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SUS incorpora dez novas práticas de medicina alternativa e complementar

Publicado: 19 Março, 2018 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Novos procedimentos terapêuticos baseados em conhecimentos populares foram adotados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no último dia 12. Agora, somam-se 29 práticas de medicina integrativa e complementar na saúde pública brasileira.

Os tratamentos são voltados para a atenção básica, ou seja, prevenir a doença antes que ela comece a existir. Os novos serviços ofertados pelo SUS incluem a apiterapia (que usa produtos fabricados por abelhas como o pólen, o própolis e o mel), a aromaterapia (modalidade que extrai óleos essenciais de plantas) e a cromoterapia (que usa as cores para equilibrar o organismo e tratar doenças), entre outros.

Aliada aos métodos da medicina tradicional, as práticas integrativas promovem a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, como destaca Edinaldo Correia Novaes, do Coletivo Nacional de Saúde do MST.

“Além de serem práticas não invasivas e econômicas, não vão contra o bem estar da população e do povo. São práticas que vieram do povo, então nada mais justo do que elas estarem a serviço do povo e reconhecidas pela instituições científicas, como o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde”, afirma.

Por ano, quase cinco milhões de brasileiros procuram pelos métodos alternativos. Segundo o Ministério da Saúde, das 19 terapias que já eram oferecidas, a mais solicitada até hoje é a acupuntura.

Heleno Corrêa Filho, médico sanitarista e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que as técnicas integrativas são milenares e mais velhas que a própria medicina moderna. Por isso, ele defende que o atendimento dessas práticas não se limite à classe médica.

“Foi uma longa luta, por exemplo, para que o Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais reconhecem práticas como homeopatia e acupuntura e, quando essas especialidades foram oficialmente credenciadas para médicos, passou a haver uma competição corporativa para que somente médicos executassem essas práticas”, diz.

Edinaldo concorda. “O nosso Sistema Único de Saúde tem que se permitir conhecer mais a população que tem domínio dessas práticas, porque muitas vezes só permitem quem tem o conhecimento mais científico através das universidades e graduações”.

A medida é positiva por trazer mais reconhecimento às práticas complementares, mas, para Heleno, ela deve ser vista com muita cautela. Ele destaca a redução de verbas para o SUS e o congelamento do orçamento até 2036, afirmando que o objetivo do governo é o de sucatear o sistema de saúde para incentivar sua privatização.

“Ela é uma medida tomada sem maiores consultas e sem maiores explicações, como todas as medidas que esse governo faz, para um cavalo de tróia, porque certamente junto com essa medida vem outras coisas que o governo está fazendo, como credenciar planos populares de saúde para tomar dinheiro de pobre”, completa.

O ato de inclusão das novas terapias foi assinado na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública. Os serviços atenderão 9,3 mil unidades de saúde em 3,1 mil municípios brasileiros.

(Fonte: Emilly Dulce, Brasil de Fato)