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Solidariedade: juventude da CUT na luta por direitos dos trabalhadores na Nissan nos EUA

Publicado: 20 Março, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Desde que a UAW (United Auto Workers), há mais de um ano, decidiu fazer uma campanha de sindicalização, trabalhadores na fábrica japonesa Nissan, instalada na cidade de Canton, no Mississippi (EUA) passaram a sofrer intimidação, ameaça e pressão psicológica por parte da direção da empresa.

Diante desta atitude antissindical, o Coletivo Nacional de Juventude da CUT fez na terça (18) uma vídeo-conferência com representantes da UAW (United Auto Workers), sindicato que representa os metalúrgicos dos Estados Unidos, e um grupo de estudantes do Mississipi, para dialogar e debater iniciativas conjuntas na luta para que a Nissan respeite os direitos trabalhistas. O encontro do Coletivo foi encerrado nesta quinta-feira (20) e debateu as ações da Central voltadas para os jovens trabalhadores.

Nos Estados Unidos, que se consideram a democracia perfeita, há uma forma diferenciada de legislação trabalhista. Não existe o direito à livre associação, os trabalhadores não têm representação sindical e nem acordos coletivos de trabalho. A sindicalização só é permitida caso aprovada em plebiscito por 50% mais um dos trabalhadores de uma empresa. E há direitos que só são assegurados para quem é sócio do sindicato.

A partir desta realidade, a Nissan tem utilizado diversos subterfúgios para intimidar e pressionar os metalúrgicos, que vão desde reuniões com comparecimento obrigatório onde são expostos os possíveis "prejuízos para o Estado" com o fortalecimento do sindicalismo, até ameaças de fechamento da fábrica.

Há vários problemas naquela unidade e a UAW não tem como representar os trabalhadores para buscar soluções. As condições de trabalho também deixam a desejar. Hoje, a proporção de trabalhadores temporários atinge quase metade na planta de Canton. E os planos da Nissan são de, num futuro próximo, alcançar uma proporção de mais temporários do que efetivos. Em relação à saúde e segurança, tanto na fábrica no Mississipi, como na unidade do Tennessee, o histórico de lesões apresenta-se acima da média nacional.

O secretário nacional de Juventude da CUT, Alfredo Santos Jr., atenta para o fato de que o capital se organiza internacionalmente, explorando trabalhadores e a população, promovendo a desregulamentação e a retirada de direitos. “E não existe uma saída individual, é a unidade da classe trabalhadora que fará a diferença”, declarou.

Representantes da UNE, MST e PT presentes na atividade também expressaram solidariedade aos trabalhadores na Nissan e se colocaram à disposição para construir ações conjuntas no Brasil. O dirigente da CUT completou dizendo que a Jornada de Lutas da Juventude será uma oportunidade para denunciar as práticas antissindicais promovidas pela Nissan e por outras multinacionais.

Faça melhor, Nissan
A campanha mundial para denunciar as atitudes antissindicais da Nissan já conta com diversos apoios, como o do ator Danny Glover, líderes do parlamento, dirigentes sindicais de vários países e a comunidade local.

Os estudantes de Mississipi formaram uma Aliança dos Jovens por Justiça na Nissan, com cerca de 70 organizações, tendo no horizonte de atuação a clareza de que os direitos civis são indissociáveis dos direitos trabalhistas, parte de uma luta global da juventude por mudanças.

Esta coalisão de entidades tem promovido ações diretas para mostrar a empresa que há jovens dispostos a se engajarem nesta luta.

O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), João Cayres, e o presidente da CUT, Vagner Freitas, estiveram no começo do ano passado no Mississippi liderando uma delegação de dirigentes sindicais para verificar e denunciar a intimidação e as ameaças da Nissan para impedir os trabalhadores de se organizarem no sindicato.

“Não é apenas na Nissan. É também uma questão cultural enraizada no sul dos Estados Unidos, região de tradição antissindical e aversão à organização popular”, relatou João Cayres, lembrando que não por acaso é a região que tem maior número de cidadãos negros e onde as condições de vida e trabalho são ruins.

Em Chattanoga, trabalhadores da Volkswagen realizaram o plebiscito com aprovação superior a 70% em apoio à sindicalização. “Por pressão das entidades representativas, a Volks manteve-se neutra no processo. Mas a ameaça vem, neste caso, de deputados e prefeitos dizendo aos trabalhadores que caso se sindicalizem, vão cortar os incentivos fiscais à empresa", ressaltou o dirigente da CNM/CUT.

Ele afirmou que a Confederação continuará denunciando todas as práticas antissindicais na Nissan e apoiando os companheiros em sua luta pelo direito de organização.

(Fonte: Wiiliam Pedreira - CUT Nacional)

 

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