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Fora da concordata nos Estados Unidos, Delphi muda de mãos

Publicado: 07 Outubro, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Oficialmente a Delphi está fora do Capítulo 11 da lei de falência dos Estados Unidos. Em comunicado a empresa anunciou na terça-feira, 6, a conclusão do Plano Modificado de Reorganização que culminou com a aquisição de quase todas suas operações mundiais por um grupo de investidores privados. O principal executivo da empresa, Rodney ONeal, será mantido o cargo.

O plano de reestruturação contou com credores, o agente administrativo - JPMorgan Chase Bank N.A. - , representantes fiduciários, a estatal estadunidense dos planos de benefício, o Pension Benefit Guaranty Corporation, alguns órgãos públicos estaduais e federais, além de diversas outras partes envolvidas.

ONeil afirma que o "o balanço financeiro da Delphi estará suficientemente capitalizado para investir em tecnologia e para absorver as reestruturações planejadas e os custos sociais delas resultantes à medida que consolida seu excesso de capacidade ao redor do mundo".

Para 2010 o executivo espera que os investimentos com engenharia e pesquisa e desenvolvimento representem cerca de 11% das vendas, permitindo manter o foco em tecnologia, produtos e serviços.

O portfólio de produtos continuará focado em eletrônicos e segurança, sistemas de gerenciamento de motores, sistemas térmicos, sistemas eletro e eletrônicos e os mercados de reposição autorizado e independente.

"Esperamos que a indústria e o ambiente competitivo continuem intensos, mas a reestruturação que acabamos de completar nos coloca claramente à frente da concorrência e esperamos aproveitar isso. Somos uma empresa mais ágil, veloz e dinâmica e estamos ansiosos para começar a próxima etapa de nossa jornada."

A Delphi afirma que a conclusão das transações na Rússia e África do Sul ainda está sujeita à aprovação regulamentar pendente.

Futuro diferente para diferentes mercados

Nos anos mais turbulentos do processo de reestruturação a Delphi redesenhou seus planos estratégicos mundiais e focou seus negócios em segmentos que considerava importante se desfazendo de outros. Nesse período também definiu três pilares que passaram a nortear todo o desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, sua oferta de produtos.

A definição da atuação da Delphi parte de três pontos-chave, conta Andrew Brown Jr., diretor executivo e chefe da área de tecnologia e inovação - segurança, meio ambiente e conectividade. São esses os fatores que influenciam diretamente qualquer desenvolvimento da empresa em qualquer parte do mundo.

Do item segurança, Brown destaca equipamentos cujo desenvolvimento envolve diretamente tecnologias ativas, até porque, segundo ele, freios ABS e cinto de segurança são equipamentos que já chegaram ao seu limite técnico.

Sobre meio ambiente a tecnologia da empresa está direcionada a investimentos em tecnologias que se relacionem com a eficiência energética e emissão de combustível. Nesse contexto o executivo destaca o papel do centro de desenvolvimento da Delphi no Brasil com os sistemas MultiFlex para veículos e motos.

A conectividade é o terceiro ponto de apoio da empresa, no qual estão incluídas tecnologias de comunicação tanto do veículo com o motorista quanto com outros veículos e com a própria infraestrutura das cidades. "montando uma rede de contatos que poderão alterar o fluxo do trânsito nos centros urbanos". Num futuro próximo o veículo poderá contatar um médico caso receba sinais de que o motorista está a ponto de ter um enfarte.

Nos Estados Unidos e Europa, muitos destes itens já começam a chegar ao mercado, a exemplo de sensores que identificam a capacidade de condução do motorista. Apesar do relativo atraso tecnológico em que os países emergentes se encontram, Bronw acredita que Brasil, China, Índia e Rússia têm grande potencial de desenvolvimento paralelo de outras tecnologias que atendam às suas peculiares e necessidades:

"O uso da tecnologia depende de diversos fatores, dentre eles o custo de produção que está relacionado ao volume, à regulamentação do uso desses equipamentos e principalmente à capacidade financeira e disponibilidade do consumidor de adquiri-los. É a maturidade de cada mercado que ditará as datas para esses equipamentos serem aplicados."

Ainda que o Brasil tenha seus limites de aplicação para vários equipamentos, em muito por conta da disponibilidade do consumidor, Brown considera o País um gerador de inovação, principalmente no aspecto de meio ambiente: "A China é um mercado para o qual o Brasil poderia exportar sua tecnologia flex fuel porque lá há problemas quanto à oferta de combustível alternativos".

Parcerias - A Delphi mantém outra grande aposta do futuro do desenvolvimento tecnológico mundial, o chamado open innovation: "Daqui para frente os investimentos em inovação terão de ser muito altos para que apenas uma empresa custeie, por isso será necessário unir os investimentos e o conhecimento." Esse processo é semelhante ao usado no Brasil para o desenvolvimento do ônibus movido a hidrogênio que uniu empresas de diversos setores - fabricante de hidrogênio, da carroçaria, empresa do transporte público e outras.

Fonte: Autodata