MENU

BHP continua evitando diálogo com IndustriALL

Durante sua assembleia geral anual virtual de acionistas e investidores, a gigante da mineração BHP, que afirma operar com integridade e responsabilidade e é a maior empresa mundial no setor de mineração por capitalização de mercado, recusou-se a reconhecer sua responsabilidade no conflito El Cerrejón

Publicado: 20 Outubro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Industriall
BHP continua evitando diálogo com IndustriALLBHP continua evitando diálogo com IndustriALL
BHP continua evitando diálogo com IndustriALL

Durante a Assembleia Geral Anual (AGM), IndustriALL levantou a questão da aparente duplicidade de critérios na forma como a BHP está lidando com o COVID-19. Na Austrália e no Canadá, a empresa conseguiu fornecer respostas adequadas ao vírus, o que contrasta fortemente com o manejo inadequado da pandemia no Chile, Peru e Colômbia.

Em março, os trabalhadores da mina Spence, localizada no Chile e de propriedade da BHP, entraram em greve de 24 horas para forçar a empresa a tomar as medidas de proteção adequadas contra COVID-19.

No final de agosto, sindicatos filiados no Peru, Chile e Colômbia relataram um aumento no número de infecções nas minas da BHP, tanto operacionais quanto não operacionais. Por sua vez, o sindicato Sintracarbón, filiado ao IndustriALL, notificou mais de 250 casos de COVID-19 apenas entre os mineiros de El Cerrejón, Colômbia, além de quatro suspeitas de morte por esta doença (três empregados diretos e um contratado).

O diretor de mineração do IndustriALL, Glen Mpufane, perguntou ao conselho de administração:

“A BHP está empenhada em defender os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, o que indicaria que apoia o princípio de respeitar, igualmente, os direitos humanos das pessoas em todos os países onde opera. Então, como a BHP explica a disparidade entre a gestão do COVID-19 em países industrializados e a gestão em países de baixa renda? "

Apesar dos testemunhos dos trabalhadores, a BHP recusou-se a reconhecer qualquer diferença.

As operações na mina de carvão El Cerrejón na Colômbia, na qual a BHP possui uma participação de 33 por cento, foram interrompidas em 31 de agosto. O sindicato Sintracarbón, filiado ao IndustriALL, lançou uma greve após rejeitar uma mudança de turno que acrescentaria 72 dias de trabalho por ano sem aumento de salário.

O que os trabalhadores chamam de “turno da morte” também reduziria o número de empregos em 25% e representaria um enorme fardo para a saúde, o bem-estar e a vida familiar do restante da equipe.

Embora o Diretor Executivo da BHP, Mike Henry, em resposta à carta na qual Valter Sanches solicitou à BHP que resolvesse a greve, tenha enfatizado a necessidade de diálogo para resolver esta situação, o Presidente do Conselho de Administração, Ken Mckenzie, recusou-se categoricamente a entrar em diálogo com a IndustriALL Global Union.

Glen Mpufane perguntou o seguinte:

"A BHP iniciará um diálogo significativo com o IndustriALL Global Union para garantir que os mais altos padrões de trabalho sejam mantidos em todas as suas operações e que os desafios colocados pela pandemia possam ser enfrentados por meio de um diálogo social significativo?"

 

*matéria publicada no site da Industriall