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Metalúrgica sorocabana relembra luta contra o câncer de mama

Durante o mês de outubro, a sociedade é convidada a refletir sobre a importância do diagnóstico precoce para o câncer de mama, por meio da campanha ‘Outubro Rosa’

Publicado: 21 Outubro, 2020 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
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Neide Alexandra Lopes fazia um autoexame periódico quando percebeu que algo estava errado. Sentiu pequenos caroços no seio e decidiu buscar ajuda médica. Como sempre se atentou aos cuidados com o próprio corpo, procurou um ginecologista e fez exames como mamografia e ultrassom. O resultado: um “Carcinoma in situ”, um tipo de câncer de mama que começa no ducto de leite e não cresce no restante do tecido mamário.

Ela lembra do susto ao descobrir que entrou para uma estatística que, só em 2019, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), projeta-se ter atingido quase 60 mil mulheres no Brasil. “Quando descobri a doença, eu fiquei uma ‘pilha de nervos’. Parei os meus planos de comprar um carro, pois na minha cabeça eu não estaria mais aqui para desfrutar, para quem comprar?”, recorda.

Nas palavras da metalúrgica de 45 anos, trabalhadora da Flextronics, sua sorte foi “ter descoberto a doença logo no estágio inicial”. Entre exames, biopsias, oncologistas e consultas, passaram-se apenas quatro meses até a cirurgia para retirar o nódulo. Segundo ela, eram menores do que um grão de arroz, mas havia um em específico que preocupava os médicos.

Um ato simples poupou Neide e sua família de um sofrimento muito maior. No entanto, ela sentiu os impactos da doença. Além de ter que tomar medicações para prevenção durante os próximos cinco anos, Neide foi submetida à radioterapia. O sono excessivo e ardência constante nas mamas, foram mais uma das lutas que a trabalhadora precisou travar.

Hoje, recuperada e saudável, ela pondera que existem mulheres que possuem “tabus” sobre o assunto, fazendo referência ao fato de que, ainda nos dias de atuais, existe certa vergonha relacionada ao ato de tocar o próprio corpo e, até mesmo, conversar sobre o câncer de mama.

Para além do tabu, mulheres já se depararam com censura nas formas de falar a respeito da doença. Percebendo que algumas redes sociais deletavam imagens usando seios femininos para mostrar como fazer o autoexame, a organização ‘Movimiento Ayuda Cáncer de Mama’, da Argentina, propôs um vídeo inusitado. Utilizando de mamas masculinas, os atores demonstram como tocar o corpo devidamente para identificar anomalias. Essa censura e tabu, são denunciados por Neide que acredita, firmemente, que o auto toque “pode salvar vidas”. Como aconteceu com ela.

Crédito: Divulgação
Metalúrgica Sorocabana Metalúrgica Sorocabana
Metalúrgica Sorocabana 

Conscientização dentro das empresas tem suma importância

Neide não é a primeira e nem a última metalúrgica que poderá se deparar com o câncer de mama. Por conta disso, a importância da conscientização dentro do espaço de trabalho é enorme, já que as trabalhadoras passam até 44 horas por semana exercendo suas funções laborais. Ter campanhas incentivando o autoexame, panfletos informativos e outras ações podem trazer benefícios.

Na visão da psicóloga clínica especializada em Breve Psicologia Psicanalítica, Simone Silveira Moraes, as empresas devem falar sobre o assunto de forma humanizada. “Acredito que trazer depoimentos de mulheres que receberam o diagnóstico de câncer e ouvir os familiares destas mulheres, poderia ser um caminho”, comenta Simone. Ela completa dizendo que “nossa capacidade de identificação com o outro, nos permite assimilar as experiências para além de informações técnicas”.

A saúde mental é um dos aspectos que podem ser afetados pelo diagnóstico do câncer de mamas. A metalúrgica Neide Alexandra comenta que passou a ter episódios depressivos, seguidos de um medo estrondoso de que algo de ruim poderia acontecer com ela.

“Para prevenir, é muito importante que a mulher receba acompanhamento psicológico a partir do diagnóstico. Não só a mulher, mas familiares próximos também devem receber esse suporte psicológico, por conta da vulnerabilidade emocional que acomete à todos”, explica a psicóloga.

Projeções

O cenário para o câncer de mama no Brasil, entretanto, ainda é desanimador. O INCA possui um estudo que realiza projeções para a doença e, entre 2020 e 2022, o Instituto prevê que sejam diagnosticados, no país, mais de 65 mil novos casos. São 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

Vislumbrando este futuro, especialistas e pacientes salientam a importância da prevenção. Seja para descobrir qualquer problema precocemente ou simplesmente para tirar a dúvidas quando sentir que algo não está correto com seu corpo. “Após o susto, tenho incentivado minha filha e outros familiares a fazerem o autoexame e exames periódicos”, finaliza Neide.

Quer saber mais sobre o câncer de mama no Brasil? Clique aqui para acessar ao estudo do Instituto Nacional do Câncer.

*matéria publicada no site do Smetal