Genebra vota por um salário mínimo digno

Em nível nacional, os sindicatos suíços e seus aliados políticos convenceram os eleitores a resistir às tentativas da direita de dividir os trabalhadores além das fronteiras.

Em uma votação de 27 de setembro, mais de 58% dos eleitores de Genebra disseram 'SIM' à iniciativa "  23 francos , c'est un mínimo" (23 francos é o mínimo). Ao mesmo tempo, 69 por cento a nível nacional disseram 'NÃO' à iniciativa da direita para limitar a entrada de trabalhadores dos Estados membros da União Europeia, uma tentativa de culpar a força de trabalho estrangeira pela piora das condições.

Por meio do sistema de democracia direta, a população suíça pode convocar um referendo para alterar ou introduzir uma lei. Os sindicatos suíços e os partidos de esquerda  usaram este mecanismo para lançar uma iniciativa sobre o salário mínimo vital no cantão de Genebra.

A associação dos sindicatos de Genebra,  Communauté genevoise d'action syndicale , que inclui os afiliados do IndustriALL UNIA e SYNA, afirma em sua declaração que com seu voto “Genebra acaba de dar um sinal muito claro aos empregadores e a todos aqueles que tentam colocar os trabalhadores contra uns aos outros: contra a precariedade e os abusos por parte dos empregadores, é o salário que deve ser protegido e não as fronteiras ”.

De acordo com a  Travailler en Suisse , que fornece estatísticas sobre as condições de trabalho na Suíça, o salário bruto mensal suíço em todos os setores em 2016 foi em média CHF 6.502 (US $ 7.083). Nos cargos mais qualificados, o salário médio bruto mensal variou de CHF 4.825 CHF (US $ 5.256) no setor de alimentação a CHF 12.302 (US $ 13.400) no setor bancário e financeiro.

A maioria dos trabalhadores já recebia pelo menos CHF 4.313 (US $ 4.698) por mês, geralmente por meio de acordos coletivos sindicais existentes. No entanto, na ausência de acordos sindicais, os 10 por cento dos trabalhadores com salários mais baixos foram perdidos e não receberam este mínimo durante uma jornada de trabalho completa.

A pandemia Covid-19 expôs sua situação precária. A população suíça, acostumada a padrões de vida decentes, ficou chocada com a pobreza dos trabalhadores pobres que  faziam fila para receber alimentos em centros de distribuição de alimentos especialmente organizados  enquanto as restrições da Covid-19 estavam em andamento.

A campanha lançada pelos sindicatos e seus aliados progressistas ajudou a aumentar ainda mais a consciência pública e, ao contrário de 2011 e 2014, finalmente ganhou a campanha pelo salário mínimo vital. Ao contrário  de outros países , onde o salário mínimo muitas vezes não é suficiente para viver, o salário mínimo de Genebra é um salário mínimo e  o mais alto do mundo .

A iniciativa de estabelecer um salário mínimo legal em Genebra é uma vitória histórica, da qual 30.000 funcionários serão beneficiados diretamente, dois terços deles mulheres. Genebra é o terceiro cantão da Suíça a introduzir um salário mínimo depois de Neuchâtel e Jura. O Ticino virá em breve.

*matéria publicada no site da Industriall