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Quase 65 mil brasileiros já morreram de Covid-19, a maioria é homem, pobre e negro

96% das pessoas que morreram de Covid-19 viviam em zonas urbanas e quase seis em cada dez eram homens. Mesmo assim, povo lota as ruas, praias e bares, sem máscaras nem distanciamento social

Publicado: 06 Julho, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: reprodução
Quase 65 mil brasileiros já morreram de Covid-19, a maioria é homem, pobre e negro Quase 65 mil brasileiros já morreram de Covid-19, a maioria é homem, pobre e negro
Quase 65 mil brasileiros já morreram de Covid-19, a maioria é homem, pobre e negro 

Ainda com a curva da maior pandemia da história ascendente, o brasileiro parece ter perdido o medo da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Neste domingo (5), com mais 602 vidas perdidas em 24 horas, o Ministério da Saúde confirmou que 64.867 brasileiros morreram no país vítimas da doença desde março. Outras 1,6 milhão de pessoas foram infectadas.

Mesmo com a explosão de casos confirmados e vidas perdas, o que se viu nas ruas nesse fim de semana foi mais desrespeito de brasileiros que lotaram praias e bares sem qualquer preocupação com as medidas de segurança, como o uso de máscaras, distanciamento social e lavagem das mãos ou uso de álcool em gel constante, únicas maneiras de evitar o contágio de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), que analisou as fichas tinham nome e endereço dos pacientes a pedido da revista Época, as principais vítimas da doença são do sexo masculino, pobres e negros.

Por esses dados é possível afirmar que 96% dos pacientes que morreram de Covid-19 no Brasil viviam em zonas urbanas e quase seis em cada dez eram homens. A cor da pele é preenchida em cerca de dois terços das fichas e, apesar das lacunas, os números evidenciam o impacto da desigualdade no país.

Das vítimas cuja cor foi identificada, 61% constam como pardas e pretas, já no Norte, 86% eram pardas e pretas, no Nordeste, eram 82%, segundo o levantamento.

Mesmo diante dessa realidade, o que se viu nas principais capitais, epicentro da pandemia, foi falta a falta de empatia em especial dos governantes que parecem debochar da doença. O contágio não desacelerou ou caiu muito pouco, mas governantes de diversos Estados se apressaram para flexibilizar a quarentena e reabrir o comércio por pressão do setor econômico e sob a justificativa de redução da ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas capitais e cidades metropolitanas.

As medidas vêm gerando uma série de críticas de infectologistas e profissionais da área da saúde que afirmam que o Brasil pode ter nos próximos dias uma explosão de casos de coronavírus.

E um levantamento publicado no jornal O Estado de S.Paulo neste domingo (5) apontou que, após o retorno de atividades não essenciais o número de casos de coronavírus aumentou em ao menos 12 capitais brasileiras que deram início ao processo de retomada das atividades econômicas. Entre essas capitais estão São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, na região Sudeste, em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, no Sul, em Brasília, Campo Grande e Cuiabá, no Centro-Oeste, além de João Pessoa e Salvador, no Nordeste, e de Palmas, na região Norte. Foram consideradas na análise 18 das 27 capitais brasileiras.

Situação dos Estados

Em São Paulo, o estado que mais concentra casos de coronavírus no país, que tem um plano de reabertura gradual das atividades econômicas desde o início de junho, o número de casos diários subiu 15%, o que levou ao aumento de internações.

O governador João Doria (PSDB), que já havia autorizado a reabertura de shoppings e lojas de rua, autorizou a reabertura, a partir desta segunda-feira (6), de salões de beleza, restaurantes, cinemas e academias, apesar de continuar batendo recordes de novos casos.

O Rio de Janeiro, terceiro Estado que mais acumula casos no país, atrás apenas de São Paulo e Ceará, que ultrapassou o Rio na última semana,  autorizou a reabertura de bares na última quinta-feira.  No protocolo da prefeitura, funcionários e clientes precisam usar máscaras, e o serviço ser encerrado no máximo até as 23h, mas a realidade no primeiro fim de semana após a reabertura foi muito diferente.

Nesse fim de semana, fiscais da Vigilância Sanitária, que interditaram 5 bares e multaram 132 estabelecimentos, foram hostilizados em várias partes da cidade. O estado do Rio de Janeiro tem 10.667 mortos e 121.292 casos confirmados de Covid-19

Já em Brasília, onde o governador Ibaneis Rocha (MDB) reabriu o comércio no fim de maio, os índices quintuplicaram ao longo do mês passado.

Apesar do aumento de novos de coronavírus, Brasília teve movimento intenso neste domingo (5) nas ruas e praças. As atividades estavam suspensas desde março, mas foi reaberta para pedestres e ciclistas no dia 11 de junho.

Alguns foram para a rua sem máscara. Outros, deixavam o item de proteção pendurado abaixo do queixo, o que não é correto.

Capitais no Norte e Nordeste registram queda

Após o lockdown, as cidades que vivenciaram o pico da pandemia no mês de maio e adotaram medidas rígidas de isolamento social há redução de novos casos

Essas cidades retomaram as atividades econômicas após algum controle sobre a propagação do vírus. A reabertura há mais de um mês não registrou  elevação nos novos casos em Manaus, São Luís, Recife e Fortaleza. Mas, o aumento de casos, em especial, no interior do Ceará preocupa as autoridades.

Exceto Manaus, em todas essas cidades o governo local chegou a decretar bloqueio completo das atividades, o chamado lockdown.

Nessas regiões, os novos casos diários estão em queda de mais de 50% em relação ao dia da reabertura. Na capital do Maranhão, por exemplo, os 50 novos infectados representam uma redução de cerca de 80% ante os 300 infectados confirmados diariamente durante o pico de maio.

Belém também apresentou recuo na média de pessoas infectadas. A cidade chegou a ter lockdown e hoje registra redução de 24% nos novos casos.

 

*matéria publicada no site da CUT