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Plano de reestruturação mundial da Dana atinge três fábricas no Brasil

Publicado: 21 Outubro, 2005 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Dana Corporation anunciou ontem nos Estados Unidos que tomará uma série de iniciativas como venda de ativos e a redução de custos para melhorar o desempenho financeiro da empresa a partir do ano que vem. A reestruturação do grupo de autopeças também vai atingir parte das operações brasileiras da empresa. O diretor de comunicação corporativa da Dana no Brasil, Luciano Pires, explica que a idéia é focar a companhia nos produtos de transmissão de força, as linhas mais tradicionais do grupo, diminuindo a diversificação.

No Brasil, a reestruturação vai significar a venda das operações de bombas de combustíveis em Diadema (SP) e na capital paulista e das divisões Perfect Circle e Glacier Vandervel da Dana, localizadas em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre.

A unidade gaúcha da Perfect Circle iniciou a produção em 1991, fabricando anéis de pistão e camisas de motor. Na América do Sul, também existem plantas em San Juan e Rosário, na Argentina. Já a divisão Glacier Vandervel do Brasil produz bronzinas para motores. A operação foi inaugurada em 2001.

O site da Dana em Gravataí conta com oito divisões. Das que estão relacionadas pela corporação para a venda, a maior é a Perfect Circle, que tem 240 trabalhadores. A Glacier Vandervel é de menor porte, com cerca de 30 funcionários. A notícia foi recebida com apreensão entre os colaboradores das duas unidades, que temem o encerramento das operações caso não surjam interessados na aquisição. Como a intenção da empresa é cortar custos, também acreditam que são poucas as chances de realocação dentro da própria companhia.

As alterações globais da Dana, conforme anunciou ontem o chairman e principal executivo do grupo, Michel Burns, tem quatro grandes eixos: concentração em sistemas de transmissão para veículos leves e pesados, estruturas associadas, vedação e produtos térmicos; reestruturação operacional dos sistemas automotivos e dos grupos de sistemas e das tecnologias para veículos pesados; venda de três divisões consideradas não-essenciais e, por último, a redução de benefícios.

'Essas medidas vão possibilitar a Dana ser mais lucrativa no futuro. Estes são tempos sem precedentes para a Dana e para o setor automotivo. Embora uma série de medidas que estamos tomando sejam dolorosas, elas são vitais para recolocar a nossa companhia em seu foco, para acelerar a relação do processo custo-benefício, e impulsionar o desempenho na nossa organização em escala global', disse Burns, que também ontem enviou uma carta aos colaboradores explicando o significado das mudanças nas questões operacionais e de benefícios. Segundo ele, ao mesmo tempo essas medidas permitirão capitalizar as operações remanescentes para elevar a presença da companhia nos mercados globais importantes e, por conseqüência, proporcionar melhores resultados aos acionistas.

Para alcançar os novos objetivos, a Dana pretende se desfazer das operações de peças rígidas para motores, fluídos e bombas. Espalhadas pelo mundo, estas unidades empregam atualmente cerca de 9,8 mil pessoas e que ano passado geraram vendas de US$ 1,3 bilhão. A divisão de peças rígidas conta com 26 operações que produzem anéis de segmento, arvores de ressaltos e mancais para motores sob as marcas Perfect Circle, Clevite e Glacier Vandervel. As vendas desta divisão somaram ano passado US$ 720 milhões, empregando 5,3 mil pessoas em 10 países.

Já a divisão de fluídos tem 16 operações que produzem fluídos de sistemas de frenagem, direção hidráulica, sistemas de climatização HVAC e aplicações de combustíveis. Estas unidades faturaram US$ 470 milhões em 2004, empregando 3,8 mil pessoas em seis países. De menor porte, a parte de bombas se resume a uma operação de bombas para transmissão de fluídos em Diadema (SP) e outra para o mercado secundário localizada na capital paulista. As duas unidades tiveram ano passado uma receita de US$ 80 milhões, com 650 postos de trabalho.

A Dana espera contrair despesas que não passam pelo caixa de cerca de US$ 315 milhões antes da dedução dos impostos para reduzir os ativos líquidos dessas divisões para um valor realizável. 'Esperamos usar o resultado dessas vendas para reduzir dívidas e reinvestir nas divisões que serão importantes para o futuro crescimento do lucro', explicou Burns.

O corte de benefícios previsto pela empresa consiste em eliminar o plano de compra de ações pelos empregados, reduzir a participação da empresa nos custos dos planos médicos nos Estados Unidos, suspender as contribuições equivalentes dos seus programas de poupança de longo prazo nos EUA e no Canadá, além de outras medidas de corte de custos.

Tais iniciativas, estima a Dana, irão representar em 2006 uma economia de mais de US$ 25 milhões antes da dedução dos impostos. Outra medida foi suspender os aumentos salariais dos empregados.
Baseada em Toledo, no estado de Ohio, a Dana está presente em 28 países, empregando cerca de 46 mil pessoas. A companhia teve ano passado um faturamento global de US$ 9,1 bilhões. No Brasil, além do Rio Grande do Sul e de São Paulo a empresa tem unidades no Paraná. (Caio Cigana)

Fonte: Gazeta Mercantil