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Revolta na Câmara indica riscos para a Previdência

Publicado: 19 Abril, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A derrota do governo no pedido de urgência da reforma trabalhista fez soar todos os alarmes no Palácio do Planalto e pode estar ligado à divulgação da "Delação do Fim do Mundo". O maior receio do governo é com a reforma da Previdência, cujo relatório deve ser lido hoje de manhã em comissão especial da Câmara. Qualquer atraso será um sinal de problemas graves para a tramitação da proposta.

A rebeldia de ontem pode ter reflexo na votação da MP que acabou com as isenções fiscais. A medida preservou os meios de comunicação, hoje alvo da ira dos deputados devido à ampla divulgação que as delações da Odebrecht tiveram na imprensa. O governo acha que a rebelião deve ficar nisso e não espera ser surpreendido na reunião de hoje da comissão especial da Previdência. Mas nada leva a crer que a tensão de ontem, quando houve até invasão de policiais na Câmara, não venha a se repetir.

A rebeldia na Câmara, no entanto, parece ter causas mais profundas. Congressistas falam aos quatro cantos que contrataram o governo Temer para "estancar a sangria" da Lava-Jato, o que o Planalto não consegue e nem conseguirá entregar. Ficou provado semana passada. O Congresso sente-se descompromissado e cria dificuldades para entregar a agenda prometida por Temer.

Na cabeça do parlamentar, ele está sendo esculachado pelo Judiciário, a opinião pública e ainda é chamado a votar medidas impopulares de resultados de médio prazo e que somente serão sentidos quando já terá perdido o mandato.

Os deputados, também, já não temem ser abandonados pela máquina federal. A essa altura, não dá para o governo desencadear um amplo processo de esvaziamento das estruturas administrativas que eles ocupam nas suas regiões. A Câmara também aposta que o presidente Michel Temer não é de fazer represálias, como não era José Sarney (1985-1990).

As dificuldades mostram que o presidente da República terá que redobrar os esforços, se quiser a reforma da Previdência neste semestre, o que é pouco provável. O cenário mais aproximado para a finalização da reforma é setembro. Atrasos contínuos para votação na Comissão Especial e no plenário da Câmara não são um bom sinal.

(Fonte: Valor Econômico)