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Trabalhadores na indústria vão discutir suas demandas com ministro e secretários do MDIC

Em audiência ontem (13) com o ministro Mauro Borges, coordenação do Macrossetor da Indústria da CUT conseguiu garantir agenda para debater temas como rotatividade e emprego decente.

Publicado: 14 Março, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: CNM/CUT
Audiência no MDIC foi a primeira de entidades de trabalhadoresAudiência no MDIC foi a primeira de entidades de trabalhadores
Audiência no MDIC foi a primeira de entidades de trabalhadores no ramo industrial

Os trabalhadores cutistas no ramo industrial vão ter reuniões bimestrais no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para discutir mecanismos que garantam a inclusão de suas reivindicações na elaboração da política industrial brasileira.

A decisão foi tomada nesta quinta-feira (13), em audiência com o ministro Mauro Borges, em Brasília. A reunião foi solicitada pelo Macrossetor da Indústria da CUT (MSI) e dela participaram os cinco presidentes das entidades nacionais do ramo: Paulo Cayres, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Cida Trajano, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV), Siderlei Oliveira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (Contac), Cláudio Gomes, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Construção e Mobiliário (Conticom) e Lu Varjão, da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ). Eles integram a coordenação nacional do Macrossetor.

A secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC, Heloísa Guimarães de Menezes, também participou da audiência.

Crédito: CNM/CUT
A partir da esq., CláudioA partir da esq., Cláudio
A partir da esq., Cláudio, Paulão, Lu, Mauro Borges, Heloísa, Cida e Siderlei, na entrega do documento


Os sindicalistas entregaram ao ministro Mauro Borges documento no qual indicam que querem participar dos fóruns relativos à defesa da indústria brasileira, aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento industrial, ao comércio exterior e do Plano Brasil Maior. “É a primeira vez que as entidades nacionais de trabalhadores na indústria trazem suas demandas comuns ao Ministério”, destacou Mauro Borges, dizendo que essa é uma prática corriqueira das entidades empresariais. “Temos muito a discutir com os trabalhadores”, completou.

A coordenação do MSI lembrou o ministro que é preciso mecanismos para que haja contrapartidas trabalhistas na formulação da política industrial e em medidas pontuais adotadas pelo governo para estimular a indústria nacional. Os dirigentes lembraram que nos programas de incentivo a setores – como a desoneração fiscal e o financiamento público a empresas – devem ser estabelecidos, por exemplo, critérios para impedir a alta rotatividade da mão de obra e garantir a manutenção do nível de emprego e de condições seguras e saudáveis de trabalho.

Rotatividade e terceirização
Cláudio Gomes lembrou que na indústria da construção a média de permanência no emprego é de apenas 90 dias e que, diante desta postura empresarial, é impossível, por exemplo, qualificar a mão de obra e assegurar salários melhores. “Outro grande problema é a terceirização. Tudo numa obra é fatiado entre empresas terceirizadas, que é uma forma de burlar a legislação e também de buscar o enquadramento na tributação do Super Simples. Não há nenhum tipo de monitoramento para evitar isso”, assinalou o presidente da Conticom.

A presidente CNQ disse que no ano passado o setor químico demitiu 30 mil trabalhadores e recontratou o mesmo número. "O problema é que os que entram ganham um salário menor e a maioria é terceirizada", reforçou Lu Varjão. A dirigente química informou ainda que os empresários de São Paulo têm deslocado suas fábricas para o Centro Oeste do Brasil pagando 60% dos salários.

“Nós somos favoráveis a medidas que estimulem a produção industrial brasileira, como a desoneração, mas a manutenção dos empregos, por exemplo, deve ser uma condicionante para isso”, ressaltou Paulo Cayres, informando que a rotatividade média no Brasil saltou de 52%, em 2003, para 64% em 2012 (no setor da construção, chega a 115%). "Isso acontece reduzindo o ganho do trabalhador, que perde em salário e vê o aumento da contração de terceirizados", afirmou ainda o presidente da CNM/CUT.

Financiamento público sem critério
Siderlei Oliveira, por sua vez, lembrou ao ministro que a indústria usa dinheiro público para financiar sua atividade e, quando é conveniente para ela, fecha fábricas e deixa o trabalhador à míngua. “No setor de alimentação, os empresários estão montando maquiladoras até no Paraguai com financiamento público. É preciso critérios, como dar dinheiro a empresas que agreguem valor ao seu produto aqui no Brasil”, declarou o presidente da Contac.

Cida Trajano também disse ao ministro que a situação da indústria do vestuário é a mesma. “As empresas usam o dinheiro público e depois, sem nenhum pudor, mudam para países como a Índia e a Indonésia, que exploram muito mais os trabalhadores. Por isso, é preciso que o governo e os bancos públicos determinem contrapartidas sociais para proteger nossa mão de obra”, assinalou a presidente da CNTV.

Paulo Cayres reforçou para o ministro a posição do Macrossetor, de que o Plano Brasil Maior estruture uma política de Estado e não de governo, com prazo para acabar, como está previsto para 2017. “O Plano Brasil Maior é um avanço para o país, mas não chegou no final da cadeia, que é o trabalhador na indústria. Queremos que ele tenha perenidade mas que atenda nossas demandas”, considerou.

Conselhos de Competitividade
Já a secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC destacou ainda a importância da participação dos trabalhadores nos conselhos de competitividade do Plano Brasil Maior e particularmente na Coordenação Sistêmica de Relações e Condições de Trabalho, para unificar suas demandas comuns.

Ao final da audiência ficou acertado que no próximo encontro será definida uma agenda de temas a serem tratados pelo Macrossetor da Indústria da CUT no MDIC. “Para isso, vamos também envolver os secretários e técnicos do Ministério”, garantiu Mauro Borges.

(Fonte: Solange do Espírito Santo – assessoria de imprensa da CNM/CUT)