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Governo sabia que Peugeot Citroën iria demitir, diz ministro

Publicado: 03 Abril, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A decisão da Peugeot Citroën de dispensar 250 operários antes em regime de contratação temporária foi comunicada antecipadamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu, ao Valor, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Ele assegura que a decisão da empresa não contraria os compromissos de manutenção de empregos assumidos pelas montadoras em contrapartida pela redução do IPI sobre automóveis.

"O presidente do sindicato me ligou, preocupado, porque já estavam noticiando que a empresa quebrou o acordo", comentou o ministro. "A empresa seguiu um ritual, que estava negociado conosco", confirma o presidente do Sindicato de Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares.

Segundo Soares, a Peugeot Citroën negociou a contratação de quase 700 funcionários, em 2007, para criar um terceiro turno de produção na fábrica da empresa, em Porto Real. Com a crise e a acumulação de quase 50 mil automóveis nos estoques, negociou licenças remuneradas para esse pessoal. No começo do ano, convocou parte desses funcionários, cerca de 450, para atender à retomada da demanda.

"No início de dezembro, os contratos foram prorrogados por mais quatro meses, e, agora, conseguimos, ainda, manter 450 trabalhadores empregados, nas duas linhas de produção existentes", diz Soares. O acordo e a previsão de demissões na empresa no segundo trimestre haviam sido comunicadas a Miguel Jorge, que afirma ter repassado a informação a Lula antes da viagem do presidente à Europa, na semana passada. Sem saber dessa movimentação, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, chegou a criticar, nesta semana, a decisão da Peugeot.

Preocupado com a interpretação de que a não-renovação dos contratos temporários seria uma ruptura do acordo, Miguel Jorge telefonou a Bernardo e ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, antes que novas declarações gerassem novas acusações à empresa.

"Quando soube do acordo, liguei ao sindicato para conferir", contou Miguel Jorge. O que foi anunciado como demissões na Peugeot, é, para o ministro, um "acordo de manutenção de empregos". Os dispensados receberam garantia de plano de saúde e tíquete-refeição por mais três meses, segundo Soares, que defende entusiasticamente a redução do IPI para os automóveis. "Foi a coisa mais certa; sem essa redução o setor estaria todo em um caos", comenta.

Fonte: Valor