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68% da indústria sofre com falta de matéria-prima

Apesar de o Brasil ser grande produtor mundial de minério de ferro, algodão, arroz, óleo, entre outros, empresas estão exportando enquanto os brasileiros ficam sem esses produtos

Publicado: 29 Outubro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Adonis Guerra
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Sem política industrial nem política de segurança alimentar por parte do governo, o Brasil, que é grande produtor mundial de aço, algodão, arroz e soja, assiste a falta desses produtos e a alta dos preços.

“A falta de matéria-prima no Brasil agrava o processo de desindustrialização que o país vem sofrendo. O Brasil caminha a passos largos para virar um país apenas produtor de commodities e importador de bens manufaturados”, afirmou o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno.

“O país está batendo recordes de safra de alimentos e na extração de minério de ferro e esses produtos estão em falta aqui. Os produtores primários estão ganhando dinheiro com exportação por conta do dólar alto enquanto a indústria brasileira deixa de produzir por falta destes insumos e a população brasileira sente no bolso o aumento do custo da alimentação”, prosseguiu.

 “A diferença é que esses países têm políticas agressivas de Estado para aquisição de produtos para sua produção e industrialização, inclusive voltados à exportação. Já o Brasil enfraquece sua indústria, trabalhadores perdem empregos e renda, com empobrecimento ainda maior das famílias. Assim não teremos condições de comprar os produtos que nós mesmos produzimos”, alertou.

Dificuldades de compra

As dificuldades da falta de matéria-prima foram confirmadas por pesquisas feitas pela própria indústria nacional. De acordo com a sondagem especial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 68% das empresas estão com dificuldades de comprar matéria-prima para retomar a produção. Além disso, 82% perceberam alta nos preços dos insumos, sendo que para 31% o aumento foi acentuado.  O levantamento foi feito com 1.855 empresas no país no período de 1 a 14 de outubro.

Estado de SP

 A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na pesquisa Pulso Empresa – impacto da Covid-19 nas empresas, mostra que no Estado de São Paulo 51,8% das indústrias tiveram dificuldades de compra de matérias-primas. A pesquisa foi feita com 414 indústrias paulistas dos dias 7 a 13 de outubro. Dessas, 81,4% apontaram aumento nos preços dos insumos.

Entre os motivos da falta de matéria-prima apontados pelo estudo da Fiesp está a forte retomada da economia chinesa, que pressionou o mercado de matérias-primas no mundo. Outro motivo é o câmbio. De janeiro a setembro, a valorização do dólar em relação ao real foi de 30,1%.

Comida na mesa

Além dos impactos na indústria nacional, os brasileiros têm visto o preço dos alimentos aumentarem no mercado.

“O que vem acontecendo na indústria é o mesmo em relação aos produtos básicos da alimentação, entre eles o arroz e o óleo de soja. O Brasil bate recordes nas safras de arroz e soja, mas vende para os mercados chineses e europeus, que estão retomando seu poder de compra e fazendo estoques de alimentos por conta da preocupação com a segunda onda da pandemia”, disse.

“Isso faz com que o Brasil exporte alimentos baratos enquanto os brasileiros sofrem com a alta no preço dos alimentos, tornando cada vez mais escassa a alimentação na mesa dos trabalhadores e aumentando a miséria da população. Tudo é reflexo da falta de uma política estratégica do governo federal, que impacta nos empregos, na indústria, na cesta de alimentos das famílias”, concluiu.

*matéria escrita pelo SMABC