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Secretário da CNM/CUT defende setor naval em audiência na Câmara dos Deputados

Publicado: 22 Maio, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
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Edson Rocha em audiência na Câmara dos Deputados 

A indústria naval contabiliza uma redução de 11 mil empregos desde dezembro de 2014. As causas são as dificuldades resultantes dos escândalos envolvendo a Petrobras [na Operação Lava Jato] e a crise político-econômica do país. A informação é do Sindicato da Indústria Naval Brasileira (Sinaval) e foram apresentadas nesta quinta-feira (21), durante audiência pública na Câmara dos Deputados. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) também participou das discussões através do Secretário de Finanças e Coordenador do Setor Naval no Brasil, Edson Rocha, que também é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói/RJ.

De acordo com o presidente do Sinaval, Ariovaldo Santana de Rocha, não procedem as informações de que as demissões já seriam 20 mil. “Até o momento, foram cerca de 11 mil demissões no setor. Em dezembro do ano passado, a indústria naval tinha 82 mil empregos diretos. Hoje, são 71 mil. Não fossem os problemas atuais, poderíamos ter mais de 100 mil pessoas empregadas”, explicou Ariovaldo.

Ao mesmo tempo em que elogiou as iniciativas do governo para estimular o setor, Rocha fez críticas a instituições financeiras que têm criado dificuldades para o crédito necessário à execução dos investimentos previstos em contratos.

“Estamos tralhando diretamente com o governo federal. No entanto, infelizmente não temos conseguido solução para o problema de financiamentos com o setor financeiro. A exceção é o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”, disse Rocha.

O secretário da CNM/CUT, pediu uma atenção maior do governo com os trabalhadores nas discussões sobre a indústria naval brasileira. Edson cobrou a inserção dos representantes da mão de obra em todos os fóruns de debates sobre o setor naval.

“A gente vinha com uma intenção de conversar realmente com a Presidência da República pensando numa maneira de colocar a cara do trabalhador também nas comissões. É o que a gente está pedindo e solicitando da Petrobras e da Transpetro, que já abriu a porta para os trabalhadores, mas a Petrobras ainda não. Nós temos questões que gostaríamos de conversar especificamente sobre alguns locais como Niterói, sobre verbas e suplementações que não foram colocadas para o Estaleiro Mauá, por exemplo, que a gente não entende o por quê. Como membro do Conselho do Fundo de Marinha Mercante, liberamos o aporte, mas quando chega ao BNDES, a empresa não consegue. Daí, caem na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil que demoram na implementação das verbas solicitadas criando um vácuo. A gente pode ter demissões nos estaleiros pela demora nos financiamentos que já foram aprovados pelo Fundo de Marinha Mercante”, afirma.

Representando o BNDES, a chefe do Departamento de Gás, Petróleo e Cadeia Produtiva do banco, Priscila Branquinho das Dores, informou que que a instituição já desembolsou R$ 16,7 bilhões para a indústria naval. Desse total, 54% foram destinados a embarcações de apoio, 23% para navios petroleiros e 23% estaleiros e plataformas. “Só em 2015, já foi desembolsado R$ 1,5 bilhão para a indústria naval”, afirmou Priscila.

Segundo Ariovaldo Rocha, os bancos demoram mais de 90 dias apenas para dar posicionamento sobre pedidos de financiamento. "E boa parte das respostas é negativa. Em 40 dias, o BNDES consegue informar se tocará ou não o projeto. É melhor fazer isso que ficar sentado em cima do projeto, enrolando”, acrescentou.

Assessor do presidente e coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural da Petrobras, Paulo Sérgio Rodrigues Alonso, esclareceu que alguns projetos não conseguiram financiamentos em bancos públicos.

“No caso da Sete Brasil [consórcio que tem a Petrobras como sócia para fabricação de 28 sondas], isso não foi possível, porque não conseguimos cumprir a exigência do BNDES para mitigação de risco”. Ele destacou que, para esse empreendimento, as dificuldades são maiores porque a Sete Brasil tem um "modelo financeiro muito complexo". Segundo Alonso, a Sete Brasil não está quebrada, mas “carente de solução” para a questão financeira.

“Cada sonda é uma sociedade de propósitos específicos. Nunca havíamos construído uma sonda no Brasil. Por isso, tínhamos de dotar o estaleiro de estrutura. Só com a Petrobras como sócia é que os estaleiros teriam condições de dar conta desse modelo complexo e com necessidade de financiamento”, disse o representante da Petrobras.

“Temos de vencer a situação financeira pela qual passamos. Não é possível um país que criou, com competência e iniciativa, esse mundo que é a indústria naval, não conseguir equacionar questões financeiras e técnicas para manter essa indústria, que é altamente estratégica para o país. Em termos de soberania nacional e de reparos navais, a indústria pode construir muito para a Petrobras e Marinha”, concluiu Paulo Sérgio Alonso.

(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, com informações da Agência Brasil)