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Metalúrgicos debatem políticas públicas de combate ao racismo no país

Publicado: 27 Novembro, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: CNM/CUT
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Grupo discutiu políticas públicas realizadas na última década

A turma do segundo módulo do curso de Formação Sindical “Combate ao Racismo para construção da Igualdade Racial” debateu e refletiu nos primeiros dias de aula as políticas públicas de combate ao racismo no Brasil. O curso, promovido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), que começou na terça-feira (25) e se estende até sexta-feira (30), conta com a presença de dirigentes de todo país.

O curso foi ministrado pelo sociólogo e professor Uvanderson Vitor da Silva. Para ele, as políticas afirmativas da última década realizaram ações concretas para o enfrentamento das desigualdades raciais no país. “As ações afirmativas foram determinantes para definir um modelo de política de igualdade racial. Foi um marco na maneira como se discutiu as relações sociais no Brasil. Antigamente, a questão racial era pautada apenas na ideia da denúncia do racimo. Com as políticas afirmativas percebemos uma intervenção das desigualdades e, acima de tudo, a correção desse problema social”, explicou.

O sociólogo também abordou a luta da mulher negra no país. Como exemplo, o professor trouxe a história da escritora Carolina Maria de Jesus. De família pobre, a catadora de papel viveu na favela do Canindé (SP) e transformou sua vida através da poesia. “A Carolina traz o espírito de luta dos militantes. A escritora foi visionária ao escrever que o Brasil deveria ser governado por alguém que passou fome. Infelizmente, Carolina não presenciou o momento atual do país, que combateu a fome, a pobreza e a miséria”, disse.

Crédito: CNM/CUT
Sociólogo Sociólogo
Sociólogo (em pé) levantou debates como cotas raciais e a mulher negra na sociedade 


O professor também lembrou que em 2003 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história africana em todo o país, mas ainda é preciso formar professores que atendam ao propósito das aulas. “Além de muitas instituições não cumprirem a lei, ainda é preciso vencer o desafio de ter profissionais capacitados. O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. A lei tem o objetivo de mudar esse conceito e modelo de aprendizagem”, avaliou.

Para a dirigente Patrícia Pereira Guimarães, que está no primeiro ano de mandato no Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, o curso foi essencial para sua formação e pretende levar a temática para os diretores e trabalhadores da base. “Hoje, eu sei como combater o preconceito, a discriminação e o racismo. Gostaria muito de levar o curso para o Sindicato e trabalhadores, mas acredito que se o tema for debate para os próximos anos já é uma vitória. Infelizmente, o preconceito do tema está mais perto do que imaginamos”, disse.

Metalúrgicos negros no mercado de trabalho
Nesta quarta-feira (26), o grupo também contou casos de racismo no mercado de trabalho, a partir das informações sobre o perfil (confira o estudo completo aqui) do trabalhador negro no ramo metalúrgico, que foi apresentado por Cristiane Ganaka, da Subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) da CNM/CUT.

Crédito: CNM/CUT
Técnica do Dieese apresentou os dadosTécnica do Dieese apresentou os dados
Cristiane Ganaka, técnica do Dieese, apresentou estudo sobre perfil do metalúrgico negro


Segundo o estudo, que tomou por base a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE) de 2013, a participação dos (as) metalúrgicos (as) negros (as) é maior que a de não-negros (as) na maioria das regiões do Brasil, exceto no Sul e Sudeste. Mas, no total nacional, mão de obra negra soma apenas 27,8%.

Ainda de acordo com o levantamento, a presença da mão de obra negra é maior em dois segmentos: outros materiais de transporte (52,4%) e naval (52,3%), que são os que têm a maior rotatividade, os salários mais baixos e as piores condições de trabalho. Na outra ponta, o setor aeroespacial é o que menos emprega trabalhadores negros (9,8%).

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa CNM/CUT)