MENU

SP: Marcha da Consciência Negra leva 5 mil às ruas da capital

Publicado: 23 Novembro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Dino Santos
Marcha percorreu Marcha percorreu
Marcha percorreu ruas centrais de São Paulo

O protagonismo das mulheres negras e o alerta ao genocídio da juventude negra deram o tom da mobilização na 12ª Marcha da Consciência Negra, que reuniu no dia 20 cerca de cinco mil pessoas em São Paulo (SP) na caminhada pela feita pela avenida Paulista e rua da Consolação com ato público em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo.

Na concentração, o vão livre do Masp deu espaço a posicionamentos políticos que, entre outros, cobraram o fim da militarização da polícia, e também às diversas expressões culturais do povo negro, com um grande círculo de capoeira, samba de roda e batucadas em meio às faixas e bandeiras. Várias lideranças comemoraram o resultado da  Marcha das Mulheres Negras, que reuniu mais de 20 mil pessoas em Brasília no último dia 18.

Elogiando a articulação entre as diferentes gerações no movimento negro, Sara Siqueira, da Marcha Mundial de Mulheres, garantiu que o próximo período continuará pautado pelas mobilizações públicas. “Nós, mulheres negras, somos as maiores vítimas da violência, do aborto. Seguiremos nas ruas enquanto continuarmos sendo exploradas, enquanto existir um sistema político que não nos representa e enquanto a sociedade não mudar”, ressaltou.

A manutenção de direitos e a reafirmação da luta contra a discriminação racial foram os desafios destacados por Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao Racismo da CUT São Paulo, durante a manifestação. Uma das preocupações da sindicalista é com a terceirização, já que os serviços mais terceirizados, de limpeza e segurança, empregam principalmente os afrodescendentes. Outra é a continuidade de programas que apoiam essa população, como o Bolsa Família, e visibilizar, de fato, os negros e negros, que são cerca de 52% dos habitantes do país.

“É ainda uma cultura difícil e precisamos conscientizar para que as pessoas entendam que esses programas são bens comuns, de todos. Quando o movimento negro faz a luta não é só pelo povo negro porque se trata de uma luta de classes”, diz a secretária cutista.

Pela primeira vez numa manifestação pública, o jovem F. A. D., de 16 anos, foi à marcha em solidariedade a um amigo que se tornou militante depois de perder um parente, assassinado pela polícia após ser confundido com um sequestrador. "Quem vive na favela já sabe da truculência policial, mas na minha infância eu não tinha ideia de que eram tantos jovens negros assassinatos. Se isso não é genocídio, não sei que nome tem, mas não é só violência por falta de segurança nas ruas”, criticou o estudante da zona oeste paulistana.

Resistência e reflexão
Criado há 12 anos e instituído nacionalmente em 2011, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra marca mobilizações em todo o país, numa referência à data em que o líder do Quilombo de Palmares (AL) foi assassinado pelas tropas portuguesas (em 1695).

(Fonte: Flaviana Serafim - CUT/SP)

CUT