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Prêmio Nobel da Paz diz que é obrigação moral lutar pela liberdade de Lula

Publicado: 18 Abril, 2018 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (17), no Museu da Maré, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, o ativista argentino, Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, falou sobre as chances do ex-presidente Lula ganhar o prêmio, da violência do Estado contra o povo pobre e as ameaças à democracia no continente latino americano. A campanha que Esquivel lançou para apoiar a indicação de Lula ao Nobel da Paz 2018 já tem mais de 230 mil assinaturas. A meta é chegar a 300.

Ele disse que pediu ao juiz que condenou Lula no caso do tríplex de Guarujá [Sérgio Moro] para visitar o ex-presidente, que se encontra como preso político, na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, desde o dia 7 de abril. Segundo Esquivel, a visita é importante para trocar informações e fazer o lançamento da candidatura de Lula ao Nobel da Paz.

“Lula é um homem que em todo o seu trabalho pensou nos mais necessitados, nos marginalizados. Tirou da pobreza e da fome mais de 30 milhões de brasileiros. Lula tem reconhecimento da ONU, FAO, OEA e Unesco”, disse.

Ele explicou que está conversando e trocando informações com outros ganhadores do Nobel da Paz de países como Espanha, Alemanha, Itália e Egito, entre outros, para entregar uma documentação sobre Lula ao Comitê do prêmio e lançar sua candidatura, no próximo mês de setembro, época das inscrições.

“As possibilidades de Lula ganhar são muitas. Seria o primeiro Prêmio Nobel do Brasil e seria muito importante esse reconhecimento".

Esquivel disse ainda que muitos países estão preocupados com a situação do Brasil, que é preciso trabalhar a resistência, não ser cúmplice das injustiças, não permitir as injustiças, lutar contra a impunidade, e por isso quer Lula Livre.

Segundo o Nobel da Paz, estão destruindo o sistema progressista do continente latino-americano. A democracia está em perigo com os povos perdendo direitos e liberdade.

Ele citou ainda o assassinato e a prisão de mais de 100 jornalistas no continente latino- americano, e lembrou que as forças policiais e armadas desses países, incluindo o Brasil, estão sendo treinadas na Palestina, por Israel. Segundo ele, o parlamento israelense aprovou a tortura como forma de repressão.

“É um treinamento para controle social, e aplicam essa política, essa metodologia repressiva aqui no continente”.

De acordo com Esquivel, é uma obrigação moral, como companheiros de luta, lutar pela  liberdade, fortalecer a unidade entre os povos. Que não é preciso pensar igualmente, mas ter objetivos comuns.

“Precisamos encaminhar a palavra, com uma palavra podemos amar e com uma palavra podemos destruir como uma arma. A palavra nesse momento é unidade, para pensar juntos, para construir”.

“O dia que deixarmos de sorrir pela vida, é porque perdemos do capitalismo e o capitalismo nasceu sem coração”.

O Nobel da Paz incentivou a busca por alternativas de economia solidárias, economias regionais e, em especial, a educação. Citando Paulo Freire como exemplo, disse que a educação existe como prática da liberdade.

“Muitas vezes pensamos que a liberdade não é fazer nada. Liberdade é lutar pela justiça, se não há justiça, não há paz e não há liberdade”.

“Devemos incluir nos direitos dos povos a sua identidade, seus valores e sua  espiritualidade porque ser povo não é contar muita gente, é ter identidade, pertencer a algo, é o sentido da vida, é a força para construir novas possibilidades de vida”, analisou.

Marielle presente, Anderson presente !

Na entrevista, as memórias da vereadora do PSOL e militante dos direitos humanos, Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram lembradas.

Ontem (16), fez um mês em que ambos foram brutalmente assassinados. Até hoje, a polícia não apontou nenhum suspeito pelas mortes.

“A diversidade é democracia. Não podemos ter medo da repressão que matou Marielle e Anderson Gomes. Vivemos num estado de violência estrutural que assassina índios, negros, homens e mulheres que defendem os direitos humanos. Precisamos resistir ao capitalismo, que põe o interesse financeiro sobre a vida dos povos”, declarou o Nobel da Paz, Peres Esquivel.

Segundo Esquivel, a morte de Marielle teve grande repercussão na América Latina e no mundo.

“É o reconhecimento de uma lutadora de seu povo. Marielle está presente no Brasil e no mundo. Temos de recordar sua memória. Marielle Vive!”.

A visita do prêmio Nobel da Paz à favela da Maré e a coletiva foi organizada pelo Fórum Pró-Comissão Popular da Verdade.

Estiveram presentes moradores e lideranças das favelas, Frente Brasil Popular, FAFERJ, FAF Rio, MST, MTST, Frente Povo Sem Medo e movimentos sociais.

(Fonte: Rosely Rocha, especial para Portal CUT)