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Volkswagen se diz em nova fase e prepara 14 lançamentos no Brasil

Publicado: 14 Novembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Dois anos após um escândalo que abalou a reputação de uma dos maiores fabricantes de automóveis do mundo, a Volkswagen acredita estar colhendo os primeiros resultados de sua reconstrução. E a perspectiva de recuperação do Brasil deve incluir o país nessa renovação, com previsão de 14 lançamentos até 2020 e investimentos bilionários.

Herbert Diess, presidente mundial de marca da Volkswagen, acredita que o caso de manipulação das emissões de gases, que ocasionou perdas que já se aproximam de US$ 20 bilhões entre indenizações e baixas contábeis, levou o grupo de mesmo nome a mudar sua estrutura de organização tornando-se mais ágil e menos centralizado.

"Nós teríamos que fazer uma série de mudanças mesmo sem isto. Estamos realizando progressos em digitalização, projetando 55 novos carros, temos investido muito nos últimos meses em modelos elétricos, em conectividade, em inovação e fizemos mudanças na nossa organização", afirmou Diess. "Vemos os primeiros resultados, mas é uma grande organização, então leva tempo."

Desde o escândalo, em setembro de 2015, a marca perdeu participação de mercado na Europa, onde ainda é líder, mas viu sua fatia cair de 12,1% no acumulado de janeiro a setembro de 2015, para 10,8% no mesmo período de 2017. Em volume, a queda foi de 0,5%. No mercado americano, a queda em volume foi de 7,6% entre 2015 e 2016.

O executivo afirma ver potencial de recuperação de participação, principalmente por conta dos lançamentos, que devem ampliar a presença da companhia em segmentos menos explorados pela marca. Diess, ressalta, no entanto, que a retomada deve ser lenta.

Para o Brasil e a América Latina, Diess destacou os importantes investimentos anunciados nos dois países onde tem fábricas: Brasil e Argentina. Em agosto, a montadora divulgou que deve aplicar R$ 7 bilhões na operação brasileira até 2020. Na sexta-feira, em evento com o presidente argentino Mauricio Macri, a Volks anunciou US$ 650 milhões para a unidade de Pacheco, na região de Buenos Aires.

Pablo Di Si, que preside a Volkswagen para Brasil, América do Sul e América Central, aponta que o Brasil começa a passar por uma virada, com o cenário de consumo melhorando, beneficiado pela retomada da economia e pela queda das taxas de juros.

Para aproveitar o bom momento, a empresa pretende realizar na região 20 lançamentos entre novos modelos e versões de automóveis já em circulação até 2020, sendo 14 lançados no Brasil.

"Nunca na história fizemos tantos lançamentos em um período tão curto", disse Di Si. O primeiro dessa nova leva foi o Polo, com os primeiros pedidos entregues no último sábado. No início de 2018, devem ser comercializadas as primeiras unidades do sedan Virtus.

A companhia decidiu inclusive aproximar as datas de lançamento globais e do Brasil para os modelos que serão compartilhados por vários mercados.

"É a primeira vez que conseguimos trazer as tecnologias mais recentes para a América Latina", comentou Diess. "Estamos olhando para frente agora, investimos em reestruturação, mas também em novos produtos."

Mas se para novos modelos com motores a combustão, a última tecnologia para o Brasil começa a se alinhar com o mercado europeu, o mesmo não deve acontecer com os carros elétricos.

Diess aponta que a vanguarda nos investimentos dos automóveis movidos a baterias devem se concentrar na China e na Europa, por conta do papel dos governos no avanço da tecnologia.

Na China, a legislação local incentivará a entrada de modelos elétricos já nos próximos anos. Diess acredita que serão cerca de 1 milhão de carros elétricos no mercado chinês circulando até 2025. Já na Europa, o custo de desenvolver motores a combustão cada vez mais econômicos para atender as leis do continente é entrave.

Para o Brasil, Di Si vislumbra um possível incentivo aos elétricos a partir das regras do Rota 2030, regime automotivo que substituirá o Inovar-Auto, e deve beneficiar a eficiência de consumo.

(Fonte: Valor Econômico)