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Audiência na Câmara dos Deputados fortalece luta contra decisão da Ford

O encontro colocou em debate a responsabilidade social da montadora norte-americana e do governo de Bolsonaro

Publicado: 27 Janeiro, 2021 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Sindmetau
Audiência na Câmara dos Deputados fortalece luta contra decisão da FordAudiência na Câmara dos Deputados fortalece luta contra decisão da Ford
Audiência na Câmara dos Deputados fortalece luta contra decisão da Ford

Reverter a decisão da Ford de deixar o Brasil e, assim, evitar a demissão direta de 5 mil metalúrgicos brasileiros. Este foi o resultado da audiência pública virtual (online) realizada pela Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (27). A luta dos trabalhadores ganhou o apoio nacional. A solidariedade e a disposição para o enfrentamento marcaram a audiência

A sessão virtual foi convocada pelos deputados federais Vicentinho e Carlos Zarattini (ambos do PT), com poio das bancadas do PT, PSOL, Rede, PDT, PC do B e PSB em Brasília. O encontro colocou em debate a responsabilidade social da montadora norte-americana e do governo federal.

A audiência faz parte de um conjunto de ações para sensibilizar as forças políticas de Brasília (DF) em defesa dos empregos na Ford. Antes da sessão, os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), Cláudio Batista, o Claudião, e do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), Júlio Bonfim, estiveram reunidos com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e com o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Além de deputados dos partidos de esquerda, a audiência pública teve a participação de representantes de centrais sindicais, do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Dieese (Departamento Intersindical de Estudo e Estatística Socioeconômicos), sindicatos e da sociedade em geral.

O presidente do Sindmetau, Cláudio Batista, o Claudião, participou da audiência e salientou a importância de reverter a decisão da Ford. “Temos que unir forças para reverter a saída da Ford do Brasil. É urgente que os congressistas criem leis ou mecanismos para barrar a decisão da Ford, diante de todos os incentivos fiscais que recebeu do povo brasileiro.”

Claudião também lembrou do processo de desindustrialização pelo qual o Brasil vem passando. “Enfrentar a decisão da Ford e impedir as demissões é uma luta por todos os brasileiros. Não podemos permitir que o Brasil volte a ser uma colônia, já que o setor industrial eleva as condições de vida de um povo.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), Júlio Bonfim, também participou da audiência e afirmou que a decisão da Ford é um escárnio com os brasileiros, “principalmente com os baianos, paulistas e cearenses.”

Segundo Júlio, é hora dos representantes dos brasileiros no Congresso Nacional serem firmes com a montadora norte-americana. “Caso contrário, outras empresas seguirão o exemplo da Ford e deixarão o Brasil.”

O representante do MPT, Ronaldo dos Santos, disse que dados sobre os recursos de crédito concedidos à Ford já foram solicitados junto ao BNDES. “O Ministério Público do Trabalho está junto na luta pela preservação dos empregos e da manutenção da Ford no Brasil”, declarou.

O diretor sindical na Ford Taubaté, Sidivaldo Borges, o Escort, falou da responsabilidade social da empresa. “Desde 2014, a Ford procura o sindicato para reduzir custos e continuar com a produção. Assim, os trabalhadores concordaram com o congelamento de salários por dois anos, redução de PLR e aumento do plano médico. Como fica a nossa dignidade?”, questionou.

Escort também lembrou que o governo federal tem responsabilidade com a situação “cruel”, imposta pela Ford aos metalúrgicos da montadora no Brasil. “A nossa Constituição diz que o governo federal é responsável pelo desenvolvimento social e industrial do país. Então, precisamos lutar até o fim para reverter essa decisão.”

Processo de desindustrialização

O fechamento da Ford no Brasil ampliou a discussão na audiência pública para o processo de desindustrialização em andamento no país desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016.

O técnico do Dieese, Luís Paulo Bresciani, disse que a decisão da Ford revela a velocidade desse processo no Brasil. “A última vez que se falou em um projeto de política industrial foi em 2016, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Hoje, a pandemia nos pegou descendo a ladeira.”

*matéria publicada no site do Sindmetau