Governo vai acabar de vez com a aposentadoria do povo, denúncia Metalúrgicos do ABC
Mentiram que retirar direitos geraria empregos. Com mais falsas alegações, os governos Temer e Bolsonaro também atacaram o direito à aposentadoria depois de uma vida de trabalho, destaca a campanha do sindicato “Até quando vamos aguentar?”
Publicado: 03 Setembro, 2020 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Crédito: Adonis Guerra |
Arquivo SMABC |
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Ao reunir interesses dos bancos, empresários e governo, o resultado é fazer o povo trabalhar sem nenhuma perspectiva de se aposentar
Mentiram que retirar direitos geraria empregos. Com mais falsas alegações, os governos Temer e Bolsonaro também atacaram o direito à aposentadoria depois de uma vida de trabalho.
O terceiro texto da série “Até quando vamos aguentar?”, que aborda os principais pontos de retirada de direitos desde o golpe, hoje trata da reforma da Previdência.
As discussões para preparar o terreno para aprovação da reforma que tirou o direito do trabalhador se aposentar começaram ainda no governo Temer. Em outubro de 2019, já no governo Bolsonaro, ela foi aprovada no Congresso, amplamente apoiada por sistema financeiro, banqueiros e empresários.
Durante todo o processo os trabalhadores fizeram intensas campanhas contra a reforma com argumentos consistentes.
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira, destacou que o tempo todo denunciamos as medidas tomadas pelos governos Temer e Bolsonaro.
“Entendemos que as reformas só precarizam as condições humana e de vida das pessoas. Em nenhum momento essas medidas apontavam melhorias. Pelo contrário, não trazem nenhum benefício à sociedade e impossibilitam os trabalhadores de alcançarem o tão sonhado dia da aposentadoria”, afirmou.
Previdência não está quebrada
O primeiro argumento é a mentira de que a Previdência estava quebrada. Os recursos da Previdência foram utilizados para outros fins. Além disso, o governo utilizava a maior parte do orçamento para pagamento de juros da dívida. Eles só queriam economizar nas costas dos trabalhadores e dos mais pobres.
O segundo é que ela foi feita com a intenção de agradar aos bancos, ao sistema financeiro e aos empresários.
O terceiro e mais importante é como ela prejudica o trabalhador e inviabiliza o sonho da aposentadoria.
Crédito: Adonis Guerra |
Claudionor Vieira |
Claudionor Vieira |
Quem aguenta até 65 anos na produção?
Muitos trabalhadores serão demitidos antes de atingir os 40 anos de contribuição porque certamente não terão mais saúde para realização das tarefas e serão substituídos por mão de obra nova e mais barata. Não há nenhuma medida da equipe econômica que aponte para uma melhoria da arrecadação previdenciária.
Como citamos na edição de ontem, o Brasil está caminhando para ser um país da precarização do trabalho, da informalidade e da uberização, sem proposta para o desenvolvimento da indústria e outros setores que buscam o crescimento da economia e da geração de empregos.
Com este cenário a arrecadação da Previdência só vai ladeira abaixo. Com salários menores, há menos contribuição e muitos dos que são informais não contribuem. Por outro lado, a falta de investimentos no Brasil não gera empregos de qualidade com salários mais altos.
Ainda querem privatizar
Soma-se a tudo isso o incentivo do governo e dos bancos para que as pessoas façam previdência privada. Além disso, a proposta de capitalização da Previdência está parada por conta da pandemia, mas deve voltar à discussão assim que a equipe econômica achar uma brecha.
Para a elite que ocupa o poder, parece muito simples que o cidadão que ganha pouco mais de um salário mínimo e paga aluguel, água, gás, luz, telefone, comida, vestuário, remédio, e tantas outras coisas, ainda reserve um valor considerável para que possa desfrutar de uma aposentadoria digna no final da vida. Só que o dinheiro do trabalhador é para pagar as contas do mês, não para ser investido.
Bolsonaro e Guedes preferem cobrar dos mais pobres do que cobrar dos grandes devedores da Previdência. Só em sonegação dos patrões ao INSS foram R$ 450 bilhões, mais do que o dobro do suposto rombo em 2018.
O vice-presidente do Sindicato reforçou que este governo não fará nenhuma medida no sentido de alavancar o número de empregos de qualidade com carteira assinada nem para que os trabalhadores possam voltar a sonhar em se aposentar um dia.
“O aumento do desemprego, puxado em parte por essas medidas, a perda de direitos e toda a ofensiva no sentido de precarizar as condições de trabalho já são mais que suficientes para que a classe trabalhadora tenha uma tomada de consciência e possa reagir a tudo isso”, ressaltou Claudionor.
“O mais importante deste momento é a gente se perguntar até quando as pessoas vão aguentar, até quando vamos esperar para reagir? É só com os trabalhadores reagindo e lutando, levantando a cabeça e dizendo ‘não’ para tudo isso é que vamos conseguir mudar essa triste realidade”, concluiu.
Maldades da reforma da Previdência
Idade mínima e tempo de contribuição
Impõe a idade mínima da aposentadoria de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres).
Acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição, que não exigia idade mínima. Prejudica quem começou a trabalhar mais cedo.
Eleva o período mínimo de contribuição de 15 anos para 20 anos (homens). Para mulheres, são ao menos 15 anos de contribuição.
Reduz o valor do benefício
A reforma altera o cálculo para provocar queda drástica no valor do benefício.
Antes eram utilizados os 80% maiores salários e desprezados os 20% menores. Com a reforma, a conta passa a incluir 100% dos salários de contribuição desde 1994.
Para chegar a 100% do benefício, será preciso 40 anos de tempo de contribuição, já que o valor parte de 60% mais 2% a cada ano de contribuição.
Aposentadoria especial
Antes não tinha idade mínima para se aposentar. O trabalhador com 15, 20 ou 25 anos de exposição teria direito ao benefício integral independentemente da idade.
Na categoria metalúrgica a maioria se aposentava com 25 anos de contribuição (exposição a agentes nocivos). Agora tem idade mínima, no caso, 60 anos.
O cálculo entra na regra geral. O valor inicia em 60% da média de todas as contribuições. Com 25 anos de contribuição, o valor chega a 70%.
Pode ficar ainda pior
A capitalização da Previdência ficou de fora na reforma da Previdência, mas deve voltar à pauta.
A ideia desse governo é usar o modelo chileno, como se fosse uma poupança só do trabalhador.
O pior é que, como uma poupança, o dinheiro acaba. Se você não morrer antes, fica na miséria.
No Chile, o desespero dos idosos é tamanho que houve aumento de casos de suicídio. Pesquise na internet ‘suicídio de idosos no Chile’.
*matéria publicada no site do sindicato.