'Só no Brasil Camaro custa mais que um Mercedes', diz dirigente da CNM/CUT a senadores
Em Brasília, João Cayres participou de audiência pública sobre o preço dos carros, realizada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Publicado: 26 Fevereiro, 2014 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado |
Audiência pública na CAE do Senado discutiu composição dos preços dos carros |
Audiência pública na CAE do Senado discutiu composição dos preços dos carros |
"O Brasil é o único país no mundo onde um Camaro custa mais que um Mercedes". A frase é do sindicalista João Cayres, secretário-geral e de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), da CUT.
Ela foi proferida nesta terça-feira (25) numa audiência pública no Senado Federal, em Brasília, da qual também participaram os presidentes da Anfavea (associação das montadoras), Luiz Moan, e da Fenabrave (associação das revendas), Flávio Meneghetti, além dos senadores Luiz Henrique (PMDB-SC), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Ana Amélia (PP-RS).
Cayres escolheu o esportivo americano da Chevrolet como exemplo da complicada formação dos preços automotivos no Brasil. "É um bom carro [o Camaro], mas no Brasil você vê que ele é quase quatro vezes mais caro que nos Estados Unidos".
O preço de tabela do Camaro no Brasil parte de R$ 219.990; nos Estados Unidos, de US$ 23.555 (cerca de R$ 55 mil). O carro mais em conta da Mercedes-Benz no Brasil, o Classe A, vale R$ 108.500 (é de uma outra categoria, mas é de grife).
Já nos EUA o carro mais barato da Mercedes, o sedã CLA, custa US$ 29.900 (cerca de US$ 6 mil mais que o Camaro). No Brasil, vale R$ 150.500, cerca de R$ 70 milmenos que o esportivo da Chevrolet. Em outras palavras: o exemplo do sindicalista tem lastro na realidade.
Crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado |
Cayres lembra que preços são nacionais, mas salários não |
Cayres lembra que preços são nacionais, mas salários não |
De acordo com Cayres, queixas da montadoras quanto ao custo supostamente elevado da mão de obra no Brasil são injustas. "O maior custo das montadoras está na compra de materiais e componentes. [O custo] da mão de obra, do qual, às vezes, os empresários reclamam muito, é basicamente de 8%, isso incluindo o Estado de São Paulo, que paga os melhores salários", afirmou o sindicalista. "Se tirar São Paulo, o custo fica menor".
Para exemplificar, o dirigente da CNM/CUT lembrou que nas fábricas do ABC, com forte atuação sindical e histórico de conquistas trabalhistas importantes, um trabalhador ganha em média R$ 4,8 mil de salário, enquanto na Bahia o mesmo trabalhador ganharia R$ 1,8 mil e em Pernambuco, R$ 1,2 mil. "É preciso destacar sempre que os preços são nacionais, enquanto os salários não", complementou.
Ainda em sua exposição, o dirigente disse que a participação dos impostos no setor é grande no País. Ele citou que nos Estados Unidos um carro tem 6% em média de imposto, no Japão 9% e na França 17% e no Brasil alcança a 30%. Ele lembrou que "historicamente" no Brasil os automóveis sempre foram considerados como artigos supérfluos. Ainda em sua explanação, João Cayres criticou o Brasil por cobrar muito imposto sobre o consumo "e muito pouco sobre a renda”. Ele diz que, enquanto nos EUA, o imposto sobre a renda representa 44%, no Brasil não passa de 21%.
Estudo
O Sindicato Nacional das Indústrias de Autopeças (Sindipeças) divulgou em 2013 estudo sobre a relação preço e lucro das montadoras. O estudo mostrou que enquanto a média mundial de margem de lucro da indústria automotiva é de 5%, no Brasil as montadoras lucram o dobro (10%) e apresentam índice de 58% no custo de produção e distribuição, um dos mais baixos do setor em todo o mundo.
(Fonte: Agências de Notícias, com CNM/CUT)