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Aborto legal de criança de 10 anos ocorre em segurança após a expulsão de extremistas

Um povo munido pelo ódio que defende um estuprador e criminaliza o aborto é ignorância religiosa. A religião não pode ser maio que a vida de uma criança de 10 anos, afirmou a secretária de Mulher da CNM/CUT, Marli Melo do Nascimento.

Publicado: 17 Agosto, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Jonatas Campos
rupos conservadores em frente ao Cisam não conseguiram impedir a realização do procedimentorupos conservadores em frente ao Cisam não conseguiram impedir a realização do procedimento
rupos conservadores em frente ao Cisam não conseguiram impedir a realização do procedimento

Fundamentalistas relgiosos tentaram invadir neste domingo (16) o Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam), no Recife (PE), para impedir o aborto legal de uma criança de 10 anos, que engravidou após ser estuprada pelo tio. A paciente teve o direito negado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), no estado do Espírito Santo, e viajou para a capital pernambucana exclusivamente para interromper a gravidez. Após a expulsão dos extremistas por um grupo de mulheres feministas, o procedimento foi realizado em segurança e a criança passa bem. A menina foi chamada de assassina pelo movimento fundamentalista religioso.

O Brasil, por lei, permite o aborto em casos de gravidez decorrente por estupro e em casos onde há risco de vida para a mãe ou anencefalia do feto.

Durante o dia, grupos conservadores permaneceram em frente ao Cisam e criticaram a realização do procedimento, mesmo após a autorização do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Estiveram no local parlamentares contra o aborto, como os deputados Clarissa Tércio (PSC), Cleiton e Michelle Collins, ambos do PP, o vereador Renato Antunes (PSC), o deputado estadual Joel da Harpa (PP) e a ex-deputada Terezinha Nunes (MDB). O episódio foi um dos mais comentados do dia nas redes sociais. A criança era vítima de violência há quatro anos.

"Se perdermos a capacidade de nos indignar tudo vira normal, como podemos aceitar evangélicos fanáticos chamar uma criança de assassina por fazer um aborto legal mediante um estupro?Como podemos aceitar esses mesmo evangélicos chamar de mito um presidente que vê seu povo morrer e não faz nada? Um povo munido pelo ódio que defende um estuprador e criminaliza o aborto é ignorância religiosa. A religião não pode ser maio que a vida de uma criança de 10 anos", afirmou a secretária de Mulher da CNM/CUT, Marli Melo do Nascimento.

A Pesquisa Nacional de Aborto, realizada em 2015 pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), mostrou que uma em cada cinco mulheres entre 18 e 39 anos já tinha realizado pelo menos um aborto até os 40 anos, totalizando de quase 500 mil intervenções. Os números podem ser maiores, já que a pesquisa não abrangeu adolescentes, mulheres em áreas rurais e após os 49 anos.

A CNM/CUT emitiu uma nota de solidariedade à família e a menina. 

*Matéria publicada no site do Brasil de Fato e editada pela CNM/CUT