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SP surpreende por não conter piores categorias de qualidade de vida

Publicado: 21 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Embora a Região Metropolitana de São Paulo apresente a maior concentração populacional do País (19,4 milhões de pessoas em 2010), a metrópole se destaca por não apresentar uma parcela considerável da população naquelas que são consideradas as piores categorias: I, J e K.

“Isso foi algo que nos surpreendeu: São Paulo, com toda a sua concentração urbana, conseguiu não ter as piores categorias”, afirmou o geógrafo do IBGE Maurício Gonçalves e Silva, um dos responsáveis pela pesquisa “Tipologia Intraurbana – Espaços de diferenciação socioeconômica nas concentrações urbanas do Brasil”, divulgada quarta-feira, 20.

Além disso, a região apresenta uma divisão mais justa – se comparada a outras no País. Nas classes A, B e C estão 10% da população. Na D e E, ficam 61,8% e nas piores registradas por lá, F, G e H, são 28,4%.

A distribuição espacial das pessoas com melhores e piores condições de vida em São Paulo segue um padrão tradicional, segundo o geógrafo. “São Paulo tem uma característica que chamamos de radial, as melhores condições de vida são centrais e, a medida que nos afastamos do centro, as condições vão piorando”, explicou Maurício Gonçalves e Silva.

“Tanto é assim que as favelas começam a aparecer nas bordas, na periferia, com exceção de Paraisópolis e Heliópolis que são mais centrais.” É diferente do Rio de Janeiro, por exemplo, em que as áreas mais ricas se concentram no litoral e as favelas são mais entremeadas nas regiões de melhores condições.

Nordeste
O Nordeste lidera o ranking das piores condições de vida do País. Quase 60% dos seus moradores estão nas condições G e K (as piores em uma escala de A a K), segundo estudo do IBGE que apresentou um novo recorte para a desigualdade do País.

A vendedora de frutas autônoma, Luciana de Jesus Santos, de 36 anos, tem enfrentado as crises econômicas fazendo faxinas e vendendo frutas. Ela mora no Arraial do Retiro, periferia de Salvador, com o marido, David Ricardo, de 33 anos, pintor, e a filha, Ana Beatriz, de 2.

“Saio logo cedo e compro as frutas da estação, na Feira de São Joaquim. La é bem mais barato e revendo aqui na porta da minha casa.” Em média, Luciana consegue a renda de um salário mínimo mensal. No bairro onde a família mora, a internet é de difícil acesso. Televisão, só a aberta, com uma antena externa.

Aos 39 anos, a recifense Veridiana Mércia Xavier conseguiu, há quatro meses, seu primeiro emprego de carteira assinada e agora é zeladora de um edifício residencial no bairro de Casa Amarela, na zona norte do Recife. Única responsável pelo sustento de três filhas – de 20, 18 e 12 anos – e da mãe, que já passou dos 60 e enfrenta problemas de saúde.

No pequeno imóvel que aluga por R$ 300 no bairro de Jardim São Paulo, não há conforto. As ligações de água e energia são clandestinas e comumente falham. Também não há rede de esgoto. Das cinco moradoras, apenas Veridiana e a filha mais velha têm celular. “A gente conseguiu comprar uma televisão há dois meses, com a ajuda de um irmão meu. Mas o mais importante a gente tem, que é a geladeira.”

(Fonte: O Estado de S. Paulo)