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Tombini: economia mundial está em recuperação, mas processo não é homogêneo

Publicado: 16 Abril, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A economia mundial está em recuperação gradual, mas esse processo não é homogêneo em todos os países e há fragilidades. A avaliação foi feita hoje (16) pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em palestra sobre as perspectivas para a economia brasileira em 2014, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Tombini citou riscos deflacionários, em alguns países, como o Japão, e questionamentos sobre o sistema financeiro e a qualidade de ativos na Europa. O presidente do BC também avaliou que a China tem crescido a taxas próximas do previsto pelas autoridades do país, e há “um movimento deliberado” de adaptar o movimento de expansão, com aumento do consumo interno e estímulo ao setor de serviços.

O presidente do BC também lembrou que o anúncio dos Estados Unidos, no ano passado, de retirada de estímulos à economia levou à desvalorização das moedas de países emergentes em relação ao dólar, como ocorreu no Brasil. Com a diminuição das injeções monetárias, o volume de dólares em circulação caiu, aumentando o preço da moeda em todo o mundo. Mas Tombini voltou a dizer que essas oscilações de preços de ativos, como o câmbio, não podem ser confundidas com fragilidade.

De acordo com dados apresentados pelo presidente do BC, o real se desvalorizou ante o dólar em 15,1%, no ano passado. Já neste ano, até o dia 15 de março, houve valorização de 5,5%. "As condições macroeconômicas e monetárias devem ser de acomodação nos próximos meses. Isso é bom para o Brasil, nos dá um certo tempo nesse período de transição", acrescentou.

De acordo com Tombini, o Brasil tem atuado, nesta nova fase da economia mundial, “de uma maneira, clássica, robusta e técnica”. Segundo ele, esse não é um quadro de economia frágil, mas resistente. Além disso, o presidente do BC avalia que a inflação deve recuar nos próximos meses.

Tombini destacou que houve um choque de preços de alimentos em março. Mas, segundo ele, esse choque é temporário e o BC vem trabalhando para que o problema se circunscreva ao setor.

Em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos tiveram uma inflação de 1,92%. O grupo alimentação e bebidas respondeu por mais da metade da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 0,92%, no mês passado.

“Temos trabalhado para que, este ano, mais uma vez, a inflação esteja compatível com os critérios do regime de metas”, disse Tombini. O centro da meta de inflação é 4,5%, com teto de 6,5%. A expectativa do mercado financeiro é de que o IPCA fique bem próximo desse teto, alcançando 6,47%.

Tombini lembrou que a taxa básica de juros, a Selic, vem sendo elevada desde abril do ano passado, para conter a inflação. Atualmente, a Selic está em 11% ao ano. Ele reafirmou que essas elevações têm efeitos defasados e cumulativos. “Uma parte relevante dessa política ainda não tocou a inflação”, disse.

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é um órgão constituído majoritariamente por integrantes da sociedade civil organizada, de caráter consultivo da Presidência da República. Fazem parte da composição trabalhadores, empresários, movimentos sociais, governo e lideranças de diversos setores.

(Fonte: Rede Brasil Atual)