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Trabalhadores de Rio Grande fazem manifestações em defesa do polo naval

Metalúrgicos querem a continuidade das obras financiadas pela Petrobras nos estaleiros, que estão ameaçadas pela crise que atinge as empresas investigadas pela Operação Lava Jato.

Publicado: 13 Fevereiro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Manifestação Manifestação
Protesto contou com a participação de trabalhadores do setor naval e de outros segmentos

Os trabalhadores do polo naval de Rio Grande (RS) promoveram uma série de protestos no município nesta quinta-feira (12), contra as demissões nos estaleiros e por mais investimentos em projetos ligados à Petrobras. 

Dono de um extenso polo naval, a cidade tem os maiores investimentos da Petrobras no estado. Com a suspensão dos novos contratos com empresas investigadas na Operação Lava Jato, o nível de atividade portuária diminui. “Queremos mostrar como Rio Grande ficará com a perda do polo naval,” disse Benito Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande.

O Sindicato promete novas mobilizações para que a Petrobras garanta as obras para o polo gaúcho. "Ou a gente vai para a rua agora e faz essa mobilização, ou pegamos a mochila e vamos embora para casa porque acabou tudo", assinalou Benito.

Segundo o secretário de Administração e coordenador do setor naval da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Edson Rocha, que esteve presente no ato, cerca de sete mil trabalhadores perderam seus empregos nos últimos meses devido as denúncias da Operação Lava Jato. “Os problemas das empresas que são alvo da Operação provocam incerteza sobre o futuro do polo naval gaúcho e em todo o Brasil. É importante lembrar que a crise também gera consequências em empresas terceirizadas, que estão fazendo demissões, e no comércio local, que sofre com a queda nas vendas. Trabalhadores de diversos setores são prejudicados”, disse Rocha.

Crédito: Divulgação
Manifestação reuniu milhares de pessoas no centro da cidadeManifestação reuniu milhares de pessoas no centro da cidade
Manifestação reuniu milhares de pessoas e teve a adesão do comércio no centro da cidade

O secretário da CNM/CUT também destacou a participação popular nos protestos. De acordo com Rocha, os ônibus do transporte público coletivo pararam, os acessos ao polo naval foram bloqueados e o comércio no centro da cidade aderiu à mobilização. “Milhares de pessoas participaram do ato. A população sabe a importância da indústria na região e também querem lutar pelos empregos e investimentos na cidade. Por isso, a luta é de todos”, contou.

O movimento encabeçado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande teve apoio dos demais sindicatos da categoria no estado e no país, além do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), do Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), além dos sindicatos dos Bancários, Empregados no Comércio e Trabalhadores nas Indústrias.

Crédito: Divulgação
PopulaçãoPopulação
 


Em dezembro, os sindicalistas se reuniram no Rio de Janeiro com a então presidente da Petrobras, Graça Foster, para pedir a continuidade dos investimentos no setor naval e a manutenção dos postos de trabalho gerados no país com a contratação de obras com empresas nacionais.

A categoria e a população também realizaram bloqueios em estradas e impediram a circulação de ônibus e balsas na cidade.   

Confira o manisfesto da cidade de Rio Grande: 

Rio Grande parou em defesa da Petrobras, do pólo naval e dos empregos. Nesse 12 de fevereiro, ao final de um vitorioso dia de luta em que a cidade de Rio Grande parou, milhares de trabalhadores cruzaram seus braços para refletir e se posicionar sobre a grave situação que ameaça a cidade e o País.

Há quase um ano o País acompanha uma operação policial que detectou evidências de crimes, pelos quais são investigadas pessoas que participaram da gestão da Petrobrás e de empresas fornecedoras. A ação contra a corrupção tem o nosso mais firme apoio. Queremos o esclarecimento dos fatos e rigorosa punição dos culpados.

É urgente denunciar, no entanto, que esta ação tem servido a uma campanha visando à desmoralização da Petrobras, responsável por investimentos e geração de empregos em nossa cidade, no Estado e no Brasil.

Não vamos abrir mão de exigir o esclarecimento de todas as denúncias, o julgamento e a punição dos responsáveis; mas não temos o direito de ser ingênuos nessa hora: há poderosos interesses contrariados pelo crescimento da Petrobras. Há setores ávidos por se apossar da empresa, de seu mercado, suas encomendas e das imensas jazidas de petróleo e gás. Estamos atentos aos setores que ameaçam desviar o sentido dessa luta.

Cabe ao governo não vacilar diante de pressões indevidas, garantir o início imediato da construção da P75 e P77, a manutenção da produção e conteúdo local, a garantia dos investimentos sociais e a destinação da riqueza oriunda do petróleo para a maioria do povo brasileiro, particularmente à saúde e à educação pública.

Estão em jogo os interesses da esmagadora maioria da nação. Esta é a dimensão da luta que iniciamos hoje.

Desde já, como continuidade desta mobilização vitoriosa, anunciamos a constituição de um amplo comitê unitário em defesa da Petrobrás, do Polo Naval e dos empregos em nossa cidade. Sua tarefa é imediatamente dar início à preparação da mobilização convocada nacionalmente para o dia 13 de março pela CUT com os movimentos sociais em torno da defesa dos direitos e da Petrobrás, não ao PL4330 da terceirização, entre outras.

O futuro de Rio Grande depende da mais ampla mobilização!

Nenhum retrocesso, nenhum direito a menos!

Dia 12 de fevereiro de 2015, cidade de Rio Grande.

 
(Fonte: Assessoria de Imprensa CNM/CUT, com informações da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul)