MENU

CUT e demais centrais querem lockdown total no Brasil e ampliação do auxílio

Dirigentes reforçam importância de uma paralisação total por 21 dias e a necessidade de proteção social. “Ciência diz que é único caminho para frear a pandemia”, diz presidente da CUT

Publicado: 24 Março, 2021 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Alex Capuano
Ato 24 - LockdownPelaVidaAto 24 - LockdownPelaVida
Ato 24 - LockdownPelaVida

O tema central da live realizada nesta quarta-feira (24) pelos presidentes da CUT, Sérgio Nobre, e da Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB, além da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), foi a necessidade – recomendada por autoridades de saúde e cientistas - de o país parar por 21 dias em um lockdown nacional que, em conjunto com a vacinação em massa, pode conter o avanço acelerado das contaminações e mortes pelo coronavírus.

A paralisação das atividades, defendida por governadores e prefeitos em todo o país, enfrenta a fúria negacionista do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) que, a pretexto de defender a economia, é contra qualquer tipo de isolamento social. Para ele, só idosos e pessoas doentes devem ficar em casa, apesar do total de doenrtes e mortos entre os jovens ter aumentado muito este ano.

Representando o Fórum Nacional de Governadores, Fátima Bezerra afirmou durante a transmissão que nenhum governante “fica feliz em adotar medidas de restrição, mas elas são necessárias nesse momento, para salvar vidas”.

“Não é fácil adotar medidas mais duras, mas temos que ter responsabilidade e em momentos de crise temos que fazer escolhas para garantir a sobrevivência à população”, disse a governadora.

Sérgio Nobre, presidente da CUT, reforçou que, conforme atestam os cientistas, “a medida mais adequada para frear a pandemia é um lockdown nacional de 21 dias”. Mas, ele ressaltou, para isso é preciso ter condições se referindo à necessidade do auxílio emergencial para que as pessoas possam sobreviver em casa e não terem de enfrentar riscos de contaminação nas ruas por precisarem sair para trabalhar.

“O trabalhador sabe dos riscos de sair, mas vai porque precisa sobreviver e o [novo] auxílio emergencial não compra nada. É um desrespeito”, disse o dirigente se referindo aos valores definidos pelo governo para a nova fase, que vão de R$ 150 a R$ 375.

Sérgio ainda rebateu argumentos do governo de que não tem dinheiro para pagar um auxílio emergencial digno aos trabalhadores. “É mentira que o país não tem recursos. O Brasil tem condições de pagar os R$ 600 e já apontamos várias alternativas”, disse o dirigente.

O auxílio emergencial, amplamente defendido pelos presidentes das centrais para que seja pago, no mínimo, no mesmo valor do ano passado também foi citado por Fátima Bezerra como fundamental para a estratégia de conter o avanço da pandemia.

“É inadmissível o auxílio ter sido cortado. Só um governo que não tem a sensibilidade de entender o drama que as famílias de baixa renda passam, toma uma atitude de tanto desprezo como foi suspender o auxílio em dezembro”, disse a governadora.

Ela contou ainda que no ano passado, governadores do Nordeste tiveram uma reunião com Bolsonaro e quando apresentaram a ideia de um programa de renda básica, o governo se mostrou indiferente.

Para ela, mais do que nunca, um dia nacional de luta, como esta quarta-feira, Dia de Luta em Defesa da Vida, da Vacina, do Emprego e do Auxílio Emergencial de R$ 600 – Lockdown Nacional -  deve ganhar fôlego pelo Brasil e “tocar os corações” do Congresso Nacional, para que parlamentares se sensibilizem sobre o tema.

“Não podemos aceitar essa desidratação do auxílio emergencial. O povo merece respeito”, disse Fátima Bezerra.

A governadora reforçou ainda que “sem suporte social para famílias de baixa renda, não haverá condições de segurar medidas restritivas por mais tempo”.

Dia de conscientizar a população

O objetivo da live assim como do conjunto de atividades realizadas em todo o país é conscientizar a população acerca do caos social, econômico e, principalmente, de saúde, vivido pelo Brasil atualmente, consequência da política genocida de Bolsonaro.

