MENU

Guarda da VM Mannesmann assassina extrativista

Publicado: 06 Março, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Antonio Joaquim dos Santos, lavrador e extrativista, 32 anos, casado, pai de quatro filhos foi assassinado covardemente por um guarda armado da VM - Vallourec Mannesmann - empresa que vem plantando milhares de hectares de monocultura do eucalipto no Norte de Minas Gerais.

Este assassinato é um desdobramento de um violento processo de expropriação das populações tradicionais do Norte de Minas em virtude da expansão da monocultura do eucalipto na região.

Segundo informações obtidas na comunidade, o assassinato aconteceu no dia 26 de fevereiro de 2007 às 21 horas, quando Joaquim junto com sua filha, Eudisleia dos Santos, de 16 anos retornava para casa após coletar lenha para ser utilizada em sua residência. Dois guardas armados contratados pela VM, conhecidos como Claudinei e Joãozinho de Carmina, após prenderem o Antonio Joaquim, o amarraram, e após baterem nele dispararam 2 tiros na boca em frente de sua filha.

Este fato aconteceu em uma das plantações de monocultura do eucalipto certificada pelo FSC - Conselho de Manejo Florestal - que teoricamente garante um manejo ecológico e responsabilidade social. Há muitos anos a Rede Alerta contra o Deserto Verde, uma rede que luta contra a expansão indiscriminada das monoculturas do eucalipto no Brasil denunciando a VM em virtude do impacto ambiental, social e econômico de suas plantações. No ano passado a comunidade de Canabrava fez uma denúncia internacional relatando o seu sofrimento e a falta de alternativas, entre estas o desmatamento dos cerrados provocado pela empresa deixando a comunidade sem acesso à lenha e às frutas nativas além do secamento do rio Canabrava. A resposta da VM foi a de aumentar a pressão sobre a comunidade que vivia desde então aterrorizada com as ameaças da milícia que pressionava inclusive quando as crianças, de volta da escola, traziam pequenos feixes de lenha na garupeira de suas bicicletas.

Segundo informantes da comunidade o Antonio Joaquim foi retirado pelos guardas da VM da propriedade de seu irmão onde tinha o costume de coletar lenha. Prenderam Antonio e sua filha e os arrastaram para dentro da área da VM, agredindo-os, ameaçando de morte Eudisleia. Alguns moradores que presenciaram o fato solicitaram que os soltassem. Sem atender o pedido, eles
os levaram presos até que o amarraram em uma árvore e dispararam dois tiros em sua boca na presença da filha.

Esta não é a primeira vez que membros da comunidade de Canabrava são ameaçados pela milícia armada da VM. Existem diversos relatos e denuncias de apreensão de carroças, de ferramentas de trabalho dos agricultores, e de violência verbal e física contra os moradores. Na comunidade está instalado um clima de terror, com os moradores perdendo o direito de ir e vir em virtude das constantes ameaças. A Rede Alerta contra o Deserto Verde acionou autoridades agrárias e dos direitos humanos para uma intervenção imediata e enérgica contra os desmandos da VM, a saber: a Coordenadoria de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Conflitos Agrários do Ministério Público de Minas Gerais através do Dr. Afonso Henriques de Miranda Teixeira, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa deputado Durval Ângelo, a Ouvidoria Agrária Nacional através do Desembargador Gercino José da Silva Filho, o Promotor da Bacia do São Francisco, Dr. Paulo César, o ITER através do Dr. Luiz Chaves. Denuncias vão ser encaminhadas ao FSC Brasil e FSC Internacional para uma cassação imediata do Selo Verde que foi outorgado à VM mesmo sabedores dos impactos ambientais e das condições desumanas que esta empresa vem tratando a comunidade.

REDE ALERTA CONTRA O DESERTO VERDE
 
CAA NM - CPT - FÓRUM REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO NORTE DE
MINAS - MST - ASA MINAS GERAIS