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Memorial homenageia operários mortos durante a ditadura

Publicado: 06 Abril, 2010 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, participou na segunda-feira (5), em Diadema, da inauguração do memorial "Pessoas Imprescindíveis" em homenagem a quatro operários mortos durante a ditadura militar: os irmãos Devanir José de Carvalho, Joel José de Carvalho e Daniel José de Carvalho, além de Aderval Alves Coqueiro. O memorial fica na subsede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em Diadema (rua Encarnação, 290, Piraporinha).

O memorial é uma iniciativa conjunta da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Fundação Luterana de Diaconia e a Agência Livre para Informação e integra o projeto Direito à Verdade e à Memória, conduzido pelo Governo Federal desde 2006 com o objetivo de recuperar e divulgar o que aconteceu durante a ditadura militar no Brasil - 1964/1985 -, período marcado pela violência e violações de direitos humanos.

Para o ministro Vannuchi, os memoriais contam à sociedade brasileira histórias de pessoas que deram suas vidas em favor de um regime democrático e livre, em um momento em que no Brasil prevalecia a tortura e execuções. Dezesseis memoriais já foram inaugurados, em oito cidades brasileiras, e se consolidam como sinais permanentes da história na vida do brasileiro, informando sobre o passado e despertando a consciência crítica da população.

O projeto Direito à Verdade e à Memória, conduzido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, está estruturado em três eixos: a instalação dos memoriais "Pessoas Imprescindíveis", publicações sobre o tema Direito à Memória e à Verdade - que já reúnem quatro títulos -, e a exposição "A Ditadura Militar no Brasil: 1964-1985", que já esteve em mais de 50 cidades brasileiras, sendo vista por um público superior a 2,5 milhões de pessoas. Atualmente, a exposição pode ser vista na sub-sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Diadema.

Os homenageados:

Devanir José de Carvalho (1943-1971)
Operário metalúrgico no ABC paulista, Devanir José de Carvalho, conhecido pelo codinome Henrique. Militou em diversas organizações e, em 69, vai para o Movimento Revolucionário Tiradentes. Foi preso em abril de 71, em São Paulo, e vai para o Deops. Morre depois de dois dias de tortura.

Joel José de Carvalho (1948-1971)
Gráfico em SP, Joel José de Carvalho seguiu os passos do irmão Devanir na luta contra a ditadura. Preso, torturado e exilado, desapareceu em 1974, quando vivia clandestino no Brasil. A única informação oficial sobre Joel aparece em um relatório do Ministério do Exército, em 1993, afirma que "em 1974, fez parte de um grupo de refugiados brasileiros que entraram clandestinamente no país". Depois disso, seu rastro e seu corpo desapareceram.

Daniel José de Carvalho (1945-1974)
Motorista e torneiro mecânico das indústrias de São Bernardo e Diadema, Daniel José de Carvalho era membro de uma família de operários de esquerda. Assim como Joel, foi do PCB, PCdoB, Ala Vermelha e MRT. Exilado no Chile e na Argentina, aderiu à VPR. Ao voltar clandestinamente para o Brasil, foi preso na fronteira e é um dos 356 desaparecidos políticos do País.

Aderval Alves Coqueiro (1937-1971)
Metalúrgico, foi preso em maio de 69. Fez parte dos presos políticos trocados pelo embaixador alemão Von Holleben. Foi para a Argélia e Cuba e regressou ao Brasil já integrado ao MRT. Preso em São Paulo em 1969, passou pela 2° Cia de Polícia do Exército, o DOPs paulista e o presídio Tiradentes. Morreu no Rio de Janeiro, em 1971.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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