O presidente continua negando a ciência, minimizando a pandemia, desdenhando de medidas protetivas contra a contaminação e tentando incitar a população a acreditar que a crise sanitária é um “exagero”, enquanto o país caminha para as mais de 300 mil vidas perdidas para Covid-19.

É dia também de lutar pelas vacinas para todos e todas, por emprego e por um auxílio emergencial de R$ 600.

Vacinação em massa

Vacinas contra Covid-19 para todos e todas foi outro ponto destacado pelos dirigentes das centrais e também pelo representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira. Ele afirmou que a vacina pode resolver de forma efetiva o avanço da pandemia e que “o governo tem total responsabilidade quanto à imunização da população”.

Para combater o negacionismo do governo que resulta na falta de ações de enfrentamento, inclusive a negligência na aquisição de vacinas, e que tem custado a vida de muitos brasileiros, a SBPC apresentou ao Congresso um documento propondo um conjunto de medidas para enfrentar a pandemia, entre elas, o lockdown total no país, como exigem os presidentes das centrais sindicais.

“É importante ter um plano nacional porque o Brasil tem infraestrutura para isso. No entanto, foi a política de descoordenação, de negacionismo e desmonte que favoreceu a morte e não a vida”, afirmou Ildeu Moreira.

No mesmo tom, Antônio Neto, presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB) criticou o atraso do Brasil na imunização e se referiu a tratamentos precoces como charlatanismo. “A vacina é uma das únicas formas de fazer com que tudo possa voltar ao normal e muitos países são exemplo disso”, ele disse.

Para Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), é grave o estado do país. “Sobra a prevalência do negacionismo, das doses de ‘cloroquina’, de Ivermectina e o Brasil caminha para seu estado terminal”, criticou o dirigente.

Emprego

Ainda para o presidente da CTB, o debate sobre reverter o quadro de desemprego no país está associado à discussão do afastamento de Bolsonaro.

“Temos 14 milhões de desempregados hoje. A Pnad [pesquisa feita pelo IBGE], diz que 79 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho. Não temos nenhuma perspectiva de geração de empregos. Portanto, não tem como querer geração de emprego e renda à luz da mediocridade mediana de Bolsonaro”, disse Araújo.

Ação das centrais

Desde o início da pandemia, as centrais sindicais lutam por soluções que protejam os trabalhadores. Exemplo mais claro é o auxílio emergencial que, por pressão das entidades, foi aprovado pelo Congresso em março do ano passado com valor de R$ 600 – o triplo do que pretendia Bolsonaro na época.

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), lembra que o esforço das centrais sensibilizou o Parlamento para virar o jogo, o que “salvou pessoas que já estavam à margem da miséria”. O dirigente lembrou ainda que o programa, como foi aprovado, influenciou também na redução da queda do PIB.

“[A queda do PIB] Teria sido de 9%, o dobro do que foi realmente, 4,9%. A pobreza hoje seria ainda maior do que é”, disse Patah.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, lembra que Bolsonaro foi obrigado a assinar a Lei que instituiu o auxílio, mas de lá para cá, “o governo não fez mais nada que pudesse enfrentar a pandemia. Negou a ciência, quaisquer medidas de enfrentamento e divulgou remédios sem eficácia”.

Por isso, ele disse, as centrais se mantiveram unidas na pauta que trata, em primeiro plano, da vida e dos trabalhadores mais vulneráveis. Em janeiro deste ano, as centrais elencaram as cinco prioridades na luta contra a Covid-19: vacina já!, auxílio emergencial, proteção ao emprego e renda, financiamento a micro e pequenas empresas e uma campanha nacional de solidariedade.

Sérgio Nobre afirmou que a proteção ao emprego é importante, mas a proteção às empresas também é necessária.

“Pequenos negócios estão morrendo. Essas pequenas empresas são responsáveis por metade dos empregos gerados no país e precisam de linha de crédito a fundo perdido. Elas não têm como devolver, todo mundo sabe disso, precisam ser salvas”, disse o presidente da CUT.

*No Portal CUT você pode ler a matéria completa.