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Trabalhadores entram em Greve na França contra demissões na Airbus

Publicado: 07 Março, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Os funcionários franceses da Airbus iniciaram hoje uma greve para protestar contra o plano de reestruturação do fabricante aeronáutico, que prevê o corte de 10.000 postos de trabalho, 4.300 deles na França.

A greve, convocada pela maioria dos sindicatos da empresa, foi iniciada às 9h30 (5h30 de Brasília) e deve durar até 14h30 (10h30 de Brasília).

A partir das 10h (6h de Brasília) e cantando 'trabalho em Toulouse', milhares de pessoas, muitas usando uniformes da Airbus, começaram a marchar pelo centro da cidade.

Os sindicatos fretaram dezenas de ônibus para que os empregados fossem até o centro da cidade, que fica no sul da França, onde se encontra a sede da Airbus.

Doze mil pessoas, segundo a Polícia, e entre 12.000 e 15.000, segundo os organizadores, participavam da manifestação, com a presença de líderes nacionais dos principais sindicatos: CGT, Força Operária (majoritária na Airbus), CFDT, CFTC e CFE-CGC.

Também era prevista outra concentração em Nantes, cidade no oeste da França em torno da qual há importantes fábricas da Airbus.

O ministro da Economia francês, Thierry Breton, tentou acalmar os ânimos ao afirmar, em entrevista à emissora de rádio France Inter, que há garantias que, com o plano de reestruturação - chamado 'Power 8' -, 'ninguém será abandonado à beira da estrada'.

Breton disse que 'o que ocorre na Airbus não é uma surpresa', já que há meses sabia-se que a empresa devia adaptar sua estrutura para a nova geração de aviões, 'como a Boeing tinha feito'.

O ministro francês disse que a reestruturação provocará um corte na equipe da Airbus de 55.000 assalariados atuais para 50.000, e dos 30.000 que trabalham nos fornecedores da companhia para 25.000.

Breton reiterou que o Estado francês participará de uma ampliação de capital da casa matriz da Airbus, a EADS, da qual é acionista.

Além disso, ressaltou que 'há meses' a França vem dizendo que, 'caso seja proposto um aumento do capital, ele será seguido'.

'A partir do momento em que os dois acionistas históricos decidiram reduzir sua participação' em 2005, o Estado francês disse que não só não venderia sua participação, mas estava disposto inclusive a aumentar sua parte, afirmou o ministro.

O sindicato Confederação Geral de Diretores (CFE-CGC) desvinculou-se das mobilizações de hoje e, em declaração de seu presidente, Bernard Van Craynest, manifestou sua confiança no presidente da Airbus, Louis Gallois.

'A greve seria um erro, não vamos dar armas suplementares à Boeing', disse Van Craynest, em alusão ao concorrente americano, em entrevista à emissora de rádio 'BFM'.

Além do dia de protesto organizado hoje, os sindicatos da EADS, que ontem tinham sido convocados no comitê da empresa, organizaram mobilizações para o próximo dia 16, com uma manifestação em Bruxelas.

Ministro francês quer aumento do capital da EADS

O ministro da Economia francês, Thierry Breton, pretende que o grupo europeu de aeronáutica e defesa EADS proceda a um aumento de capital, em que participe o Estado.

Na véspera, o primeiro-ministro Dominique de Villepin declarara à imprensa que o Estado estava 'prestes a participar, com outros accionistas no aumento do capital (da AEADS) considerado necessário pela empresa'.

A ideia de uma recapitalização foi avançada em França para ajudar a Airbus (de que a EADS é a casa-mãe) para ultrapassar as dificuldades, numa altura em que um plano draconiano anunciado há uma semana previa o corte de 10.000 empregos em quatro anos.

O capital da EADS é partilhado por accionistas franceses e alemães (22,5 por cento cada um), privados e públicos, nomeadamente o estado francês (15 por cento), bem como o estado e os Lander (estados regionais) alemães no seio de um consórcio.

Fonte: Agência EFE