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Sakamoto: aprovação de Temer é tão precária quanto os empregos gerados no País

Publicado: 04 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Jornalista Leonardo Sakamoto afirma que "Michel Temer segue sendo visto como uma 'aberração' pela maioria da população segundo a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (3)". "Sua rejeição melhorou dois pontos (ou seja, dentro da margem de erro), ficando em 71%. A aprovação manteve-se nos ridículos 5%", lembra.

"Os sinais de melhora na economia são insuficientes para provocar mudanças consistentes na vida da população. Segundo o IBGE, o desemprego foi de 12,2% no trimestre que terminou em outubro, ou seja, 12,7 milhões de pessoas. No trimestre encerrado em julho, a taxa era de 12,8% – maior que no trimestre encerrado em outubro de 2016, quando era de 11,8%. Neste ano, houve um aumento de 2,4% de trabalhadores sem carteira. Ou seja, mesmo se milhões forem empregados, ainda assim a situação continuará muito ruim", diz.

"E a geração de empregos cresceu na base da precarização dos direitos dos trabalhadores. Pesquisa divulgada pelos IBGE, nesta semana, estimou que praticamente todas as vagas criadas no setor privado, em 2017, são informais", complementa.

De acordo com o jornalista, "os trabalhadores entregaram mais do que os patrões para que esse crescimento voltasse a acontecer. A impressão de que este é um governo que defende os mais ricos em detrimentos aos mais pobres vem sendo demonstrado pela estratificação do apoio a Temer na série histórica da pesquisa. Além disso, entre os mais ricos, 31% avaliam que sua situação piorou e, entre os mais pobre, 60%". "Não apenas porque os de cima têm um colchão de proteção maior, mas também porque não sentiram o estalar do chicote como os de baixo. Ainda assim, por mais que a aprovação de Temer suba nos próximos meses junto com algum crescimento da economia, não deve avançar muito".

Sakamoto também recorda que "nenhum outro presidente foi denunciado criminalmente pela Procuradoria-Geral da República ainda estando no cargo. E por duas vezes, envolvendo corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça. Por mais que governos anteriores tentassem, este transformou a relação com o Congresso Nacional em uma grande feira livre a céu aberto, entregando facilidades, benefícios e dinheiro em troca de votos para a manutenção do seu pescoço".

"Um presidente visto como corrupto, misógino (suas declarações machistas são antológicas) e amigo dos piores nomes da República. E, pior, um presidente visto como traidor. Porque, concordando ou não com o impeachment, ele conspirou a céu aberto pela queda de Dilma Rousseff. E o povo detesta um traidor. E olha que a Reforma da Previdência nem foi posta em votação ainda, o que tende a reduzir ainda mais o que já é pequeno", continua.

"Ou seja, o grosso da população pode até melhorar o humor com Temer a depender do que aconteça na economia. Mas ele continuará sendo avaliado como alguém que primeiro pensa em garantir o seu e o dos seus, para depois, se der tempo, garantir qualidade de vida ao resto".

Leia a íntegra da análise no Blog do Sakamoto.

 (Fonte: Brasil 247)