores: saúde (-3%), iluminação (-13%) e eletroeletrônicos, ou "consumer lifestyle" (- 17%). O lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de 1,05 bilhão de euros, 41% superior ao de 2008. O lucro líquido atingiu 424 milhões de euros, contra um prejuízo de 92 milhões de euros do ano anterior.

No início de 2009, a empresa realizou uma profunda reestruturação mundial, com o anúncio de corte de 6 mil postos de trabalho, reduzindo assim seus custos fixos.

No Brasil, segundo Bicudo, o lucro cresceu 8%. Em vendas totais, no entanto, houve queda de 5% no mercado local, por conta do câmbio, afirma. "Se reportássemos o resultado em moeda local, possivelmente, teríamos crescimentos de dois dígitos", diz Bicudo. Aqui, o crescimento foi puxado por iluminação e televisores. "Houve melhora significativa das margens, especialmente no último trimestre".

A conta do amianto

Parte do fluxo de caixa da Philips mundial foi impactada, em 2009, pelo pagamento de 485 milhões de euros a vítimas do uso de amianto nas fábricas da companhia na América do Norte. De acordo com a empresa, essa era uma prática comum há cerca de 50 anos, cujos malefícios até então eram desconhecidos. A inalação de amianto está relacionada a diversos tipos de doenças pulmonares. O caso de funcionários expostos ao amianto veio à tona em 1995 e, pelo menos desde 2004, a empresa vem pagando indenizações às vítimas.

No balanço de 2009, a empresa afirma que criou um fundo de 600 milhões de euros para indenizar os que foram prejudicados pela exposição ao amianto, com o qual acredita que irá cobrir todos os custos envolvendo a questão. A companhia, no entanto, conseguiu recuperar com seguradoras 114 milhões de euros, o que fez a conta do fundo abaixar para 485 milhões de euros.

Fonte: Valor