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Programa de Aécio admite que inflação de alimentos é fruto de fatores externos

Publicado: 21 Outubro, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O diagnóstico elaborado pela equipe de campanha do candidato à presidência da Republica pelo PSDB, Aécio Neves, conclui que existe um arranjo internacional no mercado agrícola: “demanda forte com baixos estoques e com alta presença de especuladores acarreta instabilidade permanente e altos preços”. Embora ataquem firmemente o aumento de preços nos alimentos nos últimos anos, evocando o fantasma da volta da inflação, os tucanos admitem que é “forçoso reconhecer” que existe uma situação mundial interferindo nos preços e nas demandas dos alimentos.

Ao compor a argumentação sobre a necessidade de o Brasil melhorar sua já destacada posição no cenário internacional de exportações agrícolas, ressaltando um importante aumento na demanda, a campanha de Aécio indica também que muitos investidores viram no mercado agrícola uma maneira de se proteger contra a desvalorização do dólar na última década.

“O mundo agrícola assistiu nos últimos dez anos à entrada maciça de fundos de investimentos e especuladores nos mercados de futuros agrícolas. As posições compradas e vendidas desses agentes trouxeram grande volatilidade aos preços das commodities agrícolas, complicando o quadro de precificação desses produtos”, diz um trecho do documento. Commodities são produtos em estado bruto, normalmente com cotação internacional.

Outro ponto destacado é a eliminação dos grandes estoques públicos de alimentos, utilizados para garantir preços e atender à demanda em situações de desabastecimento, ao mesmo em que a demanda mundial cresce sem parar. Segundo Aécio, os grandes investidores do setor passaram a utilizar as diferentes periodicidades de safra nos hemisférios norte e sul do planeta para ter sempre o produto, sem estocar.

“Ao fazer isso, reduz-se substancialmente a quantidade de estoques necessários para atender ao comércio mundial. Entretanto, é forçoso reconhecer que o risco do novo modelo agrícola internacional é extremamente alto. Demanda forte com baixos estoques e com alta presença de especuladores acarreta instabilidade permanente e altos preços. Eis o novo equilíbrio da economia agrícola internacional.”

Porém, ao mesmo tempo que reconhece a dificuldade em garantir preços baixos nos alimentos, o tucano ataca o governo da presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), por conta da inflação que ele considera "descontrolada". "Como eu acho que [a inflação] não está sob controle, vou decretar guerra à inflação, tolerância zero, nós vamos tirar esse fantasma de novo da vida da dona de casa do trabalhador brasileiro”, prometeu na tarde de ontem (20), em visita ao Santuário de Aparecida.

O Brasil é hoje o maior exportador de suco de laranja, com 81% do total global. Também é líder na exportação de soja, com 41% do volume mundial. E ainda controla um terço do comércio mundial de carne de frango.

Embora o agronegócio não seja responsável pelo atendimento da maior parte da demanda interna brasileira – cuja produção vem dos pequenos produtores e de agricultura familiar –, uma situação de instabilidade no setor, acrescida de um cenário de crise internacional e de condições climáticas adversas como a estiagem em São Paulo, pode interferir no preço praticado internamente, promovendo altas como as vistas com os tomates no início do ano passado.

(Fonte: Rede Brasil Atual)