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Defender o SUS é garantir o acesso dos brasileiros à saúde, alertam metalúrgicos de Taubaté

Em texto publicado no site da entidade, sindicato fala da importância do SUS

Publicado: 16 Novembro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
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Na última semana de outubro, o Brasil foi surpreendido com a publicação de um decreto no Diário Oficial da União, permitindo estudos para um modelo de privatização das unidades básicas do Sistema Único de Saúde (SUS).

Assinado pelo presidente da República e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o decreto teve uma repercussão extremamente negativa e acabou sendo revogado. Mas Jair Bolsonaro já afirmou que pretende reeditar o texto.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) vai acompanhar os desdobramentos desse assunto. O presidente da entidade Cláudio Batista, o Claudião, afirmou que essa luta deve contar com toda a população, pois “é mais uma ação do atual governo contra os brasileiros.”

Além do Sindmetau, especialistas que defendem o SUS prometem se mobilizar para lutar contra a privatização. Um deles é o médico ocupacional Nilton Teixeira, coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Nilton Teixeira, coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Para ele, o SUS é o maior e único sistema público de saúde do mundo e atende mais de 200 milhões de pessoas, sendo que a grande maioria delas depende exclusivamente desse atendimento.

Teixeira lembrou que o SUS abrange assistência à saúde, vigilância em saúde, fornecimento de medicamentos, desenvolvimento de pesquisas, vacinação gratuita, entre outras frentes.

Pacientes com câncer também são tratados gratuitamente e têm cobertura para realização de exames e tratamentos, como recebimento de medicamentos prescritos, incluindo os de alto custo e quimioterápicos.

Atualmente são mais de 44 mil unidades básicas no país e 36 mil equipes de saúde da família. “Os centros de saúde, as campanhas de vacinação, os mais de 300 mil agentes de saúde, os programas, profissionais como nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, cirurgiões dentistas, fazem do SUS um exemplo a ser seguido.”

Os programas da AIDS, de referência mundial, e de transplantes de órgãos, um dos maiores do mundo, também foram citados por Teixeira. “O SUS precisa de melhorias em termos de qualidade e quantidade, principalmente, com a redução de acesso ao sistema privado de saúde, devido ao aumento do desemprego.”

Para Teixeira, os profissionais do SUS precisam ser valorizados e receber melhores salários e os equipamentos públicos de saúde necessitam de mais recursos para atender a demanda. “O Brasil gasta com saúde pública 3% do PIB (Produto Interno Bruto), metade do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

SUS na linha de frente

Outro profissional que é contra a privatização do SUS é o médico Paulo Roitberg, que testemunhou a implantação do Sistema e atua na rede pública de saúde.

 “O decreto presidencial foi publicado em um momento muito inoportuno. A pandemia só não está pior aqui, porque temos o SUS, o sistema de saúde que salvou o Brasil de se tornar um Estados Unidos diante do novo coronavírus”, afirmou Roitberg.

Especializado em saúde pública, Roitberg foi secretário de saúde de São José dos Campos de 1995 a 1996, período em que acompanhou todo o processo de implantação do SUS no município.

Segundo Roitberg, muitos pensam que o SUS é apenas consulta e emissão de receitas. “O sistema vai muito além. A unidade básica é a porta de entrada para a imensa complexidade do trabalho realizado pelo SUS.”

Roitberg exemplificou que o SUS busca evitar que um paciente com problemas nos rins chegue a precisar de hemodiálise. “Além disso, o SUS é o responsável pela vigilância sanitária, que fiscaliza os alimentos. Aproximadamente 85% dos problemas de saúde são evitados com a atuação do SUS.”

O médico Alberto Bezerra, assessor em medicina do trabalho do Sindmetau, acredita que o SUS mereça investimentos e não uma privatização. “O mais prudente neste momento é investir no SUS e fazer com que os recursos cheguem nas unidades básicas, resultando no devido atendimento que o cidadão merece.”

Para Bezerra, sem o SUS a situação ficará ainda mais grave no país, “uma vez que o atual governo federal retira direitos dos trabalhadores, contribuindo para empregos precários, o que leva muitos a buscar o atendimento do sistema público.”

SUS

O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira. O surgimento do SUS começou nos anos 70 e 80, quando diversos grupos iniciaram o movimento sanitário. O objetivo era pensar um sistema público para solucionar os problemas encontrados no atendimento da população e defender o direito universal à saúde.

*matéria publicada no site do sindicato