Trabalhadores na Nissan dos EUA avançam na tentativa de sindicalização
Publicado: 17 Julho, 2017 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
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Logo da campanha de sindicalização dos trabalhadores na Nissan |
Os trabalhadores na Nissan em Canton, no Mississipi, Estados Unidos, entraram com um pedido de plebiscito no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB) para votar pela sindicalização ne empresa. A ação tem o apoio jurídico do UAW (United Auto Workers), sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos EUA.
Os trabalhadores solicitaram que a votação seja realizada nos dias 31 de julho e 1º de agosto, mas o NLRB pode marcar uma data diferente.
“Os funcionários da Nissan querem salários justos para todos trabalhadores, melhores benefícios e o fim de condições de trabalho precárias no Mississipi,” diz Nina Dumas, trabalhadora na fábrica há cinco anos. “A empresa não respeita nossos direitos. É hora de termos um sindicato em Canton.”
A Nissan começou a operar em Canton em 2003 e houve grande expectativa entre os trabalhadores da região. O estado de Mississipi entregou à Nissan mais de US$ 1,3 bilhões em incentivos, na esperança de que a empresa trouxesse empregos descentes para a região. Em lugar disso, a Nissan tem violado os direitos dos trabalhadores repetidas vezes com retaliação.
A partir de novembro de 2015, o NLRB protocolou uma denúncia contra a Nissan e a Kelly Services, a agência de trabalhadores temporários utilizada pela empresa, por violar os direitos dos trabalhadores ao “restringir e coagir trabalhadores no exercício de seus direitos”. A denúncia do NLRB alega que a Nissan ameaçou fechar a fábrica de Canton caso os trabalhadores se sindicalizassem, o que constitui prática ilegal, além de ameaçar funcionários com demissão.
“Quando nos manifestamos para reivindicar proteções básicas, a Nissan nos ameaça e pratica assédio. Os trabalhadores necessitam e merecem representação no local de trabalho”, diz McRay Johnson, trabalhador na multinacional de Canton há cinco anos.
Além da denúncia do NLRB, a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA) já fez várias intimações contra a Nissan por violações de leis federais de segurança e saúde. As mais recentes, de fevereiro de 2017, consideraram que a empresa “não fornece trabalho ou local de trabalho livre de riscos reconhecidos, que causam ou são propensos a causar morte ou graves danos físicos a seus funcionários.”
“A Nissan gasta centenas de milhões de dólares por ano fazendo seu marketing de montadora socialmente responsável, e até mesmo se vangloriando de seu apelo entre os compradores afro-americanos. Mas por trás dos bastidores, a empresa viola os direitos trabalhistas”, diz Rahmeel Nash, trabalhador há 14 anos ne empresa.
Marcha de Mississipi
A mobilização dos trabalhadores da Nissan para formar um sindicato aconteceu quatro meses após a histórica “Marcha no Mississippi”, quando em torno de 5.000 trabalhadores e ativistas de direitos civis protestaram até a fábrica de Canton para exigir que a empresa respeitasse os direitos dos trabalhadores.
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Paulo Cayres (com a bandeira) durante a Marcha em Mississipi |
Paulo Cayres (com a bandeira) durante a Marcha em Mississipi |
A marcha contou com a presença de figuras como o Senador Bernie Sanders; o presidente do Sierra Club, Aaron Mair; o ex-presidente da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP), Cornell William Brooks; e o ator Danny Glover e o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) (leia mais aqui).
“A solidariedade internacional é um dos princípios que norteiam a nossa Confederação. E este caso da Nissan merece toda a atenção, já que os trabalhadores e as trabalhadoras estão sofrendo cotidianamente violação a direitos que, para nós brasileiros, são básicos”, afirmou Cayres.
(Fonte: Assessoria de imprensa do UAW, com informações da CNM/CUT)